Pe. Balduíno Rambo era irmão de meu pai, e apesar de eu ter apenas 4 anos quando ele faleceu, me lembro muito bem dele. Ele trazia sapos, rãs e pererecas que caçava no interiorzão para levar a Porto Alegre e estudar o seu comportamento. Aliás, dizem que ele foi na realidade o primeiro ecologista do Brasil, estudou minunciosamente toda a geografia do Rio Grande do Sul de onde fez o livro: A Fisionomia do Rio Grande do Sul. Naturalista, botânico, antropólogo, arqueólogo, poliglota (falava: português, alemão, inglês, francês, italiano, espanhol e grego), ele deu o nome a uma espécie de formiga que descobriu ainda não ter sido catalogado. Também tem várias plantas que ele catalogou. Era ferrenho defensor da manutenção do nosso alemão Hunsrickisch sobre o qual fazia diversos artigos para revistas e jornais. Impasciente, desempenhava três atividades ou mais ao mesmo tempo. Religioso, santo, fazia sermões dignos de serem transcritos pela beleza de seus ensinamentos. E quanto eu me lembro, quando ele passava lá em casa, eu tinha um medo incontrolável de suas botas. Ele calçava botas de cano alto e elas me atemorizavam. Até que um dia ele passou lá, trouxe um latão cheio de sapos em sua Land Rover e um punhado de balas. Me deu as balas e ofereceu seu colo para me levar até o latão a fim de ver os sapos. Esta cena nunca mais esqueci: Eu no colo do tio, olhando para aquele latão cheio de sapos.
UM POUCO SOBRE SUA HISTÓRIA COLHIDO NA INTERNET:
Nascido em 1905 no município de Montenegro, Pe. Balduíno Rambo viria a ser um dos
maiores especialistas de Botânica do Brasil, sendo sua obra reconhecida no mundo inteiro pela riqueza de detalhes e experimentos. Deu aulas de Geografia e Ciências Naturais no Colégio Anchieta em dois períodos distintos: de 1931 a 1934, quando sai para concluir sua formação jesuítica; e depois de 1939 a 1961. Também foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde lecionou até seu falecimento, em 1961.
É simplesmente incrível e espantosa a soma de trabalhos que Pe. Rambo realizou em seus 56 anos de vida. Sua dedicação à botânica resultou num acervo de plantas, que, em 1948, já chegava a 50 mil exemplares, cerca de 90% da flora nativa. As publicações científicas passam de 1.600 páginas e por seus trabalhos era conhecido internacionalmente.
Nos anos de 1950 foi convidado para visita às principais universidades dos Estados Unidos e Alemanha, a fim de divulgar seus estudos. Sua primeira grande obra literária foi escrita em 1942: A fisionomia do Rio Grande do Sul trazia um verdadeiro retrato físico do Estado, com texto, mapas e ilustrações paisagísticas, feitas a partir de fotos tiradas em viagens aéreas por todo o território gaúcho. Mas sua maior obra literária e científica, segundo o próprio Pe. Rambo, é seu diário, escrito de 1919 a 1961. São mais de 10 mil páginas escritas em alemão gótico sobre os mais variados assuntos, inclusive suas aspirações e conflitos pessoais.
A brevidade da vida Pe. Rambo não foi obstáculo para sua plena realização. Era um homem superdotado pela natureza, e pela graça, que leu com extrema agudeza os sinais do seu tempo e exauriu todas as possibilidades que este lhe oferecia. Um jesuíta apaixonado que andava no Jardim de Deus com todos os sentidos atentos para ver, ouvir, cheirar, tocar, usufruir de suas belezas e assim poder colocá-las à disposição de seus irmãos.
(MEYRE, Marlise Regina, http://www.museumin.ufrgs.br/)
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961 - Retrato da família Rambo
O padre Balduíno Rambo, com sua família, em Tupandi
Balduíno Rambo, nascido em Tupandi, foi um dos maiores intelectuais gaúchos. Destacou-se como cientista, ambientalista e historiador. Foi grande professor e editor.
(de pé da esquerda para a direita): Apolônia e Raimundo Graef (tio e esposa), Maria Orth, Fridolino (tio e esposa), Tecla Leopoldina (irmã Antônia - tia) e João Bertoldo (meu pai). Sentados, Padre Roberto (tio), o pai Nicolau (meu avô), Balduino (tio), a mãe Gertruda (minha avó), Arthur Braz e Ana (tios).
A foto acima retrata o momento em que ele, tendo sido ordenado sacerdote, resou a sua primeira missa na localidade de Tupandi. Fato ocorrido em 7 de novembro de1936.
Na foto, o padre Balduino aparece com seus familiares.
Segundo pesquisa feita pelo Padre Rambo, o casal Mathias e Susanna, que emigrou da cidade de Loeffelscheid da região do Hunsrück na Alemanha, em 1828, foi o precursor dos milhares de descendentes dos Rambo no Brasil.
