quinta-feira, 28 de maio de 2015

Hora da Faxina: Soltando Pum na Festa



   Soltando Pum na Festa

   Uma festa sempre é um acontecimento gostoso. Também, sempre encontramos pessoas conhecidas, familiares, gente talvez até desconhecida mas animada e alegre, que acaba contagiando nossa participação e tudo acaba realmente em diversão.
   Quando esta festa é realizada num restaurante, então tudo se completa. Além da alegria da música, do encontro com pessoas queridas que confraternizam juntos aniversário, formatura ou pelo simples fato de juntar num mesmo ambiente pessoas que são caras entre si, existe o cardápio do almoço ou jantar, onde o alimento já é um motivo de grande prazer. Mas, além dele, a química do encontro, deixa tudo virado em algo que banha a alma de doçura e leveza, transformando aquele momento em algo para se comentar por vários dias, relembrando aqueles momentos de convívio.
   E foi o que aconteceu estes dias num jantar de confraternização de aniversário, num restaurante. Estavam presentes vários grupos confraternizando, muita alegria, jantar gostoso e conversa animada. O evento foi especial. Mas, a certa altura, minha cunhada que sentava na minha frente, perguntou:
   - Não está sentindo cheiro de pum?
   Comecei a rir alto e respondi:
   - Tá sonhando? Não to sentindo cheiro de pum nenhum!
   Ela, categórica, retrucou:
   - Tem cheiro de pum sim. Melhor, fedor! ...E este já é o terceiro!
   Ri mais alto ainda e respondi:
   - Há, há, há, está até contando a sequência dos bombardeios? Que coisa séria. Mas nem tinha rabanete curtido na janta.
   - Eu até já pedi para eles abrirem as janelas para circular o ar. Isto aqui está muito fedido. Me admira muito não estares sentindo o cheiro. 
   Enquanto minha cunhada falava isto, meu filho que estava do lado confirmou que também estava sentindo o cheiro. Então veio o quarto pum. Nossa, este com certeza veio acompanhado de ao menos dois urubus, tamanho o fedor. Até eu senti. E nós, apesar do cheiro ruim, rimos todos, tentando adivinhar quem estava se aproveitando do aglomerado de pessoas para se aliviar, onde todos acabavam sendo suspeitos.
   O assunto sobre pum virou o motivo da conversa e de muitas risadas dali para a frente. Estávamos tentando achar a pessoa culpada através de seus trejeitos, sua fisionomia, ou algo que a dedurasse. Mas ficava difícil adivinhar. Todos ao nosso redor acabaram sendo causadores ou vítimas. Foi então que rescindiu no ar o quinto pum. Antes que eu pudesse sentir algo, minha cunhada já cochichou:
   - Sente só: foi o quinto. Agora se cagou. É impossível um pum simples feder tanto!
   Me corriam as lágrimas de tanto rir. A barriga estava doendo e eu não conseguia mais parar de rir. E minha cunhada continuava séria, indignada com a situação que agora tinha tomado formas nauseantes. 
   Eis que começou uma música animada, boa parte levantou para dançar. Então uma senhorinha de seus sessenta anos também levantou e foi para a pista. Nos entreolhamos como quem diz: "Viu, está aí a suspeita!" ela estava de calça clara, com um baita borrão na bunda, literalmente cagada.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades - O Fiscal do Ar



