quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Hora da Faxina: Pessoas Guerreiras



Pessoas Guerreiras
Sempre tive uma admiração especial por pessoas guerreiras. Sei lá. Talvez seja porque eu, apesar de tomar a dianteira de muitas decisões, tenho momentos onde fico perdido para escolher o que é mais próprio para aquela ocasião. Pessoas guerreiras não! Elas sempre tomam a iniciativa, mesmo que isto não seja exatamente o processo normal, correto, e não medem consequências.
Pessoas guerreiras geralmente são autênticas. Elas não escondem nada porque no momento de ir à luta teriam uma bagagem muito pesada para levar consigo, caso fossem falsas, artificiais. E pessoas autênticas sempre são leves, não têm rotina, não têm hora. Para elas, toda hora é a hora certa, nem que seja sair da cama às três da manhã para ir à praia e proporcionar um nascer de sol para uma pessoa que nunca havia visto este espetáculo da natureza. E depois deste espetáculo visto e registrado em fotos, mostrando o sorriso de quem viu isto pela primeira vez, voltar a tempo de pegar os pães-de-queijo quentinhos da padaria da esquina para tomar um café da manhã tranquilo em casa.
Pessoas guerreiras conseguem driblar seu cansaço e sua rotina para acompanharem alguém a quem têm carinho especial no hospital, mesmo sendo noites de vigília, de pouco sono, mas pelo fato único de que seu amor por esta pessoa especial merece todo este envolvimento, toda esta abnegação, toda esta mudança de rotina. E mesmo que as olheiras denunciem noites mal dormidas, o espírito interior destas pessoas guerreiras continua altivo, firme, forte, valente e destemido. Nada dobra a determinação nem a decisão destas pessoas. E, mesmo cansadas por dentro, no semblante carregam seu bom humor costumeiro, fazendo todos sentirem sua força e seu potencial.
Pessoas guerreiras sabem sempre o que querem. E o que querem sempre é o certo. Dificilmente erram. Porque estão prontas para lutar por algo que seja edificante. Pessoas guerreiras nunca lutam para destruir algo ou alguém. Sempre entram na luta para melhorar, para o bem e para o benefício de alguém. E nunca serão diferentes. Porque então, seriam pessoas cruéis, não guerreiras. Atrás de si deixam um rastro de admiração por todos que veem de fora esta trajetória tão nobre que elas traçam. É algo que estimula a gente a tentar entrar neste ritmo também. Mas este ritmo é uma arte peculiar a algumas pessoas. Nem todos têm a graça de nascerem guerreiros.
Pessoas guerreiras somente se fragilizam diante de uma situação: quando são tomadas pela intenção má de quem conhece seu mundo e dele tentam fazê-las reféns. Pessoas de luz negra que apelam para muitas tentativas de aniquilá-las pelo simples fato de estarem brilhando. Pessoas mal-amadas que muitas vezes vagam solitárias pelos dias e que tentam pegar carona na luz brilhante das pessoas guerreiras para se sentirem menos densas, mas que nunca o fazem sem tentarem tirar uma parte desta luz. Maldito egoísmo. O brilho das pessoas guerreiras é delas, não tem como tirar. E mais cedo ou mais tarde tudo vem à tona e o facho de luz que poderia ter iluminado estas pessoas de pouca luz, se extingue afundando ainda mais estas pessoas aproveitadoras na escuridão.
Conheço muitas pessoas guerreiras. Muitas. E eu sinceramente gostaria de ser assim também. Mas, me sinto orgulhoso em poder ver esta luz disparada por elas em direção ao bem acontecendo, de perto. Afinal, o bem é sempre o limite de todas as nossas boas intenções. Que o mundo seja preenchido cada vez mais por pessoas guerreiras!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: Sábado de Tardezinha



