Sete meses sem Bere. Viúvo.
Pois, o dia de hoje mais uma vez marca uma data marcante, por demais densa, inesquecível. Mas já chorei tanto que me acostumei a olhar para o calendário e marcar a data como de importância, mas não drástica. Já acostumei a fazer todas as atividades para deixar nosso lar do jeito como Bere deixou e já acostumei a sentar à mesa e fazer as refeições sem ela, sem pôr por descuido o prato dela.
Já acostumei a olhar para todas as coisas que ficaram, as marcas, suas impressões, e ter a certeza de que ela não voltará mais. Marcas, impressões, tudo ainda é forte, tudo ainda me toca, tudo ainda é recente. Bere se foi, fazem sete meses, mas é como se eu voltasse para dentro de casa e ouvisse sua vozinha doce me chamando. Como aconteceu na terça de tardezinha, quando estava fazendo a barba no banheiro do nosso quarto, quando ouvi nitidamente a voz de Bere: "Pio, vem aqui um pouquinho?" - Instintivamente, meia barba por fazer, saí da frente do espelho, atravessei a porta do quarto e perguntei: "Que é, amor?" - Então eu vi que a cama estava vazia, ela não estava lá me chamando, e que tudo eram coisas criadas pela minha imaginação. Ainda sinto muito a falta dela. Ainda tenho esta ligação densa com ela, que me faz todos os dias pensar no quanto de amor vivemos e no quanto de ingrato foi o destino me arrancando ela do convívio tão cedo.
O que realmente me faz sentir muito, e choro pensando, é do que ela vai deixar de aproveitar. Nossos netinhos que ela não conhecerá, as carreiras profissionais de nossos filhos que ela não verá, meu desempenho que ela não mais elogiará e a carreira dela que ela não completará. Faltou o reconhecimento por tudo o que ela fez em prol da contabilidade, o que tanto ela prezava.
Após sete meses de sua ausência, já não me desespero mais. Mas ainda sofro calado nossa ligação que deixou de existir. Nossa química que deixou de ser fórmula e nosso amor que de soma virou fórmula. Uma fórmula indefinida onde o número final é infinito. Sem dimensão, porque nos amamos acima de qualquer equação, e isto não tem como descrever.
De tudo o que de belo ficou, foi de que vivemos. Sim, vivemos plenamente e Bere partiu sabendo que viveu o que muitos talvez, jamais viverão: a plenitude do amor. E isto me dá paz. Porque eu consegui, com o auxílio dela, fazer isto acontecer em nossas vidas. Que bom. Ela viveu o que talvez poucas pessoas vivam. E foi comigo. Que Bom!
Abaixo, das últimas fotos que Bere tem em seu registro antes de partir: Itacaré e Ilhéus - Bahia
Dança na noite do forró da praia de Itacaré - Bahia. Última vez que dançamos juntos.
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