O Fiscal do Ar

   É, os tempos andam, vidas caminham e muitas histórias acontecem nas cidades, mas também no interior. As pessoas muitas vezes são bem mais traiçoeiras do que parecem, mostrando em muitos acontecimentos que no interior, lá bem longe, naquelas vilinhas onde todos se conhecem também existem camangas.
   Geralmente nestes lugares as pessoas trabalham muito, dia após dia, se dedicando a sua família, e lutando para dar estudos e uma vida melhor para os filhos. Para então chegar na compra de um carro, mesmo usadinho, havia a necessidade de se trabalhar o dobro na jornada, sem olhar para o calendário se era domingo ou feriado. Trabalhavam direto, semana após semana.
   Em contrapartida, as mulheres se esforçam para manter o lar num local aconchegante, arrumado e limpo. De manter aquela horta nos fundos de casa com as verduras e legumes da época para complementar a alimentação da família. E muitas vezes tinha uma vovó ou um vovô que auxiliavam na preparação da comida ou no cuidado com as crianças.
   E, neste ambiente do interior, camangas acontecem escondidas e muitas vezes levam anos para serem descobertas. Assim foi com uma família que era constituída de pai, mãe, avô e um único filho. O garoto era muito esperto e curioso e era a alegria do casal.
   O pai, Abraão, tinha a muito custo conseguido comprar um caminhãozinho usado e com ele estava levantando a vida, levando o excesso de sua colheita para a cidade mais próxima e vendendo por lá. Ele fazia esta viagem a cada quinze dias, viagem curta, de pouco menos de hora, até a cidade mais próxima, onde já havia conquistado vários clientes fixos.
   O garoto, de nome Léo, insistia em ir junto. Queria ver como era a cidade, como era a vida por lá, como eram as pessoas, enfim, queria conhecer. O pai sempre prometia um dia levá-lo com ele.
   E o dia aconteceu. Quando o menino completou dez anos, o pai resolveu lhe dar de presente ir junto à cidade vizinha e ver de perto todas as suas belezas. O garoto estava radiante. Mal via o dia em que isto fosse acontecer. 
   No dia combinado foram juntos, o menino sentado na cabine do caminhãozinho velho do pai, ia vendo as novidades e perguntando ao pai. E o pai, na medida do possível ia matando a curiosidade do garoto.
   Quando chegaram na cidade, o menino ficou fascinado com a quantidade dep pessoas que circulavam pelas ruas e já foi logo perguntando ao pai quem eram, como era o nome. e o pai respondia:
   - Filho, não sei o nome. Aqui é diferente de nossa vila, as pessoas não se conhecem todas, e muitas são completamente desconhecidas para nós. -  E o garoto ficava olhando para todos os lados, vendo todas estas pessoas, quando de repente deu um grito e disse:
   - Papai, aquele senhor ali adiante eu conheço. É o fiscal do ar!
   - Como assim, fiscal do ar? - Retrucou o pai. - De onde você conhece ele? Que história é esta?
   E o garoto respondeu:
   - Ué pai, porque todas as vezes em que tu não estás em casa, estás na roça com o vô, este senhor bate lá em casa, a mãe atende ele e então ele pergunta, para fiscalizar o ar:
   - Catarina, o ar está limpo?
   

terça-feira, 26 de maio de 2015

Aipim (Mandioquinha, Macaxeira) em cubos no forno com carne



   Aipim em Cubos no Forno com Carne

   Sempre tive dificuldades em fazer aipim aqui em casa porque somente eu gosto. Meus dois filhos não são chegados no aipim. Inventei um monte de receitas diferentes, mas nenhuma conseguiu seduzi-los a ponto de sequer experimentarem este alimento tão nutritivo e saudável. Mas, eis que finalmente cheguei a uma receita aprovada por unanimidade pelos dois filhos e o prato vai fazer parte de nosso cardápio. trata-se do aipim no forno, meio frito, meio cozido, com diversos outros ingredientes para esconder um pouco o sabor do aipim. Você não vai se arrepender de fazer esta receita simples e barata, mas que vira um manjar dos deuses.

   INGREDIENTES (4 porções):
1,2 kg de aipim cozido vela
400 g de carne moída
400 g de peito de frango (1/2 peito)
120 g de queijo lanche
1 cebola pequena
1 tomate pequeno
sal, pimenta, orégano e óleo para untar.


   TEMPO DE PREPARO: 
Na véspera, 1 hora. No dia, 15 minutos para montar e 45 minutos de forno.

   PREPARO: Véspera
   Na véspera cozinhe o aipim com sal e deixe ele ficar semi cozido (tipo vela). Ao mesmo tempo prepare a carne moída, deixando ela um pouco mais molhada do que para pastel. Deixe esfriar os preparados e coloque na geladeira para montar o prato no dia seguinte.

PREPARO DO PRATO PARA FINALIZAR:
Pique o aipim em cubinhos, descartando o fiapo central.


Espalhe a metade do aipim em forma untada com óleo. Sobre o aipim, espalhe a carne moída (fria)


Cubra a carne moída com as folhas de queijo.


Pique o peito de frango em cubos, pique a cebola e o tomate, acrescente à metade do aipim que sobrou, temperando com sal e pimenta branca moída, ou preta. Misture bem para ficar uma massa equilibrada.


Cubra o queijo com esta mistura, espalhe uma pitada de orégano e leve ao forno pré aquecido 15 minutos em potência alta (270 graus), tampando a forma com tampa (quando tiver) ou com papel alumínio, fazendo nele uns 10 furos para evaporar a água que se forma.



Meia hora depois retire o papel alumínio e deixe no forno por mais 15 minutos, ou até que estiver dourado o aipim e o frango e a água tiver secado dentro da forma.


45 minutos de forno:


outra vista do prato


acompanhe com algum curtido, ou saladas a seu gosto.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Hora da Faxina: Essas Crianças



Essas Crianças!

