quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Hora da Faxina - Tudo por um Microfone



Tudo Por Um Microfone

   Outubro. Naquele fim-de-semana os sinos da torre da igreja de Harmonia dos anos sessenta ecoaram festivos pelo vale, anunciando a grande festa que ocorreria naquele domingo. Era a festa da igreja.
   Mas todos os preparativos já iniciavam bem antes para a logística do dia ser perfeita. Eu era criança e adorava acompanhar todo aquele movimento frenético entre tantos que se empenhavam para a realização da festa. Meu pai era o sonoplasta. Mas também responsável por fazer toda a instalação de cornetas  pelo galpão que ficava entre a igreja velha e a nova, na igreja velha e também na torre da igreja nova, para a música e os anúncios ecoarem triunfantes pelo vale, atraindo toda a população à festa.
   Meus irmãos e eu, no frênesi de acompanhar tudo de perto, ajudávamos o pai a puxar os cabos, instalar as cornetas, montar o equipamento, testar tudo para no dia ter sonoridade e vida naquela festa. Depois de tudo montado, nos apinhávamos na frente do microfone de cápsula a cristal, para passar o som. Cada um queria ao menos falar alguma coisa nele para o pai ouvir e dosar melhor os graves e agudos daquele velho amplificador RCA dos anos cinquenta, à válvulas, de sessenta watts que animava toda a festa.
   No sábado de tardezinha, véspera do grande dia, chegavam as barras de gelo para serem colocadas em cima da serragem e cobertas pela serragem também, para no domingo de manhã cedo quebrarem aquelas barras enormes sobre as garrafas de cerveja e refrigerante. E tudo era novamente coberto de serragem para o gelo se manter. 
   Domingo cedo esta atividade acontecia. O pai e nós, os irmãos, é claro, já estávamos circulando pelo ambiente enquanto a missa festiva corria na igreja. E a gente pegava pedacinhos de gelo para chupar com gosto de serragem, já que em casa não tinha geladeira e isto era novidade. Este gosto foi tão marcante que consigo sentir até hoje.
   A festa começava na saída dos participantes da missa. E o galpão, de um lugar com meia dúzia de pessoas logo ficava apinhado de gente falando alto, vindo para almoçar. A churrasqueira montada fora do galpão tinha uns dez metros de comprimento, com os churrasqueiros correndo no meio da fumaça virando aquele monte de espetos de taquara para deixar a carne no ponto
   O pai, no palco no meio do galpão, tocando discos de 78 rotações fazia a festa andar. Alguns anúncios de vez em quando também eram feitos na voz dele. E claro, nós os filhos, ao redor dele, escolhendo as músicas, limpando os discos, pegando bilhetes de mensagens, acessorando.
   O almoço acontecia, com dezenas de mesas enormes apinhadas de gente comendo, bebendo, falando e rindo alto. Era churrasco com salada de alface, cebola e tomate e cacetinhos cortados ao meio. Delícia. 
   Antes de irmos para a festa, o pai dava a cada um de nós dois cruzeiros, o que dava duas pepsi ou duas grapete. Ou um sorvete da sorveteria da rodoviária. E nós saíamos da festa para ir no meio da vila comprar um sorvete com duas bolas, uma de morango e a outra de creme, feitas pelo Carlos Hilgert. Afinal, sorvete não existia e o Carlos fazia um sorvete divino. A grapete que esperasse.
   De volta, a festa corria animada, com meninas mandando 'prender' rapazes na cadeia improvisada com taquaras, onde eles tinham que comprar a liberdade, ou rapazes mandando prender meninas, onde eles mesmo compravam de volta a liberdade delas para serem notados. E tinha aqueles coitados e coitadas que não  tinham a mesma sorte e as vezes ficavam presos a tarde inteira por falta de pagar a liberdade ou ter alguém que pagasse.
