quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Hora da Faxina: A Lâmpada



A Lâmpada.

   Já faz uns anos. Mas era algo muito estranho que acontecia. Existia uma lâmpada num poste que ficava quase em frente da minha casa que não durava. Passavam alguns dias e, pronto, a lâmpada não acendia mais. Então, naquela época, avisar o pessoal da prefeitura para vir trocar, até eles virem trocar, decorriam noites intermináveis de escuridão. E Justamente na frente de minha casa.
   Quando o pessoal vinha, trocavam a lâmpada e me mostravam a velha, dizendo em tom de desconformidade:
   - Mais uma vez acertaram ela com uma pedrada ou um tiro certeiro de funda.
   E eu, inconformado sempre retrucava:
   - Mas, por que justamente esta lâmpada na frente da minha casa? Por que não miram na do poste perto da esquina, na frente do terreno baldio?
   O eletricista, com um leve sorriso no canto da boca, dizia:
   - Vai ver que de onde miram, esta é a que fica mais na linha de tiro.
   E dava risada. Eu estava inconformado. Esta já tinha sido a terceira troca daquela lâmpada para aquele ano e ainda nem tínhamos chegado na metade dele. E, como sempre, lâmpada quebrada por algum vândalo. E não podia ser arte de criança porque onde ela ficava era alto, difícil uma criança acertar, mesmo de funda, que na época era o xodó da gurizada. Cada um caminhava com ela pendurada no pescoço feito corrente.
   Agora com a luz refeita na frente de casa, o tempo passou e esqueci aquilo. Passou em torno de um mês, e eis que vi num anoitecer de sábado quando fui pegar o jornal na frente de casa, que a lâmpada novamente estava apagada. Maldisse o vândalo. Pensei: "Que estranho! Ainda ontem de noite esta lâmpada estava funcionando. Então alguém a detonou neste sábado."
   A partir daí, já tinha uma pista. Ao menos esta última lâmpada foi mirada e destruída num sábado.
   No dia seguinte, no domingo, ouvi conversa na vizinhança de que o baile que tinha acontecido naquela noite de sábado tinha resultado em brigas e até tinha terminado antes por causa disto. Ainda pensei: "Tivesse sido ontem o baile, até poderia justificar esta lâmpada quebrada por alguém que voltou do baile mais cedo e não gostou de isto ter acontecido."
   Mais uma vez mandei trocar a lâmpada. O mesmo eletricista da prefeitura chegou já debochando de mim por ter sido vítima mais uma vez deste ato de vandalismo. Eu estava inconformado. Mas ao mesmo tempo tentando achar uma razão para o motivo de sempre acertarem justamente a maldita lâmpada do poste na frente de minha casa.
   Mais um mês e pouco andou. Então, sexta de tarde, no meio da tarde, um carro de som passou na frente de casa enquanto eu estava merendando, anunciando baile para o mesmo salão que da outra vez havia terminado antes por brigas. Ainda pensei: "Quem é o bobalhão que vai lá de novo, só para presenciar brigas, podendo até sair machucado?"
   No outro dia de tardezinha, já escuro, fui novamente pegar o jornal na frente de casa e eis que a maldita lâmpada novamente estava apagada. Não quis crer que isto era verdade! Era a quinta para um pouco mais de meio ano. E novamente no sábado. E novamente com baile para este sábado naquele mesmo salão. Poxa, estava evidente demais que havia uma relação entre a lâmpada quebrada, o sábado e o baile. Mas qual?
   Naquela madrugada de domingo tudo foi esclarecido: meu pátio tinha um murinho de meio metro ou pouco mais que o separava da calçada. Bem na frente de casa tinha um pé de cinamomo de copa frondosa no meio do gramado. E quando aquela lâmpada estava apagada, ficava tão escuro embaixo daquele cinamomo que não se enxergava nada.
   Pois eis que acordei domingo de manhã por volta das cinco horas, era noite ainda, com gemidos. E senti que era perto de casa. Fui a passos leves até a janela da porta da sala, abri de leve e pelo cantinho dela pude ver uma garota que era vizinha não muito distante em altos arretos com um desconhecido, embaixo do cinamomo dentro do meu pátio. Num rompante, abri toda a janela da porta da sala, acendi todas as luzes que estavam à mão, a garota semi-nua assustada ficou sem jeito e o rapaz tapou o rosto. Vazaram do meu pátio como um raio. 
   Daquele dia em diante, nunca mais alguém acertou a lâmpada na frente de casa.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades - No Restaurante