   Um dos maiores estímulos que nós adultos podemos receber é sentir e ver a eletricidade das crianças. É incrível o que tem de vida dentro destes corpinhos minúsculos! Parece que cada célula é uma bateria que se recarrega sozinha.
   Tem certas fases pelas quais as crianças passam onde os adultos simplesmente têm dificuldades para alcançar e acompanhar seu ritmo. É a vida se transformando muito ligeiro e a energia faz com que os pimpolhos adquiram cada vez mais conhecimento, sabedoria, segurança sobre si, e também o controle sobre sua eletricidade tão faiscante.
   Tem certos acontecimentos na vida das crianças que nunca mais são esquecidos. Falo por mim, que tenho na memória dois fatos remotos, de antes dos meus cinco anos de idade. O fato mais antigo que lembro foi quando eu tinha perto de três anos e nós mudamos de casa em Harmonia. A casa onde morávamos tinha uma área na frente onde havia uma táboa solta. Quando saímos dali para ir até a casa nova comprada, que não era longe dali, minha mãe me levava caminhando e segurando na mão, enquanto mantinha meu irmão mais novo no colo. Ele tinha na época perto de um ano. Eis que na passagem daquela táboa ela cedeu, e a mãe perdeu o equilíbrio, quase caindo ali com meu irmão. Lembro até hoje o puxão que senti com a mãe tentando se equilibrar. Felizmente não caiu.
   Depois, quando eu tinha quatro anos, disputávamos entre os irmãos quem lavaria a louça do meio dia. todo mundo queria lavar, fazendo espuma com o sabão de glicerina dentro do tacho grande, já que não existia pia nem água encanada. E eu fui passado para trás por outro irmão meu, e meu primeiro dia de lavar a louça não aconteceu. Comecei a chorar. Lembro bem que minha mãe pegou um banquinho, colocou do lado do tacho e disse para meu irmão que ela e eu lavaríamos juntos a louça. E eu soluçando, ajudei a mãe, me sentindo vingado da atitude. 
   Fora estes fatos marcantes, tem alguns outros que também estão presentes na memória e que foram se sucedendo quando entrei na pré escola e assim por diante. Mas estes são fatos para compor outra crônica porque dão assunto suficiente para contar sobre a vida escolar de outra época, onde a rigidez na escola era muito mais acentuada.
   Pois, as crianças geram situações tão variadas que acabam deixando muitas vezes os adultos de saia justa, ou lhes arrancam belas gargalhadas. E geralmente os acontecimentos se tornam engraçados justamente por causa da inocência das crianças.
   No tempo que eu era fotógrafo em São Leopoldo, certo dia no verão de tarde, um calorão, entrou uma senhora com uma menina, pedindo para fazer fotos da menina. Prontamente peguei o equipamento e quando tinha reunido tudo para fotografar, a menina pediu água. Fui, servi um copo de água e ofereci para ela. A criança começou a tomar com muita sede, tomando em goles grandes, quando a mãe disse:
   - Ela está pedindo água em todas as lojas onde entro. Não sei o que ela vai pedir na próxima loja! - A menina prontamente respondeu:
   - Vou pedir para fazer xixi.
   

quarta-feira, 20 de maio de 2015

As Máximas de Bere - Pensamentos, Reflexões, Verdades


    Pensamentos de Bere que foram postos em cartas escritas há anos, ou mais recentes deixadas escritas em algumas pastas do seu notebook. Bere faleceu em setembro de 2013, mas deixou este legado maravilhoso de ideias que fazia sobre a vida, o dia a dia e o amor.

                                          Bere











BÔNUS NA LETRINHA DE BERE
falando do desenho que fiz de seu rosto (1980)



terça-feira, 19 de maio de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: O Fotógrafo