A linha dos antepassados de Balduino Rambo é a seguinte:
Mathias Rambo X Susanna Hochscheid
Pedro Rambo X Juliana Simsen
Pedro Rambo F º X Bárbara Brand
Nicolau Rambo X Gertrudes Vier
Os filhos de Nicolau e Gertrudes foram:
Balduíno Rambo
Raimundo Rambo
Fridolino Rambo
Roberto Rambo
Ida Maria Rambo
Ida Rosalina Rambo
Tecla Leopoldina Rambo
João Bertoldo Rambo
Ana Marcolina Rambo
José Rambo
N.N. (menina nati-morta)
Arthur Blásio Rambo
Aqui, um lindo trabalho em pdf: A Fisionomia do Rio Grande do Sul para download:
http://assecan.org.br/download/cad31miolo.pdf
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(fonte: http://users.cjb.net/rasouza/pe.%20rambo.htm)
http://assecan.org.br/download/cad31miolo.pdf
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(fonte: http://users.cjb.net/rasouza/pe.%20rambo.htm)
Padre Balduíno Rambo S.J. - 50 Anos do Parque Nacional dos Aparados da Serra.
Neste ano de 2007, se comemora os 50 anos deste Parque, mais exatamente, no dia 16 de dezembro.
Consta que é pensamento da UNISINOS, de lançar um livro sobre a obra desse ilustre jesuíta, que nasceu em Tuparendi, no dia 11 de agosto de 1905.
Como protagonista desse evento estou lançando neste meu WEB, esta página para assinalar algumas das suas obras publicadas e alguns dos seus feitos e, principalmente, a do Parque dos Aparados da Serra.
Assim, nesta página, constam:
- uma foto do padre;
- notícia do Correio do Povo do dia 09 de fevereiro de 1957, que relata como surgiu a idéia do Parque;
- reproduções de trechos dos 3 artigos que eu escrevera sobre ele;
- relação de algumas de suas obras, publicadas em vida e pós-morte: "Além da Fisionomia do Rio Grande do Sul"; "Elementos de História Natural"; "Em Busca da Grande Síntese"(3 volumes); "Três Anos no Planeta Marte"; "O Rebento do Carvalho - Contos Dialetais"(2 volumes).
O nosso primeiro artigo, de 11/09/1986: "25 Anos Sem Balduíno Rambo": escreveramos: "Aos doze dias do mês de setembro de 1961, falecia, em Porto Alegre, o Padre Balduíno Rambo. Foi Professor do Colégio Anchieta e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além de ter dirigido o Museu de Ciências Naturais da Secretaria de Educação.
Era um profundo conhecedor da nossa flora e fauna. Tendo em seu herbarium cerca de 80.000 espécies vegetais devidamente classificadas e arquivadas. Também escreveu diversos artigos e obras científicas, entre elas, a "Fisionomia do Rio Grande do Sul", que lhe valeu a fama internacional. Devido ao seu amor à natureza, era um ferrenho defensor da Ecologia, como deu prova a consecução de vários feitos que hoje testemunham o seu idealismo e pertinácia...
... Escrevo estas linhas por dois motivos:
- O Primeiro, porque julgo que sou devedor de homenagem a este saudoso amigo. Coisa que nao pude fazer or ocasião de seu falecimento, por estar na França realizando um estágio técnico. Soube do fato por missiva de meu pai, na qual anexara um recorte do Correio do Povo comunicando a triste notícia.
- Em segundo lugar acho que a atual e futuras gerações devem tomar conhecimento da obra deste defensor do "habitat"e a sociedade gaúcha ainda não marcou adequadamente a sua passagem entre nós, pois com o seu nome, pelo que me consta, há somente uma Fundação e uma escola pública, de âmbito muito local. Estou aqui sugerindo que seja anexado, à denominação do Parque Nacional dos Aparados da Serra, o nome deste cientista.
O segundo artigo, de dezembro de 1997:
"PARQUE NACIONAL DOS APARADOS DA SERRA - BALDUÍNO RAMBO", descrevíamos quem era Balduíno Rambo, nós reiterávamos esta sugestão e apontávamos as entidades que nos apoiavam nesta sugestão, tas como: Associação dos Antigos Alunos do Anchieta e a Associação dos Antigos Alunos da Universidade Federal do Ro Grande do Sul.
Posteriormente, recebemos a solidariedade do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
O terceiro artigo, de dezembro de 1998: "REFLEXÕES SOBRE A PERSONALIDADE E A OBRA DO PADRE RAMBO", foi a nossa saudação por ocasião da instalação do Recanto Cltural Padre Balduíno Rambo, dando os parabéns para o fato, mas, também mostrando que a nossa luta, pela anexação do seu nome ao Parque continuava.
Graças a ele que temos, entre outros: um Jardim Botânico, um Jardim Zoológico e o Parque Nacional dos Aparados da Serra.