No Restaurante

   Restaurantes são sempre palcos para os mais variados acontecimentos, as mais variadas gafes e os mais estranhos comportamentos. As pessoas, ao frequentarem os restaurantes, mostram muito de sua vida, de sua índole, enfim, de como são. 
   Pessoas que ficam tamborilando na mesa com dedos nervosos à espera do garçom, já de cara mostram que não vieram para descontrair num ambiente de alimentação, mas que vieram para impacientemente serem as primeiras atendidas e que o tempo de espera está muito longo e aos poucos sua paciência está se esgotando.
   Então, quando o garçom chega na mesa destas pessoas é tratado como um serviçal, com palavras ríspidas e ameaça de denunciar ao gerente. Não dá para entender por que existem pessoas que procuram incomodar e se estressar em abientes tão gostosos como restaurantes. O próprio cheiro da mistura de comidas prontas já convida a termos uma sensação gostosa mexendo como nosso paladar. 
   Também não sei por que pessoas sem paciência resolvem ir ao restaurante justamente na hora do pico, se sabem que naquele momento com certeza terão que se repartir com tantos outros clientes que chegaram antes e que merecem a mesma atenção que estas pessoas gostariam de ter. 
   Enfim, chego à conclusão de que muitas pessoas gostam, ou melhor, sentem um prazer mórbido em criar problemas e procuram intensivamente por situações onde podem complicar a vida de alguém. E descobrem que o restaurante é um bom lugar para soltarem o diabinho que têm dentro de si. 
   Mas os restaurantes, fora esta faceta de mau gosto que muitos apresentam, também têm seu lado cômico e isto não é de hoje. Tantas coisas já aconteceram nestes recintos. Se for entrevistar diversos garçons, terá assunto para um livro.
   Assim aconteceu há alguns anos atrás, que um casalzinho simples, do interior, chegou num restaurante numa cidade vizinha do interior onde moravam. De sorrisos acanhados, vestindo roupa interiorana ultrapassada, pouca fala, mas com dinheiro para fazer um refeição especial.
   Esperaram pacienciosamente o garçom chegar. E quando ele veio até sua mesa, quis mostrar o cardápio, mas o rapaz prontamente falou que não precisava. Que era somente para servir um prato de sopa e um prato de churrasco para os dois. O garçom atendeu o pedido e depois de algum tempo trouxe os dois pratos, ao que o casalzinho se pôs freneticamente a comer.
   passados quinze minutos, ainda acanhados, o rapaz chamou o mesmo garçom e disse a ele:
   - Agora me trás um prato de churrasco e um prato de sopa.
   O garçom, meio que não entendendo, perguntou:
   - Desculpe moço, mas, fazem quinze minutos que você pediu o mesmo prato, só que na ordem inversa. Por que não pediu logo dois pratos de sopa e dois pratos de churrasco?
   A moça, acanhada, tapando a boca com a mão respondeu:
   - É que seu garçom, nós compartilhamos a mesma chapa. Então, enquanto um come sopa o outro come churrasco.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Hora da Faxina - O Namorado Acanhado




O Namorado Acanhado.