O Fotógrafo

   Antigamente, no início dos tempos da fotografia, era muito raro haver um registro fotográfico das pessoas porque existiam poucos fotógrafos. Além do equipamento caríssimo, o material também era caro para produzir as fotos. E ainda o fotógrafo tinha que saber, além de achar o melhor ângulo para o close, revelar os filmes e depois ainda passar para o papel através do negativo gerado no filme.
   Naqueles tempos os fotógrafos eram itinerantes e viajavam por todas as regiões, no interior, até as mais longínquas vilas e picadas, oferecendo seu serviço e assim manter ao menos um registro dos rostos das famílias que por lá viviam. Geralmente eram bem numerosas.
   Observando as fotos daquela época, as que sobraram, vê-se que apesar dos trajes domingueiros vestidos especialmente para fazer a foto, as pessoas eram muito simples e despojadas de belas vestimentas, em épocas de muito trabalho, pouco dinheiro e pouco lucro. Muitas vezes até se via remendos nestes trajes.
   Quando o fotógrafo chegava na picada, ele era recebido com muita festa, as pessoas disputavam entre si a sua hospedagem. E a notícia corria ligeiro por entre as pessoas, que vinham de longe agendar uma foto da família. E no dia combinado, o fotógrafo chegava em cada casa já com todos os membros da família vestidos a rigor para o registro de sua prole.
   Como as pessoas não sabiam como era o processo de finalização de uma fotografia, acreditavam que além da aparência, também outros detalhes complementavam a qualidade da foto, como por exemplo, o perfume. Então, enquanto as netas se arrumavam a vó gritava lá do seu quarto:
   - Meninas, caprichem no perfume. Encham o corpo todo para que fiquem mais vistosas na fotografia!
   E lá iam elas, se amontoando no grupo para a foto, exalando os mais diversos cheiros.
   Mas, o tempo foi passando, as máquinas foram se modernizando e os fotógrafos proliferavam nas cidades e nas vilas maiores. Mas bem no interior, como na época era o Morro da Manteiga, não existia fotógrafo. E ainda havia os itinerantes que faziam o trajeto até lá para fazer o registro das famílias. Mas, já era moda nas vilas e cidades, o rapaz carregar na sua carteira, e a moça em sua bolsa, uma foto de busto de namorada e namorado.
   O fotógrafo, indo de casa em casa, ia oferecendo seus serviços e prontamente fazia diversas fotos. Nesta caminhada, acabou batendo na casa de uma garota muito linda, exuberante, seios enormes e tesinhos, um primor. E ela prontamente quis tirar a tradicional foto de corpo inteiro diante de casa, no meio das plantas e flores do jardim, que na época cultivavam em frente de casa.
   Ela fez a pose, o fotógrafo bateu a foto, e então perguntou:
   - Bom, como agora é moda, não quer tirar uma foto só de busto para dar ao seu namorado?
   Ela respondeu:
   - Óh fotógrafo, até seria interessante tirar foto só do meu busto. Mas eu gostaria que também aparecesse o rosto!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Hora da Faxina: Personagens



 Personagens.

   Hoje fui dar uma volta para fazer algumas comprinhas e também pagar algumas contas. Adoro caminhar em nossa cidade, que em sua maior parte oferece calçadas largas, a maioria feita de calçadas bem elaboradas sem defeitos de nível, onde não há perigo de tropeçar. Também, muitas das calçadas são arborizadas oferecendo um belo visual e sombra em tardes de sol quente como a de hoje, apesar do outono.
   Gosto de observar as pessoas. Cada uma com sua maneira de caminhar, de se vestir, de seus trejeitos enquanto caminha, e quando em companhia, ao falar alto ou baixo. Todo este meio de caminhar e se apresentar me fazem tentar imaginar a personalidade destas pessoas. De cara a gente vê quem é nervoso, quem está irrequieto, quem está de bem com a vida, quem está satisfeito ou insatisfeito. 
   A minha interpretação tenta encontrar no comportamento das pessoas enquanto andam pelas calçadas o mesmo resultado como aquele senhor que sabia todos os hábitos das pessoas de seu condomínio pelo lixo que punham fora. Ele passou observando as pessoas e seus descartes durante meio ano e então tinha traçado os costumes, as manias, o dia-a-dia, as visitas, enfim, tudo referente aos moradores de seu prédio. Só pelo lixo.
   Na minha caminhada de hoje observei duas coisas interessantes. A primeira, uma mulher jovem caminhando com a mão dada a uma criança e ralhando com ela volta e meia para apressar o passo. Via-se nitidamente que a criança, pelo seu tamanho, perninhas curtas, estava exausta para tentar alcançar as rápidas passadas da mãe. E esta mãe desnaturada, quando sentia que a criança estava atrasando o passo, dava um puxão no bracinho da criança, levantando-a no ar só naquele bracinho, e puxando para o seu lado novamente. A criança começava a resmungar e mãe xingava dizendo que ela estava muito lerda e que estava atrasando ela. 
   Eu já não podia mais ver isto. Me doeu no ombro os puxões que esta louca estava dando na criança. Então chamei, estava mais atrás. Ela mesmo continuando a caminhar, olhou para trás e perguntou: 
   - Que foi? - E eu respondi:
   - A senhora sabia que está destruindo o braço desta criança com estas puxadas? Se eu vê-la fazer de novo chamo a brigada, o conselho tutelar, o que for para a senhora parar torturar esta criança!
   A mulher me olhou com a cara de quem iria me devorar de ódio. Pegou a menina no colo e seguiu em passos apressados, dobrando na próxima esquina. E eu faceiro, pensei no bem que tinha feita àquela menina tendo advertido sua mãe. 
   Continuei caminhando. Tinha um rapaz que já havia notado antes, estava em altos papos de negócios no celular. Vendendo muito. Chamava a atenção. Eu estava desconfiado que sua atitude era cenográfica, de novela. A uma certa altura ele parou na calçada embaixo de uma árvore, continuando a vender muito falando ao celular. Quando cheguei perto, ele acentuou a conversa. Nisto, algum inseto o foi incomodando no rosto. Quando ele foi bater para se livrar do inseto, o celular voou longe, voando a bateria para outro lado. Ele, na maior, ajuntou o celular, voltou ao ouvido e continuou negociando, vendendo muuuuito. Sem repor a bateria! 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades - O Vestido Cheio de Botões