   Nas mesas, animação, histórias etílicas recontadas com detalhes do passado, pessoas rindo alto, crianças penduradas nos seios da mãe mamando, namorados beijando as mãos do outro já que em público avançar mais era pecaminoso, e a brincadeira estranha entre os adultos: Fazer caber todo o conteúdo de uma garrafa de cerveja dentro do bico de uma mamadeira. E disputavam isso com uma vontade doentia. Quando não dava certo e o bico escapava do gargalo, era um banho de cerveja. Mas quando dava certo, era motivo de muita comemoração.
   Uma certa altura, depois do almoço, o pai botou a tocar a música "Itsy bitsy teenie weenie", aquela que teve a versão para o português com o nome de Biquini de bolinha Amarelinha. Em rápidos passos chegou perto do palco o padre vigário Oscar Mallmann e disse para tirar esta música da festa dele porque era imoral. O pai prontamente aceitou, obedecendo, e entregando o disco ao padre, o qual pegou uma tampa de garrafa e riscou aquele lado do disco de forma que era impossível novamente tocar aquela música. Era imoral só porque falava em biquíni.
   Havia também a rifa da festa que angariava bons fundos e era formada por cinco prêmios. Pois, naquela festa eu pedi para o pai deixar eu ler os números do resultado da rifa. Então ele me disse que no bloquinho de rifas dele ainda faltavam vender 6 números de dez. Se eu conseguisse vendê-los até a hora de girar a roda do sorteio, ele me deixaria ler os números no microfone. Eu tinha sete anos de idade.
   Saí caminhando no meio do povo oferecendo aqueles números, mas vi que a missão era praticamente impossível porque a maioria das pessoas ali presentes já havia adquirido um ou mais números. Mas eu precisava vender, eu tinha ganho a chance e queria falar naquele microfone para todo aquele povo presente. E quanto mais 'nãos' recebia, mais minha carinha de tristeza se manifestava, até que uma lágrima rolou do cantinho dos olhos. E foi com esta carinha que ofereci para um casal, onde o homem na hora disse que já tinha comprado, ao que sua esposa disse para ele comprar ao menos um número para ajudar. O homem me fitou e perguntou:
   - Quantos números você ainda tem para vender?
   - Seis! - Respondi desolado. - Eu preciso vender todos estes números!
   O homem então mandou eu sentar do lado dele, a mulher alisou meus cabelos, então eu já um pouco mais acalmado, repeti que precisava vender aqueles números. O homem, curioso pela minha insistência, perguntou:
   - Mas por que precisas vender estes números? Se não vender não tem problema!
   Então eu disse chorando:
   - Preciso vender estes números para meu pai me deixar anunciar o resultado do sorteio no microfone.
   A esposa do homem abriu sua bolsa e na hora comprou os seis números de pena de mim e disse para eu caprichar já que eu queria tanto fazer isso. Dei os bilhetes para ela, peguei o dinheiro e saí correndo no meio da multidão até o palco para mostrar meu feito para o pai. Ele sorrindo disse que conforme me prometera eu iria anunciar a rifa daquela festa.
   Chegou o momento do sorteio. O sorteador era uma roda enorme com um monte de números, não me lembro mais se ia até 99, separados por pregos. O sorteio aconteceu. Trouxeram os números, o pai me deu, perguntou se conseguia ler a letra, eu disse que sim, tremendo de alto a baixo. Para alcançar o microfone ele teve que colocar emborcada uma caixa de cerveja, na época, de madeira. Eu subi nela e ouvi minha voz de criança anunciando os cinco números sorteados, onde um dos prêmios foi para aquela mulher que comprou a chance de eu falar a primeira vez num microfone para um monte de pessoas.
   Quando havia terminado de ler os números, desci da caixa de cerveja, o pai orgulhoso, emocionado comigo, me abraçou longamente e disse:
   - Sobe aí, anuncia de novo! Alguém pode não ter ouvido.