   Os costumes andaram se modificando bastante no relacionamento de jovens namorados se formos comparar com décadas anteriores. Mas tudo mudou. Também o modo de se divertir, o modo de trabalhar e, também o modo de pensar. E, principalmente, o grande responsável por tudo isto é o computador aliado às facilidades globais que a internet proporciona.
   Mas o foco desta crônica não é o computador. E sim, o comportamento. Relembrar de como antigamente coisas simples eram valorizadas ao máximo e muitas vezes faziam a diferença. Famílias faziam as refeições juntas, numa mesa para vários lugares, onde geralmente o pai ou a mãe sentavam na cabeceira, e todos os demais tinham seu lugar definido e sempre sentavam no mesmo lugar.
   Como me criei no meio de descendentes de alemães, as mesas não eram compostas por simples pratos. Havia sempre uma quantidade de pratos diferentes e raramente a mesa era composta por menos de cinco tipos de comidas. Fora as saladas. Assim já se unia o útil ao gosto de cada um. A mãe fazia um prato de comida que eu odiava comer, que nós chamávamos de "central". Era um mexido de abóbora com couve, que aparentava uma mistura de cores escuras de laranja e verde, que eram as cores da pintura de uma linha de ônibus que existia entre Novo Hamburgo e Porto Alegre que se chamava de empresa Central. A sorte que fora isto tinha aipim e arroz acompanhando, então dava para escolher. 
   Nos dias onde ela fazia bifes de fígado, que só de olhar já me revoltavam o estômago, ela fazia um molhinho de tomates e cebolas com algum tipo ralo de carne vagabunda, na época tinha até carne de quarta, para acompanhar o cardápio. Então eu tinha o que comer fora os bifes.
   Mas muito interessante era anos atrás, quando o namorado visitava a namorada em sua casa, vinha de longe, montado em seu cavalo, e como a viagem era cansativa, ele vinha sábados de tarde e ficava na noiva até domingos de tarde. A refeição das noites de sábado eram sempre fartas. 
   Bailes eram raros e esperados como eventos especiais por todos. E assim aconteceu que Fridolino que morava em Morro da Manteiga, conheceu Herta, uma bela garota de Vale Real, num baile ao acaso em Bom Princípio. Começaram a namorar já no mesmo baile sob os olhos vigilantes da mãe de Herta.
   No primeiro fim de semana que ele foi passar com ela em Vale Real, a mãe da moça quis fazer bonito e preparou um jantar espetacular. O prato principal era uma travessa cheia de bifes suculentos, no ponto.
   Na hora do jantar, todos reunidos à mesa, e Fridolino acanhado, só serviu feijão, aipim e arroz. Com o canto dos olhos namorava aqueles bifes suculentos, acebolados, mas não queria fazer feio já que era seu primeiro dia na casa da namorada. Os pais insistiam para ele pegar um bife, mas ele dizia que pegaria depois.
   Ocorre que haviam recentemente instalado a energia elétrica na região e ela falhava muito, vindo a faltar de vez em quando. E foi o que aconteceu na hora do jantar. Mas logo voltou. Fridolino descalçou os sapatos que estavam apertando seus pés e os mantinha junto ali, embaixo da mesa. E sua vontade de pegar um bife era enorme. Mas, acanhado, não pegou. E viu lentamente o prato diminuindo de quantidade, quando somente mais um bife restou. 
   E eis que faltou energia. Ele pensou: "Agora pego este bife!" Puxou o garfo, espetou mal e o bife foi ao chão. Ele, tateando no escuro com o garfo, espetou e devolveu para seu prato. Nisto a energia voltou e todos viram perplexos que ele estava com um sapato seu no prato de comida.

Pequenas Mentiras, Meias Verdades - Histórias de Mascates 2



Pequenas Mentiras, Meias Verdades:  Histórias de Mascates 2

   As pessoas dos pequenos lugares, nas picadas lá no meio das colônias, antigamente só ficavam sabendo das novidades através dos mascates, os quais geralmente cruzavam por lá uma ou duas vezes por ano. E a passagem deles por lá sempre era aguardada ansiosamente pelos moradores, principalmente mulheres, que se apressavam para ver as novidades.
   Os mascates carregavam de tudo em cima do cavalo. Alguns até tinham um cavalo atrelado ao seu, para poderem carregar mais coisas. De lenços a tecidos finos, de perfumes a cremes ditos milagrosos, de utensílios domésticos a querosene para lamparinas e velas de cera, tudo traziam.
   Eles eram hábeis negociantes e tinham o dom de se desfazer de toda a mercadoria em uma volta feita pelo interior. Sua presença era anunciada de boca em boca. E quando era no fim de semana, até na missa ou no culto era anunciada a passagem destes vendedores pela comunidade. Muitas famílias disputavam a presença do mascate em seu almoço, jantar ou até hospedagem, para então as mulheres terem mais tempo e escolherem com cuidado o tecido do próximo vestido.
   Para os mascates chegarem até Salvador do Sul, que já se situa na serra, eles tinham uma série de dificuldades já que a estrada era íngreme e de subidas pedregosas que entediava os cavalos. Então, estrategicamente, no pé da serra, mais precisamente em Linha Dom Diogo, existia o que hoje se chamaria de hotel restaurante. Mas na realidade era um casarão com meia dúzia de quartos e uma cozinha enorme com uma mesa grande onde umas quinze pessoas podiam sentar e comer.
   O lugar era referência entre todos os mascates porque além de ser um ponto de descanso antes da subida íngreme, também era o lugar onde serviam o melhor feijão que já haviam experimentado. Simplesmente o feijão servido naquela pensão era de comer demais. Tinha um sabor único, inigualável, que agradava muito aos paladares até mais exigentes. Um feijão preparado daquela maneira fazia com que os mascates parassem lá, e antes de descerem dos cavalos perguntarem:
   - Só pernoito aqui se tiver aquele feijão gostoso. 
   Depois da resposta positiva, apeavam do cavalo e ficavam na pensão.
   Mas, qual era o segredo do feijão tão gostoso daquela pensão de Linha Dom Diogo? Todos se perguntavam. Mas ninguém sabia. Até que um dia, uma mascate estava de saída da pensão depois do meio dia, descobriu o segredo. Tinha cavalgado uns dez passos em direção à serra, quando um outro mascate estava vindo lá adiante, na volta da curva, uns duzentos metros distante. O dono da pensão estava mesmo alimentando seus cães, vários cães, quando a sua esposa gritou:
   - Zé, tira de volta o feijão dos cachorros. Não deixa comerem tudo! Está vindo mais um mascate!

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Culinária: Receita de bife Selado


   Receita de Bife de Carne Selado

   A técnica é fazer um bife suculento, que mantenha o soro dentro de si para manter a maciez e dar um sabor especial.
   Não tem segredo nenhum. 700 gramas de carne de cochão de dentro (mole) cortados em bife com 1 cm de espessura, sem bater. Em frigideira de fundo grosso ou panela de ferro (eu uso) forre o fundo com banha e deixe aquecer até começar a fumegar. Só preencha o fundo da panela com bifes e repita tantas vezes quanto for necessário para selar todos, mantendo o fogo alto. Panela com fundo fino queima a carne, não dá certo. Não tempere. Quando a borda dos bifes mudar de cor, vire eles com uma espátula ou escumadeira. Não use garfo porque fura a carne e o soro sai. 
Quando estiver frito do outro lado, retire para uma travessa espalhando as peças conforme a foto. Quando todos estiverem selados (700 g não dá mais que 15 minutos de preparo). Agora, enquanto frita uma cebola na panela que usou para selar a carne, tempere a carne com sal e pimenta. Quando a cebola estiver no ponto, acrescente a carne toda, misturando até aquecer e sirva em seguida. Rende de 3 a 4 porções, dependendo do acompanhamento.
   Sugestão de acompanhamento: purê de batatas com salada de alface e salada de tomate.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Hora da Faxina: Harmonia Cidade Especial

(este trabuco no lado direito da foto é um Katzekopp)

 Harmonia, cidade especial!

   Harmonia*, terra adorada do sol poente atrás da torre da igreja. Harmonia dos arroios ruidosos que formam uma complexa teia de água por entre sua geografia, onde quando criança bebi muita água diretamente de seus leitos. Harmonia, do pequeno vale cercado de morros verdejantes, formando um panelão aconchegante no inverno e no verão, áh, no verão tem os balneários ensombrados pelos salseiros.
   Harmonia dos poços artesianos de água farta e cristalina, saindo geladinha das entranhas da terra, pura, de sabor sem igual. Harmonia do Bang-Bang, bar que há décadas é ponto de encontro de todo tipo de pessoas, amigos e conversa jogada fora. Harmonia da lomba da igreja, onde quando criança descíamos de carrinho de rolimã pra nos estrebucharmos contra a cerca-viva da casa da professora Marina. Harmonia da escola das freiras onde na hora da merenda jogávamos caçador e o mais gostoso era errar a mira da bola atirada contra aquela loirinha de olhos brilhantes que olhava diferente pra mim. Mas que impiedosamente me acertava com a bola para mostrar que tinha me caçado. E seu orgulho em me ver sair do jogo vencido.
   Harmonia dos casamentos memoráreis e inesquecíveis no salão Fink onde o jantar era um verdadeiro banquete, sempre norteado pela veterana cozinheira Helena Hoffmann que com seu talento trazia o tempero exato aos pratos servidos. Impossível experimentar tudo, tamanha a fartura e variedade de comidas. Harmonia do teatro da luta livre, onde os feras da televisão vinham vez ou outra mostrar ao vivo como se quebrava alguém no faz-de-conta. E morríamos de pena do vencido, achando que era verdade.
   Harmonia da igreja velha na metade da subida até a escola, onde na sua frente tinha um pedaço de terra sem acabamento, justamente para enterrarem os Katzekepp e dispararem na véspera e no dia das festas de igreja, realizada no galpão que ficava entre as duas igrejas. Katzekepp eram cilindros de ferro fundido de uns 15 centímetros de diâmetro e nele, um buraco de uns 8 centímetros, ficando uma parede de ferro bem espessa. Eram fechados na base com um pé de ferro bem grosso. Pesavam horrores, tanto que nós, crianças, carregávamos aquele trabuco de dois. Na base tinha um furo onde era enfiado o pavio e o buraco do cilindro recebia pólvora, jornal e era socado com barro. Aquilo dava um estronde de uns cinquenta foguetes juntos e ecoava por toda redondeza fazendo tremerem os vidros das janelas. Certo dia um deles explodiu, espalhando pedaços de seu ferro num raio de mais de duzentos metros.
   Harmonia das pessoas, que na minha infância e adolescência eram humildes e alegres. Em sua simplicidade as coisas aconteciam e muitas vezes coisas se tornavam engraçadas justamente por causa disto. Harmonia do falar alemão, das rodinhas de dúvidas e das palavras em português desconhecidas na época.
   Quando nos anos setenta construíram o Polo Petroquímico em Triunfo, que fica a pouco mais de cinquenta quilômetros distante de Harmonia, anunciaram através de carro de som que o Polo estava precisando de mão de obra para ser viabilizado, muitos trabalhadores, todos seriam empregados para sua construção, nem precisavam ter experiência, as pessoas comentavam entre si:
   - Mas quem é este Paulo Pedro Químico que tem tanto dinheiro para contratar tantas pessoas?
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*Harmonia é uma cidade com 7000 habitantes e fica a 60Km ao norte de Porto Alegre, RS.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades - História Número 5 do Padre Feltz