O Vestido Cheio de Botões

   Pedro Gaister era um homem muito bom. Quando se precisasse  de alguém para resolver algo, ele estava aí, pronto para ajudar. Sua profissão era de pedreiro e marceneiro. nada para ele era demais e com seu talento e esforço ajudou a construir muitas moradias da vila, algumas com trabalho voluntário, quando via que as pessoas não tinham condições de pagar, quando ele ajudava em fins de tarde, depois do seu trabalho normal, seu ganha-pão.
   Assim ele, com seu talento e seu trabalho ajudou a construir a igreja, o salão e diversos outros prédios imponentes de sua vila. Todos se admiravam de sua capacidade e aptidão. Realmente Pedro, pelo seu conhecimento, mesmo sendo quase analfabeto, sabia interpretar melhor as plantas das construções que muitos letrados.
   Mas Pedro tinha um grande defeito: Adorava uma cachaça como ninguém. Durante o dia mantinha seu trabalho, executava suas tarefas, mas no final do dia, de tardezinha ele sucumbia aos encantos da malvada. E, ao invés de fazer isto em casa, o fazia naquele boteco famoso, que ficava de esquina, onde todos podiam ver quem entrava e quem saía, o que era um conteúdo frutuoso para as fofoqueiras de plantão da vila.
   Quando então surgiam os problemas, as repetições etílicas eram mais frequentes e ele acabava rastejando até em casa. E isto se sucedia ao menos uma vez por semana. Era devido à complexidade das construções, problemas do fechamento das contas, enfim, como ser humano, enfrentava as situações e se vingava no copo.
   A rotina foi sempre em torno de um nível razoável e ele, mesmo com ressaca no dia seguinte, desempenhava seu papel de construtor, artista dos prédios com maestria. Mas no final de uma terça chuvosa, início do outono, serviço escasso e complicado, Pedro foi afogar seus problemas numa mesa no bar da esquina, e se passou da conta. Bebeu demais.
   Aliás, a bebedeira foi tamanha que ele teve dificuldades em achar o caminho de casa. Teve a sorte de algumas pessoas de pena o orientarem e assim ele seguir. Naquela terça ele nem jantou em casa. Comeu no bar mesmo, meia perna de linguiça mais dois ovos curtidos e amaciou tudo goela abaixo com cachaça.  Quando já era passado das vinte e duas horas, resolveu voltar para casa, afinal, Gertrudes sua esposa, já estaria dormindo há tempo, não teria que dar explicações e muito menos ela o veria naquele estado. E ele voltou.
   Quando entrou em sua propriedade, abriu a primeira porta que encontrou pela frente, lembrou de tirar os sapatos para não fazer barulho e entrou. A impressão que dava a ronqueira que se ouvia, é que sua esposa Gertrudes parecia estar num daqueles dias de fazer dormir separado. E Pedro, só tirou a calça e deitou ao lado dela.
   Mas na realidade, Pedro havia entrado no chiqueiro do lado de sua casa e deitado do lado de uma porca enorme, que em breve seria carneada. Era o ronco da porca que ecoava pela madrugada. Ele, deitado, bêbado, passou a mão nas carreiras de mamilos da porca, suspirou e disse:
   - Gertrudes, desde quando você tem este vestido cheio de botões? Eu não conhecia!   

terça-feira, 12 de maio de 2015

Culinária: Creme Supremo de Chuchu



Supremo de Chuchu

INGREDIENTES:
(2 porções)

1 chuchu grande 
2 colheres de manteiga
2 colheres de maisena
1/2 xícara de cebolinha verde picada
sal a gosto
uma pitada de pimenta moída branca
uma pitada de noz moscada

PREPARO:

Coloque a manteiga a derreter em fogo baixo enquanto descasca o chuchu. Parta o chuchu em quatro e corte em fatias finas. Acrescente na manteiga derretida e deixe a água do chuchu cozinhando ele dentro da manteiga em fogo médio a baixo com panela tampada. Quando tiver saído a água do chuchu (20 minutos depois) vá refogando ele na manteiga até começar a dourar. Acrescente água aos poucos até o chuchu ficar cozido. Acrescente o sal, a pimenta e a noz moscada. (Para quem não gosta do sabor da noz moscada não precisa colocar). cubra a mistura com água fria e deixe levantar fervura. Quando estiver fervendo, dilua 2 colheres de maisena em meio copo de água e acrescente à mistura mexendo lentamente, até a fervura virar um creme pastoso. Acrescente a cebolinha e deixe ferver por 1 minuto. 

Acompanha massa farfalle com molho de carne moída e salada de rúcula e tomate cereja.

sábado, 9 de maio de 2015

Dia das mães sem a mãe de meus filhos, sem Bere



 Dia das mães sem Bere

   Quisera eu ter escolhido aquela costelinha gorda para assar no espeto, especialmente para fazer um churrasco no ponto do agrado de Bere, para comemorarmos juntamente com os filhos neste domingo o dia das mães. Quisera eu! Quisera eu ficar matutando durante semanas para descobrir qual seria o melhor presente para esta mãe especial, que nunca mediu esforços para nada, que sempre esteve aí, pronta, largando tudo em prol dos filhos. E por fim, depois de muito pensar, dar o presente certo para ela, como gostava. Não para o lar. Para ela. Quiser eu! Quisera eu encomendar uma torta Marta Rocha na Vilma confeiteira, com cobertura de nata e com bastante nozes. Torta pequena, mas bem do jeito que Bere gostava, para na tarde de domingo ver ela sentar à mesa e junto com um café preto saborear esta torta e dizer: "Ah Vidinha, está do jeito como eu gosto. Até lembrou da cobertura de nata! Não tem como não te amar!" Quisera eu! Quisera eu acordar na manhã deste domingo e ver Bere dormindo terna ao meu lado, afagar seu rosto, vendo-a acordar e eu dizer num sussurrar apaixonado: "Feliz dia das mães!" E ela, num sorriso maroto responder: "Muito obrigada! Não teria sido mãe sem você." Quisera eu! Quisera eu ver os meninos assumirem as tarefas da casa neste dia para deixar a mãe se sentindo uma rainha. E no brilho de seu olhar eu conseguir enxergar estampado: "Que orgulho destes três!" Quisera eu! Quisera eu que o dia das mães fosse um abraço, um beijo demorado com Bere, um "Eu te amo!', um orgulho no olhar pela pessoa que Bere representou na família, em minha vida, pela mãe que foi. Quisera eu! Quisera eu fazer o tempo voltar. Somente mais uma vez! Uma única vez para somente mais uma vez passar um dia como este ao lado de Bere, paparicá-la, serví-la, realizá-la e fazê-la sentir o quanto de belo foi ter sido mãe por duas vezes de nossos dois filhos, nosso orgulho. Quisera eu!

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Hora da Faxina: Afetado



   Afetado.

   Tinha chovido muito. E quando dá estas chuvas intensas e contínuas sempre alaga a rua na frente de minha casa, cobrindo inclusive a calçada. Ainda bem que é algo passageiro, em questão de uma hora ou duas tudo volta ao normal, a água baixa. Quer dizer, o que volta ao normal é a água não estar mais presente. Mas o caminho de lodo e sujeira que ela deixa para trás fica para a gente tirar com lava jato ou esfregando com vassoura e passando água limpa.
   Não sei por que isto sempre acontece quando volto das férias. Este ano foi a terceira vez que voltamos das férias e me deparei com este lodo nojento sobre a calçada, fedendo a uma mistura química inexplicável, mas que é muito desagradável. Quando cheguei na esquina que dá para minha rua, já vi o estrago. Então, descarregamos todas as tralhas, roupas e demais panos para lavar que deu quatro máquinas, e ainda este inconveniente inesperado de ter que fazer uma geral na calçada na frente de casa.
   Deixei para o outro dia de manhã. Montei todo o lava jato que por si só já é chato de montar, e eis que o danado não ligou. Pensei: "Putz, não faltava mais nada!" - Fiquei lidando quase meia hora nas instalações, esperando que o problema não fosse o do aparelho. Mas foi! O bichinho resolveu morrer quietinho na despensa, sem avisar, me deixando na mão. E lá estava eu, no meio da manhã, de mangueira numa mão aguando o lodo para soltar e na outra mão a vassoura de piaçava para poder pressionar melhor aquele lodo e empurrar para frente.
   Até que eu estava gostando da atividade. Coisa diferente, algo de puxar de volta para os tempos dos banhos de mangueira, das brincadeiras com água. Então, propositalmente fiz a água respingar em mim, me molhando aos poucos. Claro, em pleno Fevereiro, um calorão, aquela água apetecia ser borrifada de um jeito que me atingisse. Fiquei lembrando do tempo em que a água não era encanada, não existiam mangueiras de onde se distribuísse água. Somente tinham as vertentes naturais e as bombas manuais, onde era puxada a água manualmente do poço num vai-e-vem e ela jorrava de seu cano. E nós, crianças, no verão fazíamos rodízio para ficarmos embaixo daquele jorro de água geladinha que saía da bomba, enquanto outro ficava bombando. Era nossa diversão. Mas, meu momento digamos criança, não durou muito. Estava eu lavando, me molhando, pensando na infância, quando passaram duas mulheres por mim. Me mediram de alto a baixo enquanto caminhavam. 
   Quando estavam um pouco mais adiantadas, uma cochichou para a outra:
   - Será que o Rambo está ficando senil? Tá brincando feito criança com aquela mangueira em vez de faxinar a calçada.
   A outra respondeu:
   - Não dá bola. Ele está afetado.
   Comecei a rir em altas gargalhadas pensando: "Afetado como?"
   As duas ouvindo as gargalhadas, olharam para trás, já estavam distantes. Só fizeram que não com a cabeça. Pensei: "Agora elas têm a certeza de que estou afetado.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Culinária: Sopa, Sopão de 21 Verduras



