Atendimento Preferencial
No meu modo de pensar, uma das medidas mais solidárias que já foram criadas, é o atendimento preferencial a pessoas em setores onde geralmente filas acontecem. Seja no embarque nos aeroportos, nos caixas dos supermercados, nas entradas de teatro, cinema, shows, seja nos bancos. É completamente justo que uma senhora ou um senhor com criança de colo mereça ser atendido antes porque além do peso da criança em si, muitas vezes ficam irriquietas por estarem aguardando, geralmente no mesmo lugar.
Ou então, aquela pessoa com uma deficiência física, que tem dificuldades de locomoção, ou mesmo sente dor ao permanecer muito tempo na espera. Assim como os idosos, que com o peso da idade podem se beneficiar com o atendimento preferencial, aliviando suas dores, para serem atendidos dignamente, sem muito ter que esperar.
Mas, eu acredito que neste quesito, principalmente idade, tem muito a ser considerado. Existem idosos e 'idosos', convivendo lado a lado com um limite que nossa lei estipulou em sessenta anos.
Então entra o jeitinho brasileiro. Pessoas 'beneficiadas' pelo destino na aparência lhes conferindo mais idade do que parecem ter, simplesmente entram em filas preferenciais sem terem atingido ainda esta idade. E como todo bom brasileiro, sentem orgulho em burlarem este preceito que visa ser tão humano. Ocorre que muitas vezes as filas preferenciais incham tanto, que o banco ou o supermercado se obriga a aumentar os atendimentos em detrimento dos que não são idosos, para cumprir a lei.
Pior ainda, são os office-old. Um biscate que apareceu um tempo atrás, onde mediante comissão, pessoas com mais de sessenta anos pagam contas de usuários, fazem transações bancárias, usando a fila preferencial. Nada contra os velhinhos melhorarem sua famigerada aposentadoria com um ganho extra. Mas precisa ser usando o jeitinho brasileiro, passando na frente dos usuários comuns porque tem mais de 60 anos?
Algumas vezes assisti a este tipo de atividade por conhecer as pessoas envolvidas e pela quantidade de papéis e afins que portavam para destrinchar no caixa. Então ocupam o atendimento mais de quinze minutos porque tem papelama de mais de 5 clientes e usuários. Um negócio lucrativo para o velhinho e chateante para quem assiste a este descalabro, impotente, já que não existe lei que proíba velhinhos pagarem contas de terceiros. Putz!!! Para mim é uma desconsideração inversa, do mesmo jeito como se eu fosse estacionar numa vaga para idoso ou deficiente.
Também acho que nestas filas preferenciais, quem as ocupa, deveria fazer uma autoavaliação sobre a necessidade ou não de ocupar esta fila. Digo isto porque durante estes dias aconteceram dois fatos no banco, enquanto eu aguardava ser atendido. Primeiro, uma jovem senhora estava na fila preferencial. Quando foi chamada, uma senhora ficou indignada e perguntou:
- Por que entrou na fila preferencial, moça?
- Porque estou grávida. - Respondeu ela. A senhora continuou:
- De quantos meses?
- Quatro semanas. Descobrimos ontem. - Respondeu ela com um sorriso largo no rosto. A indignação ao meu redor foi geral pela atitude da moça.
Outro dia, estava eu esperando já há mais de 20 minutos minha vez no banco. O caixa preferencial estava bombando. A cada cliente normal, três velhinhos eram atendidos. Haja paciência. Mas, lei é lei. E, mais uma vez ao meu modo de ver, o bom senso não imperou. Chegou junto de nós uma senhora bombada, fita anti-suor amarrada no cabelo, blusinha da adidas branca onde embaixo se via um bustiê remador, daqueles de fazer ginástica e uma legging branca bem apertada, emoldurando todas as suas curvas saradas e bombadas. E por ser branca, já que ela estava usando calcinha verde água também se via o fio dental moderninho, com um desenho de coração dourado no triângulo acima do fio. Ela, impaciente, trocava de pé toda hora. Até que, pasmem, chamaram a próxima pessoa da fila preferencial e era ela!!!!! Todo mundo ficou se entreolhando, até que um senhor falou:
- Conheço ela, ela tem mais de 60 anos.
Putz, mas saradona deste jeito precisa entrar na fila preferencial só porque tem idade?
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