História número 5 do Padre Feltz

   O velho vigário, padre Feltz, já estava sendo o pároco há muitos anos de um remoto vilarejo no nosso interior, onde ele fizera de tudo para tornar a comunidade mais devota e religiosa.
   E neste tempo, ele já havia ouvido sobre todos os tipos de pecados durante a confissão de seus fiéis. O que não o agradava nada, era quando o chamavam depois do meio dia, em meio a sua soneca, para uma confissão relâmpago, que não podia esperar até o fim de semana. Geralmente quem fazia isto eram as velhinhas, devotas, que não conseguiam ficar tanto tempo carregando um pecado.
   Uma das mais impróprias neste sentido, era a Fridolina, a qual muitas vezes tirou o padre de sua sonequinha após o meio dia para confessar pecadinhos fúteis.
   Certo dia, na primavera, era um dia fresquinho, garoando, tudo molhado, convidando a uma soneca especial após o meio dia. Padre Feltz estava aproveitando este clima e dormia profundamente em seu quarto na casa paroquial, roncando alto. De repente, num pulo ele acordou com batidas na porta. O velhinho custou a levantar e vestir a batina. Enquanto isto, mais e mais batidas na porta. Sem surpresa, quando o padre abriu a porta viu que era Fridolina se esquivando da garoa, se espremendo embaixo do guarda chuva. Ela disse:
   - Padre Feltz, cometi um pecado tão grave que decidi que neste momento precisava confessar!
   - Ora, ora, ora Fridolina! ...Que tipo de pecado tão pesado a está atordoando, a ponto de não poderes guardá-lo para confessar no fim de semana? 
   Ela respondeu:
   - Sim padre! Preciso me confessar neste momento para livrar minha consciência do peso do pecado que cometi. 
   O padre, meio a contra gosto então disse a ela:
   - Então está Fridolina. Vem comigo até a igreja, vou ouvir sua confissão.
   Assim aconteceu. Eles foram até a igreja, o padre abriu o confessionário, se paramentou para ouvir a confissão, entrou e mandou ela se ajoelhar e iniciar. Ela então disse:
   - Padre, dai-me a vossa bênção porque pequei...
   - Ora, ora, ora, Fridolinaaaa! - Disse o padre mal humorado. - Deixe toda esta baboseira de lado e inicie logo sua confissão!!!
   - É que padre, é normal a gente iniciar com esta reza e...
   - Fridolina!!! Saí do meu sono reparador para ouvir sua confissão e não todas estas baboseiras. Inicie sua confissão de uma vez por todas!
   - É que padre... - Iniciou ela bem nervosa, já pela atitude do padre e pelo que tinha pra confessar. - Meu pecado é que meu marido queria, ...ham, ...transar comigo depois do almoço e eu disse que não. Menti para ele que estava com dor de cabeça.
   - Óh Deus, Fridolina!!! ...por causa de um pecadinho tão pequeno você não precisava ter me tirado de minha soneca. Podia muito bem ter deixado para confessar no sábado!
   - Não, não padre! Até sábado ele vai me convidar mais três vezes para transar. Se eu negar todas, imagina quantos pecados vou ter acumulado para confessar!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Hora da Faxina: Mulheres e Sapatos



 Mulheres e Sapatos.

