sexta-feira, 17 de abril de 2015

Hora da Faxina: História de Barbeiros



História de Barbeiro
   
   Os barbeiros já existem no meio de nós desde quando o homem começou a notar que manter o cabelo e a barba em dia atraía mais as mulheres. E muitos começaram a arte de cortar cabelos ensaiando e picando os cabelos dos filhos, deixando cheios de falhas, errando, até que aprenderam uns cortes razoáveis que dessem para apresentar. Como antigamente as crianças não tinham vaidade, nem se davam conta do ridículo como ficavam com aquele cabelo todo mal cortado pelo pai. E não podia faltar a famosa franjinha, que ficava ali à disposição que quando uma arte era feita, dava pra puxar o piá e mostrar o erro.
   Hoje em dia, tem muito mais cabeleireiras por aí do que barbeiros. Elas geralmente são lindas, cabelo bem tratado, com um salão grande, espaçoso, cheio de espelhos, em ambiente gostoso, muito diferente de barbearias, que geralmente ainda preservam aquele estilo antiquado tradicional.
   E foi desse jeito que as barbearias foram diminuindo e os salões de beleza aumentando. Mas, procurando, sempre se acha ainda uma barbearia por aí, com um barbeiro disposto a deixar o homem mais charmoso, de cabelo e barba aparados.
   Houve uma época em São Leopoldo, na Rua Grande, que haviam mais barbearias do que farmácias. O tempo da navalha, da Acqua Welva, do Glostora, dos pincéis de barbear em potinhos de porcelana chinesa, das cadeiras giratórias verde-água com assentos e encostos em couro vermelho, dos espelhos malhados pela idade, do barbeiro bonachão que, ao invés de amarrar o avental nas costas, fazia uma volta com os amarradores e amarrava no lado. Do tempo da tira de couro para amaciar a navalha, dos pentes de chifre. Tempos diferentes, mas com sua aura.
   Um dia, entrou numa barbearia dessas um senhor acompanhado de um garoto, e o mesmo disse ao barbeiro:
   - Por gentileza, corte meus cabelos, depois os do menino. Tira minha barba rente - mas não me machuca! - limpa minhas unhas das mãos e dos pés. E após cortar o cabelo, por favor, lava com o melhor xampu que tiver nesta barbearia.
   O barbeiro ficou feliz, afinal dois clientes, serviço completo para o pai e corte de cabelo para o filho. Fêz todo o serviço no homem, tudo o que havia orientado fazer. O garoto, sentado do lado, só ficou observando. Trabalho feito, todo perfeito, o homem levantou e disse:
   - Agora corta o cabelo do garoto. Capricha! Enquanto isso dou uma volta, fazer umas comprinhas, depois eu passo aqui, pego o garoto e pago.
   E o serviço iniciou. O barbeiro caprichou. Enquanto fazia o corte de cabelos deu um jornal para o garoto e disse para ele olhar as figuras, era jovem, talvez não soubesse ler ainda.  
   O barbeiro terminou o trabalho, tirou o garoto da cadeira e disse:
   - Senta aqui do lado na cadeira e continua olhando as figuras do jornal, decerto logo teu pai vai voltar.
   O garoto, batendo os restos de cabelos cortados dos ombros respondeu:
   - Ele não é meu pai.
   - Desculpe, - disse o barbeiro. - É por acaso teu tio, teu irmão? 
   - Não, ele não é nada meu seu barbeiro. - Respondeu o garoto.
   - Como assim? - Disse o barbeiro. E o garoto disse:
   - Ele me achou na rua e me disse: "Garoto, quer cortar o cabelo de graça? Vem comigo na barbearia que eu pago teu corte." E vim com ele. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário