quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: A Vergonha



A Vergonha

   Acontecem muitas coisas, muitas cenas no mundo que podem deixar as pessoas constrangidas ou envergonhadas. Imagina uma situação onde você e mais uma pessoa estão no elevador, e você inesperadamente precisa soltar um pum. A pessoa que está com você, mesmo sem ouvir o seu angustiante soltar reprimido, devagarinho em etapas, ao sentir o cheiro logo saberá que você foi o culpado. E você jurava pra si mesmo que não ia feder. A sua desculpa imediatamente sai de sua cara corada pelo budum nauseabundo que tomou conta do cubículo:
   - Desculpe, escapou!
   Mesmo sendo um ato natural, inerente ao ser humano e também a muitos animais é algo que a etiqueta ensina a praticar a sós. E isso que estatisticamente o adulto emana em torno de dezoito puns por dia. A maioria deles, felizmente, são durante o sono onde ouvidos e narizes estão menos sensíveis e tudo passa despercebido.
   E assim, diversas outras situações causam vergonha e constrangimento. E uma delas, completamente inusitada, aconteceu tempos atrás numa vila qualquer neste nosso interiorzão, que vou contar a seguir...
   Zé era  casado com Maria. E o compadre João era muito próximo a eles. Muitos momentos eram compartilhados, afinal ele era o padrinho de dois dos filhos deles, tamanha era a amizade. Zé tinha o costume de ir ao bar nas noites de sextas e sábados para tomar umas cervejas e botar conversa fora com os amigos que tradicionalmente ali se reuniam.
   Numa sexta-feira, enquanto estavam conversando e rindo naquele bar, um deles disse ao Zé que seu compadre estava o traindo com Maria enquanto ele frequentava o bar. Zé começou a rir e disse que jamais Maria seria capaz de cometer tamanha traição, ainda mais com seu compadre. O amigo então falou:
   - Faz o seguinte: amanhã diz pra Maria que vem ao bar para tomar cerveja conosco e ao invés de vir aqui, te esconde no armário do quarto e fica espiando. Tenho certeza que vais pegar os dois no flagra.
   Zé achou interessante a ideia para tirar a dúvida e resolveu fazer isso. 
   No sábado de tardezinha, depois de ter tomado banho ele dei um beijo na Maria que estava na cozinha envolvida com preparos de comida para o domingo, dizendo que ia no bar. Mas ele deu a volta na casa, entrou discretamente pela porta da frente e foi se esconder no armário do quarto. Deixou uma pequena fresta entreaberta de onde enxergava toda a cama.
   Não demorou muito, ouviu conversa animada lá na cozinha, ele já reconheceu a voz do compadre João. E já os dois chegaram animados ao quarto, tirando lentamente as roupas. Zé observava tudo. Quando finalmente viu sua Maria completamente pelada, seios no umbigo, pelancas da barriga descendo até o meio das coxas, tapou os olhos e cochichou para consigo mesmo:
   - Nossa, que vergonha do João. Não tinha imaginado que minha mulher estava tão acabada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário