Andanças: Férias em Albatroz no litoral gaúcho, com tempo fechado

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Férias em Albatroz no litoral gaúcho, com tempo fechado

Férias Diferentes

Pois, eu sempre achei que meu santo fosse forte o suficiente para que ao menos os 10 dias de férias anuais que tiro fossem de céu azul, muito sol e noites estreladas.
Isto aconteceu maravilhosamente bem durante 30 anos. Tivemos somente um ano com metade do tempo de férias chuvoso há uns 20 anos. Depois disto, sempre o tempo colaborou.
Teve anos em que interiormente implorava um dia de chuva, mesmo na praia, porque não aguentava mais tanto sol. Pode? Mas é verdade! Até sol demais na praia incomoda.
Mas, como bom veranista, sempre prestigiei estes dias solares, estes dias de mar aconchegante com o sol causticante e fator 30 na pele além de boné e camiseta para não torrar, literalmente falando.
Nestes anos todos, porém, revisei minha gratidão ao deus-sol com dois episódios que vivenciei. Primeiro, o que aconteceu há uns 15 anos, quando tivemos uma semana de sol maravilhoso na praia de Arroio do Sal, com noites divinas de estrelas mil, mar quente e limpo. Porém, para atrapalhar, tivemos a companhia durante todo o veraneio do maldito vento nordestão, que a partir da velocidade de 30km não deixa mais guardassol em pé e varre tuas pernas com a areia salgada da praia, crivando a pele com micro tiros desconfortáveis, melhor, insuportáveis. Só quem já levou esta metralhada de areia das praias gaúchas num dia de nordestão destemido sabe do que estou falando. Além do que, a boca salga e fica crocante com aqueles micro grânulos de areia entranhados entre os dentes. Sorvete tem gosto de soro e cerveja tem gosto de salmoura. Ninguém aguenta, tanto é que num dia de nordestão na praia, só se vê guaiacas do interior que pela primeira vez tiveram contato com o mar e destemidamente enfrentam este vento. O nordestão é como praga: quando aparece, todos fogem dele.
Então, vivenciei mais uma forma inusitada de veraneio no ano passado, verão de 2010. Estivemos dez dias em Tramandaí e os dez dias foram de um céu azul inimaginável, de um sol causticante, de dias inteiros sem brisa e noites mormacentas e abafadas. A temperatura em nenhum daqueles dias baixou de 22 graus na madrugada. Quem vê de fora, diz: "Bah, mas um clima destes é perfeito para veranear!" Também dizia e achava a mesma coisa. Só que, quando tu ficas desconfortável embaixo do guardassol, quando não sopra sequer a respiração de quem está do teu lado e o sol começa a se mostrar, rapidamente a temperatura vai às nuvens e acho que embaixo do guardassol, como o reflexo da areia branca, a temperatura facilmente beira os 50 graus. Ninguém aguenta. Se não tiver aquela brisinha abençoada, tudo torra. Então íamos para o mar para refrescar o corpo daquele guardassol causticante e o mar estava morno. Melhor, quente. Cheguei a suar dentro do mar de Tramandaí (ninguém acredita!), com o suor escorrendo pela face e costas, também brotando das dobrinhas.
Depois destes episódios, pensei: "Só faltava pegar uma semana com chuvas!"
E eis que aconteceu neste último veraneio, confirmando todos os prognósticos das colunas dos meteorologistas. Mas, como tudo merece ser olhado com outros olhos e dali tirar proveito, confesso que as férias foram maravilhosas. Todos os dias fomos para o mar, mesmo com tempo fechado, as vezes chovendo levemente, as vezes um pouco mais forte, mas pude ver um mar diferente, que não conhecia. O mar de chumbo. É, este mar tem outra cara, parece não tão amigável, mas depois do primeiro contato cm ele, vê-se que ele tem tantos encantos quanto o do dia de sol. Talvez a paisagem não seja tão encantadora, mas veranear com tempo nublado ou leve garoa também é fascinante. Cofesso que meu veraneio foi dez! Ameiiiii!

Aqui algumas fotos do mar Cor de Chumbo deste último veraneio.

(clique nas fotos para ampliá-las)