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“Simplesmente incrível e espantosa a soma de trabalhos que o Padre Rambo realizou nos 56 anos de vida.” Estas palavras servem bem para iniciar a apresentação deste que foi, sem dúvida alguma, o maior naturalista que o Rio Grande já viu.
Nascido em Tupandi (1905), filho de agricultores, Balduíno Rambo sempre foi um estudioso das coisas da nossa terra. Cursou filosofia na Alemanha, fez magistério no Colégio Anchieta, e conclui sua formação de jesuíta no Seminário Central de São Leopoldo. Lecionou no Colégio Catarinense, no Colégio Anchieta e na UFRGS. Mas não só pela excelência de suas aulas de ciências, antropologia e etnografia o Pe. Rambo é lembrado. Dedicou boa parte de sua vida ao estudo da botânica do extremo sul do Brasil. |
Seu entendimento da paisagem do Rio Grande, desde a mais insignificante (palavra que certamente não existiu me seu vocabulário) plantinha até os grandes conjuntos fisionômicos dos campos e matas, e a maneira com que perpetuou isto em seus textos, dosando o rigor da ciência e a amenidade da poesia, são insuperáveis.
Da sua obra mais bonita, dedicada não apenas ao acadêmico das ciências, mas a todo que deseja entender a sua terra, extraímos o trecho que segue. Que o Padre Rambo nos perdoe a infâmia por fragmentar tão belo trabalho, mas o fazemos apenas no intuito de incentivar o leitor a conhecer “A Fisionomia do Rio Grande do Sul” por completo. A Grandiosidade do Saber Natural De per se estéreis em elementos estéticos, os conhecimentos de geologia, petrografia, botânica, zoologia, quando caldeados numa unidade harmônica de um espírito bem formado e inclinado ao belo, aumentam essencialmente o gozo estético, permitindo ver as causas e os efeitos, interpretar as formas e as figuras, penetrar nos problemas e nos enigmas, parar reverente diante do mistério indecifrável da Criação e do Criador, enfim, do que é, e do que será, ritmo misterioso que eleva os seus acordes até o trono de Deus. Assim o belo na paisagem não é senão a expressão do parentesco íntimo do espírito humano com o mundo que o rodeia, e com o Criador que está acima dele. Tanto a abstração completa do belo na ciência pura, como a projeção de sentimentos puramente subjetivos sobre a paisagem não correspondem à realidade total. A realidade total, esta está na resposta com a que a alma simples e sã reage às impressões da paisagem harmônica ou grandiosa: o sentimento do belo.” *Biólogo Julian Mauhs Biografia Desde cedo foi interessado pelas ciências naturais. No ginásio iniciou sua coleta de plantas, tendo logo juntado uma grade coleção. Após ter completado o noviciado no Brasil, cursou filosofia em Pullach. Na Alemanha, aproveitava os dias de folga para excursões científicas, cujos resultados foram publicados em revistas alemãs e brasileiras. Voltou ao Brasil, em 1931 e tornou-se professor de história natural no Colégio Anchieta em Porto Alegre, onde ficou até 1933. Estudou teologia no Seminário Conceição de São Leopoldo, ordenando-se em 1936. Voltou a lecionar no Colégio Anchieta, onde fixou e residência e passaria a maior parte de sua vida. Foi fundador da cátedra de Antropologia e Etnografia da UFRGS em 1940, também lecionou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Leopoldo, futura Unisinos. Fez campanha pela criação de um Jardim Botânico em Porto Alegre e consegui que o Itaimbezinho fosse declarado Parque Nacional. Suas pesquisas botânicas resultaram num acervo de plantas de 50 000 exemplares, em 1948, cerca de 90% da flora nativa. Em 1942 publicou sua primeira grande obra, A fisionomia do Rio Grande do Sul, uma descrição detalhada da geografia do estado, incluindo mapas e 30 ilustrações paisagísticas, feitas a partir de fotos áereas tiradas por ele em viagens por todo o território, realizadas com um avião do terceiro Regimento de Aviadores de Canoas O seu diário, considerado por ele sua maior obra literária e científica, escrito de 1919 à 1961, contém os mais variados assuntos, inclusive suas aspirações e conflitos pessoais. Parte destes escritos foram publicados na obra Em busca da Grande Síntese Foi redator do principal veículo de comunicação jesuíta no estado, a revista Sankt Paulusblatt, destinada à formação e à informação dos colonos teuto-brasileiros católicos. É a revista católica em língua alemã mais antiga do Brasil, uma das poucas que voltou a circular após a campanha de nacionalização empreendida pelo Estado Novo, circulando até os dias de hoje. Fonte: http://roessler.org.br/pesonalidades/padre-balduino-rambo/ |
Boa tarde
ResponderExcluirLiguei para vc hoje, vc nao estava. Daniel Candelaria a respeito da familia Rambo. Gostaria de obter informações sobre a árvore e onde encaixo meu bisavô Alberto Rambo que veio de Montenegro.
Meu email
danielludtke@hotmail.com
Daniel 98554407