Veículos de Antigamente.
Eram uma vez os tempos onde poucas pessoas viajavam. Principalmente por causa das dificuldades de se tomar uma carona ou embarcar num ônibus.
Os ônibus eram raros e só raras vezes atravessavam a colônia. Quem então precisava pegá-los, tinha que se preparar para perder um bom tempo com conversa fiada em frente às paradas de ônibus. Quem viajava para a cidade, tinha que ficar sentado ou de pé no ônibus de duas a três horas até que ele chegasse lá cheio de vida e cheio de grandes negócios.
Na época existiam os homens que viajavam quase toda a semana. Eles já tinham começado seus negócios e ir para frente só com estes negócios e a boa vontade era difícil. Muito era feito então... debaixo das cobertas, na maciota.
Naqueles tempos as pessoas também pagavam as passagens para ida e volta. E assim, os passageiros tinham que saber como eles preferiam as passagens.
Sempre que possível, viajavam a Ida e a Rosalina, sua irmã. Um dia elas chegaram na rodoviária de São Leopoldo e lá tiveram que enfrentar uma enorme fila. Quando, finalmente chegaram na sua vez, o vendedor de passagens perguntou:
- Vocês querem passagem de ida e de volta, ou só de ida?
Ida, não entendendo direito, achou que ele falara 'Ida' e 'Olga', respondeu:
- Não! Para a Ida e a Rosalina. Nem conheço a Olga.
O vendedor só fez que não com a cabeça e providenciou duas passagens de ida e volta,
além de perder vários minutos para explicar como funcionava o negócio das passagens. A Ida então olhou atravessada para a Rosalina e disse para o vendedor, como se não quisesse nada com nada:
- Então está! Faça as passagens como deve ser. Como já estavam prontas, o vendedor as entregou e as duas saíram dali reclamando do mau atendimento. Coitado do vendedor!
Por outro lado, os veículos antigos eram construídos com madeira. Era o motor com o chassis e em cima tudo feito de madeira. Só os abastados tinham condições de ter um.
Os ônibus, também de madeira, tinham um corredor comprido cheio de bancos e não tinham janelas, só um teto de lona. Era a madeira que segurava o teto, e por meio de cada moldura em cada fileira de banco se podia ver uma pessoa sentada para admirar a tudo.
Então, nas barras que seguravam o teto, tinha uns ganchos para os passageiros pendurarem suas guaiacas (espécie de saco duplo) de pertences, que ficavam durante toda a viagem pendurados balançando.
E um ônibus cheio de passageiros era bonito de ver porque os ganchos estavam sempre cheios de guaiacas. As pessoas do interior, ao ver o ônibus passando, apontavam admiradas para estas guaiacas dizendo:
- Olha só! Lá viaja o pessoal da cidade com seus sacos pendurados para fora!
Também existiam os velhos carros que tinham o para-lamas da frente saliente e o de trás também, e assim protegiam a porta lateral do barro das estradas. Eram mais ou menos como eram os fuscas, com o para-lamas saindo pra fora do resto do corpo do carro. A proteção sempre funcionava bem. Só, às vezes, tinha carros com buraco carcomido pela ferrugem nestes para-lamas. Então, quando passavam pelas estradas lamacentas, juntavam pelo buraco para o lado de cima uma bola de barro, logo perto da porta.
Muitos deboches sempre eram feitos a respeito disto porque isto ficava muito engraçado. Então as pessoas diziam:
- Gostam tanto de nosso barro que estão levando amostra com eles!
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