quinta-feira, 5 de março de 2015

Hora da Faxina: Não Come Esse Feijão!




Não Come Esse Feijão!

   Fazer férias! ...Algo divino, maravilhoso, pois faz com que a gente desligue ao menos um pouco do mundo de todas as rotinas e entre em alguns dias num mundo de casa diferente, vida diferente, rotina diferente, com pessoas diferentes. Férias são exatamente para isso: fazer diferente! Por este motivo, a importância das férias. Não importa onde sejam, desde que te tirem da rotina. E se for em Santa Catarina, nas praias paradisíacas de lá, como foi este ano em Meia Praia, Itapema, melhor ainda. Porque mesmo com chuva, dá praia. Não tem vento e o guardassol acaba virando um bom e grande guarda-chuva. Com chuva o mar fica diferente, ele se torna mais rebelde e mostra melhor seu lado perigoso que tantas vezes as pessoas não querem enxergar.
   Mas o que é bacana mesmo, é ficar com pessoas diferentes durante estes dias de férias e todos se adaptarem ao ritmo dos outros para que tudo corra gostoso e amigável, de onde na volta só se trás notícias boas. Normalmente combino férias com pessoas da família, para convivermos mais de perto alguns dias, jogarmos, contarmos histórias do passado, enfim, selarmos ainda mais este laço de relação familiar.
   Numa destas férias fomos à Armação da Ilha, uma prainha paradisíaca no sul da ilha de Santa Catarina que tem os traços açorianos impressos em um monte de prédios e também no comportamento das pessoas. Foi minha família, e parentes, para passarmos dez dias lá. Casa cheia, famílias e filhos. Eu tenho um parente que não vive uma semana sem feijão, e três dias depois de estarmos veraneando, ele trocou a beira da praia por um fogão e uma panela de feijão, ficando em casa para cozinhá-lo. E ele caprichou, deixando o feijão divino, com um sabor inigualável e de uma aparência muito apetitosa. Quando voltamos da praia, as crianças já foram comendo feijão puro com pão que ele serviu em combuquinhas para saciar a fome. 
   O problema é que ele fez uma panelada de feijão. Acho que tinha cozinhado uns dois quilos e não tinha recipiente nem espaço na geladeira para guardar todo este feijão. E o coitado do feijão foi ficando no canto do fogão, esperando ser consumido lentamente. Calorão de mais de trinta graus, panela de alumínio, já imaginaram o revertério. No terceiro dia, com o feijão ainda em cima do fogão, só sendo requentado, achei melhor meus filhos não comerem mais, afinal estômago de criança é mais sensível e intoxica bem mais facilmente. Foi quando na hora da mesa, meu filho mais velho ia encher o prato, quando falei de boca fechada no meio dos dentes cerrados: "Não come esse feijão!"
   Ele obedeceu e não comeu. No outro dia, todo mundo estava meio desarranjado, menos minha família por não termos comido daquele feijão, e o parente veio se queixar dizendo:
   - Não estou bem do estômago! acho que foi aquela cerveja meio morna qeu tomei ontem de noite.
   Fomos até a fruteira comprar verduras, ele foi junto, cara de desarranjado, quando viu uma cabeça de repolho arrancou uma folha, saiu comendo e dizendo: "Acho que é isto que faltava para me por em dia!"

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