 Sábado de Tardezinha

  O final da tarde de sábado tem algo místico. Algo mágico. Tantas coisas acontecem no crepúsculo do sábado que fica fácil compor uma crônica falando deste momento memorável. 
   Mas, tomemos como base uma cidadezinha pequena, lá de seus quinze mil habitantes, devotos, trabalhadores e ordeiros. O que acontece numa cidadezinha dessas num final de sábado? Bom, muita coisa...
   Tem os famosos flanelinhas que existem em todos os lugares, que adoram dar uma geral no carro, ou como se diz, uma lambida, deixando eles tinindo. E este é seu programa favorito para a tarde de sábado. Som a mil, misturado ao de outros capôs de carros de flanelinhas abertos, mandando aquela sonszeira.
   Mas, o sábado, que já é meio domingo, em sua tarde faz muita diferença. Muitos aproveitam para cuidar do jardim, cortar a grama, pintar alguma coisa, enfim, se ocupar por terem aquela tarde livre e assim poderem desempenhar funções que em outros dias da semana não seriam possíveis.
   E tem aqueles que tiram o sábado para não fazer nada, a não ser dormir. ficam estarrados pelos sofás com a baba escorrendo que chega a dar nojo, roncando como se tivessem engulido uma moto-serra.
   E ainda, têm aqueles que marcam encontro com os amigos no bar. Ah, aquilo é o paraíso. Competição de música de traição misturado com músicas dos anos de juventude do bebum, churrasco feito em meio tonel na frente do bar, todos com camiseta do seu time e cada um querendo falar, melhor, gritar mais alto para se fazer ouvir, já que a mistura de músicas mata todos os sons ao redor.
   E, aquele boteco, abarrotado de gente, faz o encontro de muitas histórias e muitas gerações. Todos falam ao mesmo tempo. Dedos gordurosos de comer aquele churrasco sem garfo e faca, alguns com gostinho de 'quero-mais' por acharem que foram logrados por comerem mais devagar que os outros, e o tilintar do encontro das bolinhas da mesa de bilhar, onde talvez um sexo reprimido é espocado a cada tacada para encaçapar as coitadas e inocentes bolinhas que nada têm a ver com a situação do seu protagonista.
   Chega o fim da tarde, sinos tocando, é hora da missa. E muitos fiéis se encaminham para a igreja no alto da lomba, passando em frente ao bar. E os frequentadores, óbvio, observavam este desfile dos fiéis atentamente, até para depois comentarem.
   Nisto, veio chegando uma garota linda, cabelos ao vento, de corpo perfeito, pernas esculturais, usando uma mini-saia anã que balançava no bumbum em cada passada, deixando os rapazes ainda mais antenados.
   Quando ela passou na frente do bar, um rapaz de uma turma que estava sentada na calçada não se conteve e perguntou:
   - Nossa, para onde vai este belo par de pernas?
   A garota, envergonhada, olhou para ele e respondeu:
   - 'Se nada se enfiar no meio', estou indo para a missa.

sábado, 21 de novembro de 2015

Hora da Faxina: Forno de Barro





 Forno de Barro

   Um forno de tijolos maciços sentados com barro. Barro do bom! Este era e sempre será o autêntico forno à lenha, de barro, das casas simples do interior. E existem muitos por aí. lembrar um forno de barro é voltar à infância e à fartura dos fins de sexta-feira, quando duas fornadas anunciavam uma semana de repetições: pães, cucas e roscas de polvilho. A primeira fornada sempre era a das roscas porque elas exigiam uma quentura espetacular para se tornarem grossas e aeradas, ao mesmo tempo cozidas por dentro. Depois vinha a fornada dos pães e das cucas. Quinze minutos antes eram postas as cucas ocupando a metade do forno: seis cucas. Depois, acrescentavam-se mais seis formas de pão, para assarem juntos. E a provisão para a próxima semana estava garantida.
   Quem não se lembra daquele cheiro das roscas assando sobre as folhas de bananeira, que aos poucos iam sapecando nas bordas, dando um detalhe de defumado no sabor final. Gosto único, com sabor de mato, que fazia a gente até comer demais. E no fundo, o doce gosto de banana misturado ao sabor da rosca, agregado a partir da folha verde que servia de base à rosca. Era uma arte equilibrar aquela massa mole sobre as folhas antes de estarem assadas.
   Nos idos dos anos oitenta, meu sogro morava no mesmo pátio aqui de casa, em sua casa feita nos fundos da minha. Resolvemos fazer um forno de barro para a sogra pois ela gostava muito de fazer estas gostosuras, além das fornadas de doces de Natal que ela distribuía entre toda a filharada. 
   Ficamos sabendo que tinha um fazedor de forno muito bom. O chamamos, ele fez o orçamento e como achamos o preço justo, o contratamos para construir o forno. Ele pediu o material, providenciamos e o forno foi iniciado. Até meu sogro havia perguntado a ele se não queria fazer uma forma para montar a parte de cima do forno e ele rindo, disse que sabia fazer 'a olho', não precisava de forma. E ele construiu um forno maravilhoso, no capricho. Enquanto ele estava construindo, a sogra um dia em conversa com ele, disse que achava pouca altura dentro do forno, ao que o pedreiro retrucou dizendo que ele sempre fazia assim, pois assava os pães com menos lenha fazendo deste jeito. E ainda disse a ela que fazia questão de ganhar um pão da primeira fornada pois queria ver e saborear o fruto do seu trabalho. E a sogra prometeu dar um pão da primeira fornada a ele.
   Depois de uma semana de trabalho, tudo bem feitinho, os tijolos ligados com barro amassado do próprio pátio, o forno estava pronto. Aqui, como o terreno original era lodoso, dava um barro muito bom para fazer liga de massa para fornos. Enquanto o pedreiro fazia os últimos acabamentos rebocando, finalizando, já foi queimando algumas taquaras com jornal dentro do mesmo forno para 'curar' ele. E no acrescentar de taquaras secas, alguma lenha leve e folhas de jornal, a chaminé do mesmo chegou a assobiar tamanha a troca de energia, deixando a parte de cima, o teto do forno incandescente devido ao calor. Tudo virou uma liga de barro, como um grande vaso.
   Isto aconteceu no final da tarde de sexta-feira. No sábado, a sogra, louca para inaugurar o forno, acordou cedo e fez uma amassada de massa para 8 pães, um pouco mais da metade da capacidade do forno, onde cabiam 12 formas grandes. Quando o pão estava crescido, eu e meu sogro enchemos o forno de gravetos e lenha pesada e ateamos fogo para aquecê-lo. Quando tudo virou cinza, os pães já haviam crescido em suas formas e a sogra colocou eles no forno para assá-los. E todo o processo foi maravilhoso. Só que teve um problema: todos os pães grudaram no céu do forno porque ele tinha ficado muito baixo e os pães, que cresceram bastante, não tiveram espaço pela sua expansão.
   Todos os pães ficaram pela metade. O resto foi posto fora porque era uma mistura de pó de barro com tijolos e massa. Mas um dos pães a sogra preservou e no domingo levou até a casa do pedreiro que não era longe dali, e lhe presenteou com este pão barrento, agradecendo o trabalho maravilhoso que ele havia feito. 
   Bom, pra finalizar, tivemos que desfazer todo o forno e refazê-lo, agora com uma forma de altura suficiente para os pães crescerem sem atingirem o forro.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

As Máximas de Bere: Pensamentos, Reflexões e Verdades

   Pensamentos de Bere que foram postos em cartas escritas há anos, ou mais recentes deixadas escritas em algumas pastas do seu notebook. Bere faleceu em setembro de 2013, mas deixou este legado maravilhoso de ideias que fazia sobre a vida, o dia a dia e o amor.