   É como se fosse amor à primeira vista: a mulher passa na frente de uma vitrine onde tem sapatos expostos, se entreolham, e a decisão: "Este sapato é a minha cara!" E, mesmo sem estar precisando, sem ter algum evento pela frente, ela entra na loja e o adota. Na realidade as lojas de calçados têm o 'feeling' em saber o que vai atrair a mulher para dentro do estabelecimento e fazê-la a decidir comprar. É uma forma subliminar de propaganda que funciona mesmo. E as próprias mulheres se encarregam de divulgar a novidade para as amigas, fazendo com que mais clientes vão até lá para conhecer e adquirir as novidades.
   O homem já é bem diferente: ele só vê que existe uma loja de calçados quando um dos seus dois ou três pares está começando a furar. Chega lá, nem se dá conta que existe uma vitrine expondo calçados, entra e já sai dizendo:
   - Preciso de um par de tênis que não seja o mais simples e barato, mas que não passe de 150 reais. 
   Pronto! A atendente coloca uma meia dúzia de pares de tênis sobre o balcão. O homem nem olha como o tênis é. Ele quer sentir como calça. Experimenta o primeiro par, o segundo... e eis que este sentou feito uma luva no pé. Nem experimenta mais o resto. Simplesmente fica com este, geralmente paga à vista e sai faceiro, sabendo que tem um par de tênis para ao menos meio ano. Quem dirá, um ano inteiro! Tudo prático, rápido e decidido.
   Quando a mulher chega em casa com o novo par de calçados e o quer guardar, se dá conta que já está com o armário ou o sapateiro atulhado de dezenas de pares, e que não cabe mais nem um único sapato, quem dirá um par. A primeira ideia que ela tem é de se livrar de algum par mais batido, de mais tempo para liberar espaço. Mas, logo em seguida se dá conta do sacrilégio que cometeu, em pensar em deixar um de seus preciosos calçados órfão. Jamais!
   Por fim, acaba tirando alguns calçados de suas caixas, deixando-os amontoados e assim ganha mais espaço, para ter um lugar vip para o novo par adquirido. É o tipo de atitude que faz parte do universo feminino, que não tem explicação, mas que tem seu estado de espírito. O calçado para a mulher é algo como uma auto-afirmação. Ela gosta de pisar firme de diversas formas e os calçados proporcionam isto. Cada par do seu jeito. 
   Ainda sobre calçados, anos atrás estávamos num baile e tinha um casal amigo nosso conosco curtindo o evento. Eles dançavam muito. A amiga estava com um par de salto alto que a deixava difícil de equilibrar pela altura e pela finura do salto. Pois, não deu outra. Lá pela metade do baile, os dois dançando agitados um rock'n'roll, a amiga quebrou um salto, ficando impossibilitada de dançar por causa da diferença de altura do calcanhar. Mas, ela não pensou duas vezes: quebrou o outro salto também e continuou o baile animada como se nada tivesse acontecido. Mulheres e Sapatos.

   É como se fosse amor à primeira vista: a mulher passa na frente de uma vitrine onde tem sapatos expostos, se entreolham, e a decisão: "Este sapato é a minha cara!" E, mesmo sem estar precisando, sem ter algum evento pela frente, ela entra na loja e o adota. Na realidade as lojas de calçados têm o 'feeling' em saber o que vai atrair a mulher para dentro do estabelecimento e fazê-la a decidir comprar. É uma forma subliminar de propaganda que funciona mesmo. E as próprias mulheres se encarregam de divulgar a novidade para as amigas, fazendo com que mais clientes vão até lá para conhecer e adquirir as novidades.
   O homem já é bem diferente: ele só vê que existe uma loja de calçados quando um dos seus dois ou três pares está começando a furar. Chega lá, nem se dá conta que existe uma vitrine expondo calçados, entra e já sai dizendo:
   - Preciso de um par de tênis que não seja o mais simples e barato, mas que não passe de 150 reais. 
   Pronto! A atendente coloca uma meia dúzia de pares de tênis sobre o balcão. O homem nem olha como o tênis é. Ele quer sentir como calça. Experimenta o primeiro par, o segundo... e eis que este sentou feito uma luva no pé. Nem experimenta mais o resto. Simplesmente fica com este, geralmente paga à vista e sai faceiro, sabendo que tem um par de tênis para ao menos meio ano. Quem dirá, um ano inteiro! Tudo prático, rápido e decidido.
   Quando a mulher chega em casa com o novo par de calçados e o quer guardar, se dá conta que já está com o armário ou o sapateiro atulhado de dezenas de pares, e que não cabe mais nem um único sapato, quem dirá um par. A primeira ideia que ela tem é de se livrar de algum par mais batido, de mais tempo para liberar espaço. Mas, logo em seguida se dá conta do sacrilégio que cometeu, em pensar em deixar um de seus preciosos calçados órfão. Jamais!
   Por fim, acaba tirando alguns calçados de suas caixas, deixando-os amontoados e assim ganha mais espaço, para ter um lugar vip para o novo par adquirido. É o tipo de atitude que faz parte do universo feminino, que não tem explicação, mas que tem seu estado de espírito. O calçado para a mulher é algo como uma auto-afirmação. Ela gosta de pisar firme de diversas formas e os calçados proporcionam isto. Cada par do seu jeito. 
   Ainda sobre calçados, anos atrás estávamos num baile e tinha um casal amigo nosso conosco curtindo o evento. Eles dançavam muito. A amiga estava com um par de salto alto que a deixava difícil de equilibrar pela altura e pela finura do salto. Pois, não deu outra. Lá pela metade do baile, os dois dançando agitados um rock'n'roll, a amiga quebrou um salto, ficando impossibilitada de dançar por causa da diferença de altura do calcanhar. Mas, ela não pensou duas vezes: quebrou o outro salto também e continuou o baile animada como se nada tivesse acontecido.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades - Os Bebês