sábado, 25 de outubro de 2014

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: Histórias de Barbeiros


 HISTÓRIAS DE BARBEIROS

   A profissão de barbeiro é uma das mais antigas da terra. Já existiam barbeiros dois mil anos antes de Cristo e esta profissão hoje em dia ainda está na moda.
   Mesmo que muitos lugares de barbeiros tenham sido substituído pelas cabeleireiras, ainda existem os conservadores que preferem fazer seu tratamento com os barbeiros ao invés de fazer com as mulheres.
   Existiram barbeiros de todos os jeitos e tipos, entre bons e ruins e muitos enriqueceram com esta profissão.
   Quando eu era pequeno, na tardinha de sábado, a barbearia de Harmonia sempre estava lotada de homens que vinham ali fazer um tratamento facial. A gente observava isso com gosto porque via o jeito e a qualidade do barbeiro no lidar de suas ferramentas.
   Trabalho terminado, o toque final com a loção pós-barba "Acqua Welva" para perfumar o rosto e alisar a pele, um perfume de higiene que levantava naquela barbearia, denunciando que mais uma barba havia sido terminada.
   Não sei se vocês se lembram, mas antigamente o cabelo da gente era cortado em casa. Era a nossa mãe que os cortava com uma máquina zero e só deixava um penacho de franja para ter onde puxar quando a gente não se comportava. Eu levei alguns puxões nesta franja.
   Estes eram os tempos onde tudo era difícil e qualquer maneira que existisse de não se gastar se aplicava no dia-a-dia para o orçamento fechar no fim do mês. Os rapazes mais velhos, que já ganhavam seu próprio dinheiro com seu tabalho, iam então à barbearia.
   Me lembro bem do primeiro dia em que fui à barbearia para cortar o cabelo. Meu irmão mais novo, quando sentou na cadeira para cortar o cabelo, começou a chorar e não deixou cortar. Então não precisava mais deixar franjinha, e a gente podia deixar o cabelo um pouco mais comprido do que a máquina zero.
   Mas sobre barbeiros, aconteceu uma vez em Montenegro, há muitos anos, lá vivia um barbeiro que era uma pessoa muito boa, mas um péssimo barbeiro. Ele era conhecido por todos os cantos da região como "açougueiro" porque ele tirava bifes enormes do rosto de seus clientes com a navalha.
   Seus clientes eram somente do interior porque na cidade ninguém mais procurava seus serviços.
   Certo dia, chegou um cliente lá, que só tinha uma orelha. Este cliente pediu para cortar o cabelo e fazer a barba.
   No primeiro corte, o barbeiro já deixou um talho na orelha restante do cliente. Mais um corte e lá se foi um talho em sua bochecha. Mais um corte, e o nariz do cliente começou a sangrar no canto por causa de outro talho. Então, alguns cortes no cabelo, e a nuca do cliente saiu toda lanhada.
   Quando o serviço havia terminado, o barbeiro pegou o espelho para mostrar seu trabalho para o cliente.
   Num supetão, o barbeiro notou que faltava uma orelha no cliente. Então perguntou:
   - Você não me é completamente estranho! Já estiveste em ocasião aqui em minha barbearia?
   - Não! - Respondeu o cliente. - A outra orelha, a que falta, perdi num acidente.
   

