segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Ruivo


Desde que o mundo gira existem pessoas infiéis. Os seres humanos ainda viviam pelas cavernas, e já as mulheres traíam os maridos e os homens já bobeavam as mulheres.
    Ouve-se histórias sobre pessoas infiéis todos os dias. Muitas vezes resulta até em mortes. Sempre é difícil para quem é enganado. O ser humano, no casamento, não quer se repartir.
        Na colônia ainda é mais difícil que na cidade porque lá as pessoas se conhecem e assim que isto aconteceu, toda a comunidade já fica sabendo.
    Quando na traição uma criança é gerada, então o mundo está perdido. Quantos casamentos se desfizeram por causa de uma criança que foi gerada pela traição da mulher! Isto sempre está acontecendo por aí. Então as crianças sempre são parecidas com o pai ou com a mãe, ou misturadas. Mas sempre têm semelhanças com um dos dois.
    Quando a criança não se parece com os dois, então a desconfiança está aí. E assim aconteceu uma vez em Arroio Verde, perto de Feliz.
    Era uma família, o homem o Pedro, a mulher a Cecília e  cinco filhos. Quatro morenos e um rúivo. Todos eram parecidos entre si.  Mas o rúivo era bem difente dos outros.
    O Pedro já desconfiava desde o garoto nasceu de que ele não era seu filho, então ele perguntou:
    - Cecília, me diz a verdade: o pequeno rúivo com certeza é meu?
    Ela respondeu:
    - Sim, Pedro, por Deus do Céu! O rúivo com certeza é teu. Tu o deves amar como verdadeiro filho teu.
    Mas o Pedro não tinha tanta certeza sobre o garotinho. Onde já se havia visto isto: os quatro primeiros filhos todos de cabelo preto, sem sardas no rosto e todos com um comportamento parecido. O pequeno rúivo, completamente diferente, não se deixa mandar direito e ainda por cima, tem o rosto cheio de sardas, algo que ninguém na família tem.
    O tempo passou, as crianças cresceram e Pedro nunca aceitou plenamente que o rúivo fosse seu filho. Um dia, ele acabou no hospital e os médicos descobriram que ele era doente terminal. Então ele mandou vir a família. Quando a esposa estava com ele, ele disse:
    - Cecília, pela última vez. Me diz a verdade porque estou morrendo e não gostaria de levar comigo uma dúvida. O rúivo é realmente meu filho?
    - Então, Pedro, como não pode ser diferente, vou te dar a real: o rúivo com certeza é teu filho!
    - Mas como, então? Como pode ele ser diferente dos meus outros filhos?
    - Falando sinceramente, o rúivo é teu filho, sim!  É que os outros quatro são filhos do vizinho!
  (Qualquer semelhança é mera coincidência.)

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