Pequenas Mentiras, Meias Verdades: A Vergonha



A Vergonha

   Acontecem muitas coisas, muitas cenas no mundo que podem deixar as pessoas constrangidas ou envergonhadas. Imagina uma situação onde você e mais uma pessoa estão no elevador, e você inesperadamente precisa soltar um pum. A pessoa que está com você, mesmo sem ouvir o seu angustiante soltar reprimido, devagarinho em etapas, ao sentir o cheiro logo saberá que você foi o culpado. E você jurava pra si mesmo que não ia feder. A sua desculpa imediatamente sai de sua cara corada pelo budum nauseabundo que tomou conta do cubículo:
   - Desculpe, escapou!
   Mesmo sendo um ato natural, inerente ao ser humano e também a muitos animais é algo que a etiqueta ensina a praticar a sós. E isso que estatisticamente o adulto emana em torno de dezoito puns por dia. A maioria deles, felizmente, são durante o sono onde ouvidos e narizes estão menos sensíveis e tudo passa despercebido.
   E assim, diversas outras situações causam vergonha e constrangimento. E uma delas, completamente inusitada, aconteceu tempos atrás numa vila qualquer neste nosso interiorzão, que vou contar a seguir...
   Zé era  casado com Maria. E o compadre João era muito próximo a eles. Muitos momentos eram compartilhados, afinal ele era o padrinho de dois dos filhos deles, tamanha era a amizade. Zé tinha o costume de ir ao bar nas noites de sextas e sábados para tomar umas cervejas e botar conversa fora com os amigos que tradicionalmente ali se reuniam.
   Numa sexta-feira, enquanto estavam conversando e rindo naquele bar, um deles disse ao Zé que seu compadre estava o traindo com Maria enquanto ele frequentava o bar. Zé começou a rir e disse que jamais Maria seria capaz de cometer tamanha traição, ainda mais com seu compadre. O amigo então falou:
   - Faz o seguinte: amanhã diz pra Maria que vem ao bar para tomar cerveja conosco e ao invés de vir aqui, te esconde no armário do quarto e fica espiando. Tenho certeza que vais pegar os dois no flagra.
   Zé achou interessante a ideia para tirar a dúvida e resolveu fazer isso. 
   No sábado de tardezinha, depois de ter tomado banho ele dei um beijo na Maria que estava na cozinha envolvida com preparos de comida para o domingo, dizendo que ia no bar. Mas ele deu a volta na casa, entrou discretamente pela porta da frente e foi se esconder no armário do quarto. Deixou uma pequena fresta entreaberta de onde enxergava toda a cama.
   Não demorou muito, ouviu conversa animada lá na cozinha, ele já reconheceu a voz do compadre João. E já os dois chegaram animados ao quarto, tirando lentamente as roupas. Zé observava tudo. Quando finalmente viu sua Maria completamente pelada, seios no umbigo, pelancas da barriga descendo até o meio das coxas, tapou os olhos e cochichou para consigo mesmo:
   - Nossa, que vergonha do João. Não tinha imaginado que minha mulher estava tão acabada!

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Hora da Faxina: Adivinha Quem Está Falando?!?



 Adivinha Quem Está Falando?!?