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A Hora da Faxina - Música




   Música 

   Música. Melodias, canções e harmonia. Quem não gosta de música? Acho que não existe alguém na face da Terra que não goste ao menos de algum tipo de música. Porque então também não vai gostar do canto dos pássaros que também são melodias. A música é sinônimo de vibração em sincronia com algum sentimento. Sempre tem um sentimento envolvido, seja alegre, triste, romântico, saudoso, heroico esperançoso ou doce, inocente.
   Todos nós durante nossa vida criamos alguma melodia nova. Mas, a maioria delas não passam daquela sessão debaixo do chuveiro ou da inspiração melódica que nos pega de surpresa, inusitadamente nas mais variadas situações. Poucos levam esta melodia adiante e a transformam em canção, ou aprimoram ela para algum instrumento musical.
   A música é um dos meios mais usados para terapias. Seja da ordem que for, ela tem seu papel e muitas vezes é o que faz a diferença. 
   Um coração partido encontra um pouco de alívio em melodias queixosas, das tantas que existem por aí, e que muitas, justamente foram criadas por quem teve seu coração partido. A dor da traição, ou a falta de um amor verdadeiro geram temas muito intensos para melodias que quase sempre se tornam em grandes sucessos.
   Quanto às melodias alegres, nem se fala. Já dá vontade de sair dançando. E tem muitas. Seja do estilo que for, sempre nos fazem ter esta vontade de afastar mesas e cadeiras e sair arrastando o pé. 
   Os títulos das músicas então, tem tantos temas interessantes que só por eles, a gente já viaja dentro da história ou do tema.
   Mas falando em título, os locutores de rádio em certos momentos também passam o seu lado 'mister M' para descobrir pedidos de ouvintes. Aconteceu há um tempo atrás numa emissora da região, que uma pessoa de origem alemã, com sotaque carregado, ligou no ar para fazer seu pedido. O locutor atendeu:
   - Bom dia! Com quem eu falo?
   - Com a 'Peatriss.' - Respondeu a voz no telefone, no ar. - Eu 'gueria betir' uma música.
   O locutor falou:
   - Sim, Beatriz, pode pedir! 
   - Eu 'guero ofereser' a música "E se Titia!"
   Silêncio no outro lado do telefone. O locutor certamente estava pensando, tentando decifrar o pedido musical. Mas não captou. Então disse:
   - Beatriz, sabe quem canta?
   - É 'agueles blandador de domate de Coiás'.
   - Áh! - Disse o locutor. - Leandro e Leonardo!
   - Isto! - Respondeu a ouvinte. - Dá 'bra docar?'
   - Infelizmente, dona Beatriz, não conheço nenhuma música desta dupla com este título. ...Não dá para a senhora cantar um pedacinho da melodia para ver se reconheço?
   E ela começou a cantar:
   - "E se Titia a xente priiiga, de noite a xente se aaaaaama!" 
   - Ah sim! - Disse o locutor morto a rir. - A senhora quer ouvir "Paz na Cama". Já vou rodar pra você.
   
   

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A Hora da Faxina: Papo Alheio



Papo Alheio

   Hoje na minha tradicional caminhada no fim da tarde tive companhia. Não comigo, mas na minha frente. Explico: na minha cidade tem uma avenida de um quilômetro de nome Osvaldo Aranha, mas todos insistem em chamá-la de reta da Vila Rica. De minha casa até o começo da reta, dá mais ou menos um quilômetro. E assim, indo e voltando, faço quatro quilômetros de caminhada. Então, quando entrei na avenida na altura do posto de saúde, acabei ficando atrás das duas mulheres. Dois metros atrás.
   As duas eram trintonas bem delineadas, braços finos, mas coxudas, vestindo blusa top e legging, com a barriguinha de fora. Deu para notar que apesar das graxinhas aparecendo discretamente na barra da cintura, malhavam sempre. Eu até quis ultrapassá-las em alguns momentos, mas só conseguiria correndo, então preferi ficar caminhando atrás delas. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi a conversa entre as duas, a uma certa altura, quando já voltávamos do final da reta. Vou chamá-las de Maria e de Bea. Depois de eu ter ouvido muito sobre todas as atividades das duas, Bea disse:
   - Maria, me falaste na semana passada quando caminhamos de que o José não anda comparecendo. Melhorou ou tá morno ainda?
   - Nem me fala Bea. Tem vezes que eu acho que somos irmãos e não casados. Ele anda tão distante! ...Diz que é o trabalho dele que o deixa sem apetite e eu procuro entender, mas tá difícil viu? Não sei quanto tempo vou aguentar.
   - Você me conhece Maria, eu não douro a pílula. Então, a pergunta que não quer calar: será que não tem outra na parada? Já pensou no caso?
   - Já! Já pensei e todas as vezes em que cogito isso fico arrepiada. É uma situação muito chata isso. No sábado deixei rolando um filminho daqueles, sabe?, quando ele veio dormir, e acredita? Ele pegou no sono! Olhou um pouco e quando me dei por mim estava roncando. Nem a loira poderosa do filme conseguiu mexer com ele. Bota fadiga nisso! Pior que a culpa é um tanto minha por querer tudo dentro de casa e ele se vira nos trinta para manter tudo isso. Tem metas e metas para cumprir. Sabes que meu emprego é pra minha roupa e minha cabeleireira.
   - Claro Maria, temos este direito. Meu emprego também. Mas, minha amiga, fica experta!!! Não quero botar minhoca na tua cabeça, mas sempre é melhor minhoca do que chifre né? ...Maria, nós mulheres temos o poder e o radar para captar este tipo de atitude dos homens. Um perfume diferente, uma falta de dinheiro inexplicada, ele se arruma bem melhor do que sempre se arrumou, compra roupas novas de garotão, cuida mais do cabelo, deixa barba rala, esconde o celular, essas coisas... Não notou nada mesmo?
   - Para ser sincera Bea, a única coisa diferente que notei é que ele foi domingo de manhã na missa, coisa que ele não fazia há séculos. Então eu perguntei o motivo de ele ter tomado esta bela atitude e ele me respondeu: "To rezando para ver se viro homem!"
   - Xiiii amiga, a coisa é bem mais séria do que eu imaginava. Abafa o caso! Vamos mudar de assunto?

domingo, 12 de outubro de 2014

Hora da Faxina: Mulheres e Bolsas





   Ah, Mulheres e Bolsas.

   Por que as mulheres são tão fissuradas em bolsas? É o tipo de pergunta que nós homens fazemos já que não faz sentido para nossa percepção limitada o significado de cada bolsa no dia-a-dia das mulheres. No fim das contas, elas sempre têm o motivo certo para acrescentar mais uma bolsa em sua coleção.
   Tentando entender, vou procurar alguns motivos do porquê de as mulheres terem várias bolsas. O primeiro motivo é óbvio: a cor. A bolsa na visão das mulheres sempre tem que combinar com algo do que está vestindo. Nem que seja só para realçar aquele cinto que quebra a monotonia do vestido, a combinação fica perfeita. Então vem a pergunta: 
   - Mas por que você comprou uma bolsa amarelo ovo se não tem nenhum vestido amarelo?
   E a resposta vem num segundo, sensata e lógica:
   - Ué, porque vamos para a Praia, esqueceu? Como vou usar uma bolsa preta ou vermelha com meu biquíni de flores amarelas?
   Ah, é mesmo, o biquíni. Faltava lembrar este detalhe. Mas, em seguida, após raciocinar, vem a próxima pergunta:
   - Mas por que tem que combinar com o biquíni se você não vai entrar no mar com a bolsa?
   E mais uma vez, a resposta lógica vem num tiro:
   - Bah, se vê que vocês homens não sabem de nada mesmo!!! Já esqueceu que vou vestida com o biquíni até a praia e que a saída de praia que vou vestir sobre o biquíni para ir até lá é transparente? Dããã, o biquíni aparece e eu não vou pagar o mico de estar usando uma bolsa que não combine.
   E na mente do homem fica aquela intrigada sensação de que a mulher quis dizer: 
   - Sem discussão, tá? Olhei para a bolsa na vitrine, ela olhou pra mim e foi amor à primeira vista. O biquíni foi só o motivo para eu comprá-la.
   Enquanto isso, o homem se contenta com sua carteira toda surrada, já deformada por sentar em cima dela no bolso detrás, porta documentos puído, mas satisfeito por ter uns trocos parar preencher seus compartimentos.
   E a coleção delas continua: bolsa azul escura para combinar com aquele jeans indigo para ir no fim da tarde no shopping. Bolsa preta para usar com o vestidinho preto básico para ir na pizzaria. E outra bolsa preta bem discreta, que chame só a atenção das mulheres para quando for ao banco usando aqueles sapatos salto alto pretos bicudos e que têm a mesma fivela da bolsa. Detalhe: não foram comprados juntos, foi uma coincidência dos deuses. Ainda aquela bolsa branca pra combinar com o vestido branco na virada do ano, bolsa creme para realçar a nova tintura do cabelo e bolsa cor marfim para realçar o colar de pérolas naquele jantar especial. Ah, já ia esquecendo da bolsa cheia de palavras escritas em todos os sentidos pra usar no dia a dia porque combina com tudo, já que não tem cor definida e é simples, sem detalhes, somente as letras.
   É meus amigos homens. Nunca pergunte a elas o motivo de ter comprado uma bolsa porque antes de elas comprarem a bolsa elas vão procurar o motivo para comprá-las. 
   Por isso que admiro as mulheres, seu jeito único de viver que quando observamos mesmo, sempre encantam. Mulheres, continuem comprando bolsas. Só faz bem!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Hora da Faxina: Ciúmes