Os Bebês

   O nascimento de um bebê numa família sempre é motivo para muita alegria, de espectativa, e este fato já vem se sucedendo desde o início da humanidade. O envolvimento é de todos, mas em intensidade maior com os parentes e vizinhos, todos procuram de alguma forma aliviar o papai e a mamãe nos primeiros dias deste serzinho novo em casa, ajudando, dando dicas.
   Então, de madrugada, a criança respira um pouco mais fundo e pronto: os pais acordam e vão correndo ver o que aconteceu com o bebê. É interessante como fica leve o sono dos pais e como ficam ligados à criança. Tudo vira uma simbiose perfeita, onde antes, marinheiros de primeira viagem sem saber ou fazer ideia de como lidar com esta criança, agora só no chorinho já sabem deduzir o que está faltando.
   Muitos casais, quando nasce um segundo filho, por causa do envolvimento não dão a devida atenção ao filho mais velho. E isto é um grande erro porque a criança irá sentir-se rejeitada. Ela não consegue entender por que o bebê precisa de tanta atenção. Por isto, é bom os pais se repartirem na atenção ao bebê e ao filho mais velho, dando carinho, levando para junto do bebê, mostrando que é um serzinho frágil e completamente dependente dos pais. Também devem deixar a criança maior ajudar no cuidado com o bebê, alcançado fralda, segurando a mãozinha durante o banho, colocando o bico em sua boca e assim por diante. Aliás, colocar o bico na boca é algo que tem que ser bem ensinado. Normalmente a tendência da criança maior é tentar forçar o bico entrar na boca do bebê, podendo machucá-lo. Mas tudo é ensinável. E a criança maior não vai sentir rejeição e sim, se sentir orgulhosa por estar sendo útil.
   Antigamente as mães pariam em casa acompanhadas de parteiras, vizinhas, enfim, um mutirão para trazer o novo ser ao mundo. E como a casa era cheia de filhos, eles eram distribuídos entre vizinhos e padrinhos durante as horas do parto, para não ouvirem os gritos da mãe e assim terem um trauma, achando que a mãe estava sofrendo. Então, a surpresa na volta para casa, de um novo serzinho na família. Me lembro bem quando minha irmã mais nova nasceu, onde fomos distribuídos entre vizinhos ou padrinhos. Eu fiquei na casa da madrinha durante um bom tempo. Depois, quando me trouxeram para casa, a surpreza do novo serzinho no bercinho do lado da cama da mãe.
   Mas, hoje em dia tudo acontece no hospital. A respeito disto, aconteceu um fato inusitado anos atrás. 
   A pequena Suzanne chegou correndo na casa do vizinho gritando toda animada:
   - Vizinho, vou ganhar um maninho! Eu vou ganhar um maninho!
   O vizinho então respondeu:
   - Ora Suzanne, como assim? Recentemente você ganhou uma maninha. Faz poucos tempo que ela nasceu. Por que achas que vais ganhar um maninho?
   - Porque há pouco tempo minha mãe ficou três dias no hospital e voltou para casa com uma maninha.
   - Sim, foi isto! - Respondeu o vizinho. - E como chegaste na ideia de que agora vais ganhar um maninho?
   A menina respondeu:
   - Porque agora meu pai está dois dias no hospital. Amanhã ele volta e certamente vai me trazir um maninho, não é?