segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dia Especial para Comemorar


    Hoje fazem 22 anos que parei de fumar. Foi uma das melhores atitudes que tomei na vida, pois na época o cigarro ainda tinha um pouco daquele falso charme que todos lhe davam e deixar o vício não foi fácil.
    Fui fumante no tempo em que existiam somente algumas marcas de cigarro e com certeza as plantações de tabaco não recebiam cargas tão elevadas de agrotóxicos. Comecei fumando a marca Mont Blanc. E comecei por besteira, pois estava tentando conquistar uma garota e ela me disse que se quisesse namorá-la primeiro tinha que virar homem e saber fumar. Tinha 16 anos e como muitos dos meus amigos e colegas fumavam, entrei na onda. E os encontros com a garota evoluíram. Quando finalmente estava viciado no cigarro, ela me deu o fora.
    A migração entre marcas de cigarro é relativamente comum entre os fumantes e quando parei, estava fumando Minister. A gente brincava sobre a marca dizendo que significava: Minha Inesquecível Namorada Isto Será Tua Eterna Recordação. Hehehe! Só se era a nhaca que ficava entranhada nos dedos, roupas e hálito.
    Bom, sobre parar de fumar, antes de mais nada deve-se ter verdadeiramente o desejo de não fumar mais. Enquanto estiver em dúvida, jamais haverá de parar. E eu já estava com este desejo, pois dois irmãos meus já haviam deixado de fumar. Segui o conselho de um amigo que parara de fumar, que me ensinou a todo o dia comprar uma carteira de cigarros e tirar o número de pitos que queria eliminar. Na primeira semana tirava todo o dia um cigarro e punha no lixo. Na segunda, tirava todo o dia 2 cigarros e descartava. Assim por diante. Depois de 20 semanas, pararia de fumar. Segui seu ensinamento e quando estava fumando 8 cigarros por dia, dos 20 que antes eram necessários, parei definitivamente. A gota d'água foi uma história que vou contar agora:
    Naquela época estava construindo minha oficina. Meu primeiro filho estava com 1 ano de idade e vivia indo comigo para todos os lados. Um dia, ao meio-dia, peguei o garoto no colo e fui vistoriar o trabalho que os pedreiros estavam fazendo. E, é claro, acendi um cigarro e fui lá com o garoto no colo e fumando.
    Enquanto estava olhando tudo com atenção, cigarro na boca, o garoto pegou com sua mãozinha em cheio o cigarro aceso e queimou a palma da mão. Chorou muito e eu me senti o último dos pais por ter deixado acontecer isto. A criança na sua ingenuidade achou bonito aquela luzinha vermelha na ponta do cigarro e quis pegar. Fiquei arrasado. Isto foi no dia 20 de junho de 1988.
    No dia seguinte, 21 de junho, entrada do inverno, o clima estava úmido, havia chuviscado a noite toda. Como sempre, oito e pouco fui para a oficina. Estava sem cigarro pois só estava mais fumando 8 por dia. Abri a oficina, peguei dinheiro e fui comprar cigarro na frente, onde funcionava um bar. Quando voltei para a oficina, abri o maço, tirei o primeiro cigarro. Os 12 que estava descartando foram para o lixo. Quando bati o isqueiro para acender o pito, voou longe a pedrinha que faz a faísca. Maldisse o isqueiro. Lembrei que tinha um isqueirinho guardado (foto abaixo da matéria) que tinha a pedra mas não tinha gás, peguei e fazendo faísca com o isqueirinho acendi o que estava com gás e sem pedra.
    Dei uma profunda tragada, olhei para os dois isqueiros e pensei: "Como eu sou idiota! Além de estar prejudicando minha saúde e queimar a mão do meu filho ainda banco o palhaço para acender o cigarro! Vou parar agora!" - Apaguei o cigarro e daquele momento até hoje não pus mais cigarro na boca.
    Dos dias que se seguiram restam pesadelos pois foi muito difícil conviver com o dia-a-dia sem a nicotina. É terrível nos primeiros três dias. Depois, gradativamente vai desaparecendo o desejo de fumar e em meio ano a gente se habitua a viver sem nicotina. Mas, de uma coisa tenho plena certeza: hoje é um dia para comemorar mesmo! viva a saúde!!!!


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