   Ciúmes

   O que leva uma pessoa a ter ciúmes? No meu modo de pensar acho que há diversos fatores que levam alguém a ter ciúmes. Talvez o que mais se destaca é a insegurança em não conseguir manter a situação sob seu controle. Então entra o ciúme como arma de defesa. 
   Outro fator que leva alguém a ter ciúmes é o medo em perder aquela pessoa, posição social ou objeto para outra pessoa. Então para se garantir, desencadeiam ciúmes tentando manter seu lado superior nestas situações. Quanto a posição social ou objetos, o ciúme não faz estragos, afinal é somente uma forma de garantia de possessão. Também é uma forma de manter os pretensos candidatos a alcançarem estas situações a uma distância administrável.
   Agora, ter ciúmes de pessoas é algo terrível. Porque mexe com sentimentos. Seja na forma que for, sempre causa estragos. Como pais terem ciúmes de filhos ou vice-versa, acaba cortando no relacionamento partes que pudessem agregar muito mais vantagens se não houvesse ciúme. O mesmo acontece entre irmãos ou amigos. A distância entre ciúme e inveja neste caso é muito pequena. Também pode evoluir de uma situação para a outra.
   Mas a pior situação de ciúme é esta que dá a impressão de que existe uma relação de posse entre as pessoas. Ciúme entre marido e mulher e vice-versa. Quantos relacionamentos deixam de existir diariamente por causa deste sentimento? Quantas pessoas perdem a vida por causa do ciúme? Com certeza é um número grande. E o fato é que simplesmente o ciúme faz parecer a quem o tem, que seja dono ou proprietário de quem tem ciúme. Deixa de ser algo inseguro e se torna uma forma doentia de tentar manter sob controle ou domínio um ser humano. Chega a ser ridículo ouvir os argumentos de quem tem ciúmes porque tenta de todas as maneiras dizer as razões, os motivos para ter este comportamento. 
   A verdade é de que quem não tem competência para manter uma conquista amorosa, quem não tem sentimento puro e sublime de carinho e amor por sua parceira ou parceiro, quem só tem o sentimento unilateral, sempre a seu favor, de dominar alguém se faz passar por ciumento. É uma forma de subjugar alguém com a alegação de que a pessoa se comporta de uma maneira que faz ter ciúmes. Ora, que balela! É conversa pra boi dormir porque quem ama consente. Quem ama liberta e não prende. Quem ama de fato quer ver o parceiro ou a parceira evoluir na vida em todos os sentidos, mesmo que isto envolva situações que possam dar a impressão de que haja motivos para ter ciúmes.
   As pessoas que têm ciúmes geralmente não são felizes porque se sobrecarregam com compromissos para si, no sentido de controlar todos os passos da companheira ou companheiro para que não fujam do seu controle. Um desgaste estúpido que não leva a nada porque quem está sob a redoma do ciúme vai criando lentamente seu campo de liberdade e com certeza quando puder ficar novamente em pé vai dar um belo chute na bunda de quem é possessivo e não permite muitas vezes a outra pessoa sequer respirar, quem dirá olhar para os lados. 
   Portanto, se você é uma pessoa ciumenta, reveja seus conceitos porque a vida prova  que pessoas ciumentas sempre acabam sozinhas, amargas, sem amigos e envelhecidas antes do tempo por causa do desgaste desnecessário.