   Tocou o telefone. Eu fui atender, disse "Oi" e, para minha insatisfação, no outro lado da linha uma voz familiar, mas desconhecida, retrucou:
   - Oi! ...Adivinha quem está falando?!? 
   Já odeio de cara receber este tipo de conversa quando alguém me liga. Mas, mesmo revirando meu pensamento em busca do nome daquela voz familiar, não consegui juntar o timbre a algum nome. Até houveram algumas cogitações, mas receber ligação de uma pessoa a cada dois anos, mesmo que a conheça, não tem como associar a voz ao nome. Mantive o silêncio, afinal, não sabia quem era. E, no outro lado da linha, a pessoa parecendo se divertir com a saia justa que me havia metido, ainda ficou cantarolando em suspense: "La-la-ri-la-la-la." Ia repetindo aquilo de um jeito de tortura tal que me deu vontade de bater o telefone na cara. Afinal, eu estava iniciando o dia de trabalho e não merecia este tipo de comportamento pela pessoa do outro lado da linha, nem que fosse cliente. 
   Eu, com uma vontade infernal de mandar enfiar o telefone naquele lugar, respirei fundo e num tom de sorriso amarelo respondi:
   - Não sei se você sabe, mas telefone de linha ainda não tem câmera onde a gente consiga ver quem está do outro lado da linha. E eu sinceramente não consigo associar sua voz a algum nome. Portanto, seja gentil e diga quem é e qual é o assunto. Então conversaremos.
   Uma risada sarcástica ecoou do outro lado da linha. Feminina, mas maquiavélica. Do tipo: "Ah, agora te tenho em minhas mãos, tá dominado!" Aos poucos meu sangue começou a fervilhar. Eu estava detestando aquela situação e a pessoa do outro lado estava se deliciando com sua forma oculta e desconhecida de me torturar. Senti literalmente minhas vísceras me embrulhando. E a voz continuou sua forma de me dominar, agora chantageando:
   - Sinceramente não pensei que você um dia não fosse mais reconhecer minha voz. ...Não vou dizer que magoei, mas fiquei chateada. Poxa, tem tantas coisas que já vivemos, tantas histórias que aconteceram em nosso meio, nosso meio comum... E agora você me diz que não consegue juntar minha voz a minha pessoa? Será que sou tão pouco importante em sua vida, minha pessoa conta tão pouco, que não tens mais o registro de minha voz em sua mente?
   De irritado meu sentimento foi se transformando em desumano. Poxa, pelo jeito a pessoa era bem próxima a mim, e eu não consegui ligar sua voz a alguém. Estava começando a me punir por tamanha falha. Então eu disse:
   - Desculpe, mas sinceramente, apesar de eu conhecer sua voz, sei que a conheço, mas não consigo associar a uma pessoa. Por favor, diz que é, então vamos conversar.
   Aquela ligação no início da manhã já havia estragado todo meu dia mesmo, agora não faria mal se ficasse conversando durante uma hora. Talvez conseguisse me redimir pela falta de lembrança. Eu estava me sentindo como um verdadeiro idiota ao quadrado. Sim, por duas vias estava sendo o idiota: por deixar me levar com aquela conversa do:"Adivinha quem está falando!" e por outro lado, por ter esquecido do nome da pessoa com aquela voz.
   Nisso, apesar da pouca troca de palavras, já havia passado um bom tempo ao telefone. Eu não sabia o que fazer, se desligava ou se continuaria, porque do outro lado da linha a voz calou esperando eu dizer um nome mágico tirado do meu subconsciente que fizesse sair aquela imagem da 'cartola mágica' e me fosse apresentada a pessoa da ligação telefônica.
   Depois de um intervalo, a voz do outro lado falou:
   - Bom, já que não reconhece minha voz, vou dizer quem eu sou...
   Respirei aliviado. E em suspense esperei a pessoa se declarar. Foi quando a voz do outro lado se identificou:
   - Sou tua sobrinha tio!!!! A Gabi! Estou fazendo um teste para meu curso de comunicação e a proposta era de ligar para uma pessoa conhecida e mantê-la cinco minutos no telefone sem se identificar e sem a pessoa desligar o telefone. E eu passei! Uhuuul! Muito obrigada! Ah, e desculpe, usei uma esponja de louça no bocal do telefone para mascarar minha voz.
   Eu só consegui dizer um "Parabéns" desmotivado, pensando só em como havia caído neste trote sem identificar aquela voz inconfundível de minha sobrinha. Maldita esponja!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Pequenas Mentiras, meias Verdades: O Dentista

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O Dentista

   É impossível uma pessoa passar a vida inteira sem ao menos ir algumas vezes ao dentista. Para cada um é uma experiência. O que realmente faz esta visita ser complicada é que o dentista mexe em nossa boca e causa sensações tão estranhas que difícilmente de outra forma sentiríamos. A começar pela saliva. A gente fica ali, de boca aberta, e parece que a saliva triplica a quantidade. Dá aquela sensação de 'tanque cheio', vontade de descartar, e o dentista despreocupadamente continua mexendo nos dentes sem dar a mínima para esta monte de saliva que está coçando a entrada da garganta para seguir seu caminho.
   Pior ainda é aquele treco que usam para sugar a saliva. Desconfortável e secante, dá uma sensação de ressaca na boca depois de usar.
   Por incrível que pareça, ainda existem pessoas que têm medo de ir no dentista e preferem manter a boca cheia de problemas ao invés de se submeterem a um simples tratamento, o qual lhes deixaria a boca aliviada e lhes restauraria o sorriso. Pessoas que vão perdendo lentamente dentes naturais, e quando menos esperam, na meia idade, estão aí banguelas, restando finalmente se sujeitarem a um tratamento odontológico, onde então somente resta arrancar os dentes reminiscentes e fazer um par de dentaduras para restaurar o sorriso (falso) e a mastigação.
   Sobre dentistas, antigamente houve uma história verídica que aconteceu, onde sem pensar, um cliente de um dentista o deixou em saia justa. O nome do dentista era Clemente, e ele havia passado por todas as fases de adaptação dos dentistas, desde a pedaleira manual para obturar dentes, até o moderno laser azul para curar uma obturação. Estava completando 85 anos e uma grande festa foi anunciada.
   Ocorre que para esta festa, foram convidadas várias pessoas para darem depoimentos e testemunhos dos benefícios que este dentista havia trazido para a comunidade. Então, durante a festa, o Isidoro, um dos mais antigos clientes de Clemente se prontificou da dar um depoimento para falar sobre sua carreira de tantos anos de sucesso. E durante o almoço de  centenas de convidados, Isidoro foi convidado a subir no palco e dar seu depoimento.
   Quando ele estava na frente do microfone, iniciou dizendo:
   - Clemente é o melhor dentista do planeta! - Todos bateram palmas. - Ele continuou:
   - Se não tivesse existido o Clemente, eu não teria recebido a primeira obturação em minha boca. Ela durou muitos anos! 
   Todos bateram palmas, com gritos de euforia. Isidoro continuou:
   - Clemente é o dentista que fez meu primeiro pivô. Durou anos e anos!
   Mais muitas palmas e ovações em homenagem ao velho dentista. Isidoro, inflamado pela torcida dos parentes e amigos também levantou o tom da voz, gritando:
   - Se Clemente não tivesse existido, jamais teria extraído meu primeiro dente!!!
   A galera inflamada levantou, aplaudindo o velho dentista em pé, enquanto ele, Clemente, estava fora de si pelo orgulho e reconhecimento do velho cliente. Isidoro continuou, inflamado pelo momento:
   - Se não tivesse existido o Clemente, grande dentista, hoje eu não estaria esboçando este maravilhoso par de chapas em minha boca, que me deixaram novamente com um sorriso natural.
   