   SOPA DE 21 VERDURAS 
   (Rende 6 porções)

1 batata
1 cenoura
1 cebola
1 alho poró
2 tomates
1 beterraba
1 nabo
10 vagens
2 espigas de milho
150 g de ervilhas frescas
1 fatia de moranga
1 abobrinha pequena
1 berinjela pequena
1 pimentão verde ou vermelho
3 folhas de couve
200 g de repolho (a sexta parte de um inteiro)
3 talos de espinafre
1/4 de pé de couve flor
1/4 de pé de brócolis
meia xícara de salsa picada 
meia xícara de cebolinha picada

700 g de carne de garrão (parte frontal do boi)
1 fio de óleo
Sal
Pimenta em grão branca
150 g de massa cabelo de anjo
1 ovo

   PARA O PRATO PRONTO:

pão francês, nós moscada e queijo ralado para temperar na hora de comer.

   MODO DE FAZER:

   Coloca o fio de óleo numa panela grande juntamente com a carne inteira, deixando fritar em fogo médio até que esteja bem sapecada a carne, até que o tutano do osso comece a amolecer. Acrescentar um tomate picado grossamente e a polpa do outro tomate, tendo tirada a casca para fazer um enfeite no prato da sopa pronta.
   Quando o tomate estiver desmanchado, encher a panela até a metade de água e ir acrescentando todos os outros ingredientes picados grossamente, menos a massa.
   Deixar ferver até que as verduras estejam cozidas. Tirar com uma espumadeira as verduras para uma travessa e esmagar grossamente com um garfo. Tirar a carne, desossar e picar grossamente. Devolver tudo para a panela. Experimentar o ponto do sal. Acrescentar a massa e o ovo breviamente desmanchado em uma xícara de água. Quando a massa estiver pronta, está pronta a sua sopa de 21 verduras.



