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O causo do CAMINHÃO DE BOMBEIROS ALEMÃO
O "causo" que estou anexando foi relatado por Robervaldo Degudi (não conheço) e apareceu no "Jornal Litoral", do dia 7 de fevereiro desse ano.
Eu achei uma história muito engraçada e gostaria de compartilhar.
Vocês podem não acreditar, mas o Corpo de Bombeiros Voluntários de Barra Velha precisou aprender a falar alemão para dar maior segurança à comunidade!
Eu explico: quando se instalaram às margens da BR-101, os bombeiros estavam carentes de recursos para desempenharem sua função. Tinham, por exemplo, uma ambulância velha e decrépita, carinhosamente apelidada de “melancia”. Porque era vermelha e cheia de pontinhos pretos – de ferrugem, claro.
Imagine o alívio e alegria dos valentes soldados, quando chega a notícia que ganhariam um caminhão totalmente equipado – e novo! – para apagar o fogo.
Uma doação da República (Federal) da Alemanha.
Era realmente um caminhão impressionante. Com tudo o que seria necessário para enfrentar um incêndio.
Claro que foi feita uma cerimônia de entrega com todas as formalidades, discursos, aplausos, parabéns...até que o Prefeito solicitou ao comandante que fizesse uma pequena demonstração do equipamento.
Pra quê! Os nomes escritos em todas as partes que poderiam ser manuseadas, estavam em língua alemã!
Se o comandante não fosse um homem forte, teria desmaiado alí mesmo, ao confessar sua ignorância quanto ao funcionamento do caminhão. E, por força do contrato de doação, estava proibido fazer qualquer alteração no veículo por um período de 2 anos. Teriam que deixar aqueles escritos do jeito que estavam, sem apagar, sem acrescentar absolutamente nada...
O comandante ficou uns três dias olhando o caminhão, folheando o manual, sem entender nadinha do que estava escrito. Desgostoso, foi até a margem da BR-101 e olhando para o outro lado, achou a solução! Lá estava o galpão onde seu Rupert, um alemão “legítimo” (veio de Munique) mantinha uma estrebaria para cavalos de passeio e charretes.
Seu Rupert prontificou-se a ajudar.
- “Teicha comigo, nóis quebrrra essa” – prontificou-se o Rupert, já absorvendo um pouco da nossa gíria.
Por uma questão de segurança, optaram então por usar os controles com seus nomes originais, em alemão mesmo, para evitar enganos graves.
Após muitos meses de treinos, os soldados estavam prontos para a ação. Até com sotaque cheio de “erres”.
Vocês nem imaginam como foi a primeira vez que foram chamados para a ação. Foi na praia do Grant, onde um barco que estava na areia para reparos pegou fogo.
Foi coisa de cinema. Aquele baita caminhão vermelho-sangue, imponente, descendo o morro, com a soldadesca uniformizada, agarrada nas grades laterais, as luzes piscando, a sirene berrando a todo volume...
Já era início de verão e a praia já estavá com muitos veranistas, além do pessoal nativo, pescadores principalmente.
O comandante, majestoso, o capacete brilhando, desceu do caminhão e começou a dar as ordens, para estupefação geral dos presentes:
- Zezinho – iniciou ele – pegue a erster Zwischenschlauch;
- Beto, puxe a zweiten com o Wasserspritze;
- Franco, engate na Ausgangventil links, schnell! Schnell!
- Cacau, acione a Druckpumpe assim que eu der o sinal!
- Batista, ajude o Vardo com com a dritte Zwischenschlauch, a gente vai precisar.
- Cacau, agora acione a Hilfspumpe; achtung, cuidado com o vento!
-Franco, não esqueça da Ventil der Druckregulierung; - aumente o Spritze.
- Batista, volte e suba para ver como está o Wasserkapazitätsmesser!
Como bom comandante que era, ele ia junto com seus comandados até onde estava o fogo.
- O incêndio é de óleo diesel, pessoal! – disse ele. – Batista, ligue a Ventil des Schaumgummigenerators e cuidado para não fechar a Ventil der Luftgegenkraft.
- Beto, mude o Spritze pro Breitstrahl, o Wasserwand não é mais necessário. Feche a Ausgangsventil.
E assim debelaram o fogo no barco do Zé Malavão.
Os aplausos foram ensurdecedores e muito merecidos, pela competência dos “homens do fogo”
O Comandante então mandou enrolar as Schlaeuche, guardá-las no Schlauchspint e emocionado agradeceu as pessoas na praia – Wir sind Dankbar, pessoal!!
E passando pelos seus comandados, disse com os olhos marejados de lágrimas: - Um grande Dankbar para vocês também, rapaize.
Em posição de sentido, conta-se que os bombeiros responderam: - Jawohl, Herr Comandant!
Dizem que teve gente que, de emoção, até chorou em alemão!
Espetacular a narrativa. Valeu o esforço para entender que nem precisava saber nada de alemão. As expectativas foram atendidas na totalidade e, o mais importante, salvaram o barco do Zé. Até parece que o autor estava presente durante todo o desenrolar da história.
ResponderExcluirParabéns!
Verlim
7 de junho de 2012