   

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Hora da Faxina: Humor



Humor

   Fico pensando às vezes sobre o humor das pessoas. Encontramos perfis diferentes e dentre eles, ainda diferenciados entre si todos os dias. Pessoas alegres, otimistas, neutras, amarradas, tristes, carrancudas e bravas. Pessoas sorridentes, agitadas, insossas, apáticas, sofridas e misteriosas. 
   Muitos dizem que cada pessoa se apresenta com a aparência do que passou na vida. Talvez sim, mas enquanto atravessa uma fase na vida que mexa com seu humor positiva ou negativamente. Mas eu acho que a base do humor da pessoa já vem com ela desde nascença e durante a vida adquire somente uma identidade pessoal.
   Todos sabemos que conviver com pessoas bem-humoradas, alegres, positivas e otimistas é muito mais gostoso do que conviver com pessoas negativas, tristes, amarradas e apáticas. Quem não gosta de conviver com alguém no dia a dia, seja da família ou colega de trabalho, que sempre tem algo engraçado a acrescentar nas diversas situações? Ou, aquelas pessoas que sempre têm um pensamento positivo, acreditando nas melhores soluções? Estas pessoas são sempre bem recebidas e têm facilidade em fazer novas amizades, puxar conversa com desconhecidos e ser aceitas por crianças.
   Pessoas positivas e alegres canalizam vibrações especiais que contagiam quem está perto delas. Tudo parece andar melhor, tudo flui mais, enfim, o que é pra cima como normalmente dizemos destas pessoas, empurra o que vem perto para cima também.
   Por outro lado então, tem as pessoas que não sabem ser agradáveis em nenhum momento. Uma simples dorzinha de noite mal dormida, já mal dormida pelo seu mau humor, acaba se transformando num emaranhado de problemas, apontando algo sem solução. E a solução somente seria desprezar este detalhe e se apegar a tantas coisas intensas e de muito mais valor que podem acontecer durante um dia. 
   Quando eu penso nestas pessoas de comportamento triste, abalado, negativo, eu fico pensando o quanto pesado isto pode ser em suas vidas. Muitas coisas produtivas não rendem tantos resultados pelo simples fato de que estas pessoas estão carregando consigo um peso morto que poderia ser revertido em tranquilidade e bem-estar. Ser alegre, simpático, atencioso, sorridente e otimista faz muito bem. Se você não se sente assim, se sente negativo, amarrado, tenta sorrir para alguém desconhecido. Vai, treina! Não é tão difícil assim. Então você vai descobrir o valor de um gesto tão primitivo, mas que por sua atitude fará a diferença e seu interior vai sorrir.
   Fechar-se em seu mundo para se mostrar amargo aos outros é um ácido cruel que carcome todo o nosso viço, nossa energia e também nossa saúde. É como sempre se diz: "A saúde vem do equilíbrio do corpo com a mente." E a mente só é equilibrada quando ela vibra positivamente.