Pequenas Mentiras, Meias Verdades; Histórias de Freiras



 Histórias de Freiras

   As freiras são mulheres voltadas à meditação, à religião e ao auxílio nos mais diversos segmentos onde pessoas venham a precisar de cuidados, tanto na ordem espiritual como em seu modo de vida. Quando doentes, as freiras desde os tempos remotos fizeram a diferença, principalmente quando havia epidemias de doenças contagiosas, ou surtos de doenças incuráveis, muitas vezes as vítimas destes males eram somente atendidas pela dedicação e abnegação das freiras, que desempenhavam estas funções colocando suas próprias vidas em risco por amor ao próximo e sua devoção a Deus.
   A partir dali, surgiram congregações que foram viver em conventos, formando comunidades a parte. Lógico que lá não era permitida a entrada de homens. Elas exerciam todas as tarefas, faziam os trabalhos desde os mais leves, até os pesados exercidos normalmente por homens.
   Quando então havia a necessidade premente para um homem executar alguma tarefa, tais com cortar uma árvore, carregar pedras, fazer reformas ou carnear algum porco ou boi, era contratado um homem. Às vezes, ainda com um ou dois auxiliares. Nestas ocasiões, havia uma logística inteira dentro do convento para que as freiras não cruzassem pelos homens lá dentro, ficando elas muitas vezes enclausuradas o dia inteiro, saindo de seus quartos somente para as refeições. O contato com os contratados geralmente era feito através da madre superiora.
   Então, qualquer assunto referente à procriação ou fornicação era um tabu muito grande e todas julgavam ser um sacrilégio presenciar um ato destes, nem que fosse só em pensamento. Muito menos ao vivo, ao natural. Nem entre animais.
   Certo dia, comunidade de irmãs no convento, numa cidade lá do interior, resolveu mandar construir um galinheiro para encher de galinhas e assim ter a provisão de ovos para todo o ano naquele convento. Mas, também tinham a intenção de fazer procriação neste galinheiro para que tivessem suas próprias galinhas para suas galinhadas, canjas, sopas, enfim, para tantos pratos bons feitos a partir de galinhas.
   Contrataram o melhor marceneiro da vila. Ele veio, fez seu trabalho e deixou tudo especial. Uma obra de arte. O galinheiro então foi povoado. As freiras compraram uma dúzia de galinhas, era o que seu dinheiro alcançava. Resolveram deixar as galinhas chocarem os primeiros ovos que fossem pondo para duplicar, ou até triplicar a quantidade de galináceos do convento. 
   Mas, que decepção. Ao passar de vinte dias, o  galinheiro estava com 5 dúzias de ovos espalhados em seu interior, uma grande parte podre e os poucos que sobraram as freiras aproveitaram para comer. Mas nada de pintinhos. 
   Então, foram conversar com o padre da paróquia para verem onde estava o erro, por que as galinhas não procriavam com seus ovos postos naquele galinheiro. O padre as recebeu, então a madre superiora já saiu falando: 
   - Padre, gostaríamos de saber onde está nosso erro. Temos o galinheiro cheio de galinhas garbosas que botam ovos todos os dias. Mas já faz um mês e até hoje não tivemos nenhum pintinho saindo daqueles ovos.
   - Vocês têm um galo junto com as galinhas naquele galinheiro?
   - Não padre. Nós achamos que seria muito pecaminoso ter um galo correndo atrás das galinhas no galinheiro dentro do convento. - O padre, coçando a larga barba branca então disse:
   - Então vocês estão querendo fazer como que se a mulher fosse ter filhos sem o marido.
   - Ah, é assim? Disse a superiora. Então precisa de um galo? Acho que vou desistir da ideia de criar pintinhos no nosso galinheiro. 
   - Bobagem! - Disse o padre. - É bem mais simples: coloquem o galo com elas e quando ele quiser correr atrás das galinhas, fechem os olhos que não verão a porquice.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

Culinária - Trouxinhas de Carne em Bifes Recheadas de Frango


Trouxinhas de bifes com recheio de frango


INGREDIENTES (rende 4 porções):
RECHEIO:
500 g de carne moída de frango
1 cebola pequena
2 dentes de alho
5 colheres de óleo
sal e pimenta 
2 ovos crus
1/2 xícara de cebolinha verde picada
100g de queijo prato ou colonial
a casca de um tomate pequeno picada

PARA AS TROUXINHAS:
1 kg de bifes de coxão mole cortados bem fininho
sal e pimenta

PREPARO DO RECHEIO NA VÉSPERA:
(ou, se feito na hora tem que esfriá-lo)
pique a cebola e o alho fininho


e coloque em panela de ferro pré aquecida com o óleo, juntamente com a carne moída de frango, mexendo sempre....


...até se tornar uma massa seca. Dê choquinhos de água para o frango pegar cor. Umas três vezes.

 AS TROUXINHAS:

Coloque o forno para aquecer em 220 graus. Tempere os bifes sobre uma superfície com sal e pimenta somente num lado. Depois de temperados, vire-los ao contrário.

Corte-os no meio


Coloque a carne moída num recipiente...


...e acrescente o queijo picado em cubinhos, a casca de tomate picada fininho e a meia xícara de cebolinha verde. Acrescente 2 ovos crus e misture tudo até se tornar uma massa homogênea.


Coloque porções em cima de cada bife...


...na medida que dê para fechar a trouxinha.


Costure as trouxinhas com palitos de dente. Geralmente dois são o suficiente. Caso contrário coloque mais. Não feche completamente a trouxinha. Deixe algum espaço para o recheio sair e dourar.


Outro ângulo


Coloque em assadeira untada, tampada com papel alumínio, fazendo alguns rasguinhos para o vapor sair.

30 minutos depois retire o papel alumínio e deixe dourando por 15 minutos...


A carne está pronta, suculenta e saborosa.


Sugestão de acompanhamento: batata cozida com farofa e saladas de vagem tomate e cebola curtida.