quinta-feira, 26 de março de 2015

Hora da Faxina: Olhares



   Olhares

   Gosto muito de prestar atenção no olhar das pessoas. Sempre revelam algo sobre esta pessoa, sobre seu gênio, sua segurança, sua alegria, sua ansiedade, enfim, olhares podem revelar completamente uma pessoa, pois os olhos não conseguem esconder o que as palavras podem desviar.
   As crianças espelham sempre de dentro de si uma sinceridade que faz um bem danado ao olharmos em seus olhos. Ou, também, podem olhar com medo quando se sentem acuadas ou em perigo. Só com o correr dos anos é que elas conseguem aprender a dissimular um olhar neutro, que não as deixe mais tão transparentes.
   A coisa mais chata que pode existir é quando a gente vai conversar com alguém e esta pessoa fica desviando continuamente o olhar. A gente se sente 'errado', algo como se estivesse falando com uma pessoa falsa, ou que sua conversa estava toda sendo superficial, sem sentido e sem noção. Ou, então, que não tiram o óculos do sol nem por decreto. Putz, nunca vi coisa mais chata do que conversar com alguém dentro de um ambiente, longe da luz do sol onde o indivíduo não tira o maldito óculos de sol. Eu fico deslocado, e geralmente não estendo o assunto já que não vejo na expressão do olhar da pessoa que está conversando comigo o que é verdade ou não.
   Bonito mesmo é conversar com o olhar, sem falar. Porque com o simples jeito diferenciado de olhar podemos sorrir, negar, sentir, desabonar, elogiar, consentir, desejar e, principalmente dizer o quanto amamos. Dizer que se ama com o olhar é muito gratificante para quem recebe este olhar. Também para quem o dá por ter podido transmiti-lo.
   Dentro do olhar das pessoas se escondem todos estes detalhes. O mais interessante é que não precisamos aprender como descobrir dentro dos olhares estas coisas todas. Elas vêm conosco, é genético. Qualquer um sabe quando um olhar o manda para aquele lugar ou quando se é mirado com ódio. Ou, claro, quando se é amado com um olhar daqueles de balançar de verdade.
   Um dia, duas amigas estavam conversando, quando uma perguntou:
   - Laura, o que fez com que Isaías te conquistasse?
   Laura respondeu:
   - Ah Alice, foi o olhar malandro dele.
   Alice, fazendo um olhar incógnito disse: 
   - Ué, mas Isaías não tem olhar de malandro. Ele sempre me parece olhar tão sério, tão sóbrio... - Ao que Laura fulminou:
   - Mas tinhas que ter visto o olhar dele quando me viu a primeira vez tirando a roupa no motel e o que se seguiu a este olhar.
   - Ah, tá explicado! - Disse Laura. - Certamente foi o que se seguiu a este olhar!

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