O negociante
Dillo era um negociante como poucos haviam antigamente. Ele tinha uma loja cheia de novidades e modernidades, diferente das outras, como televisores, rádios e aparelhos que funcionavam com pilhas e assim por diante. Mas, como o seu negócio se situava em uma cidade pequena como o Caí, ele tinha que ir até o interior para incrementar suas vendas. Então ele levava uma tv com ele e ia até uma casa no interior, instalava, e assim deixava lá por uma semana como teste para ver se com esta demonstração induziria a estas pessoas daquela casa a se interessarem pelo produto, e por fim adquiriam seu aparelho.
Em mais uma viagem para o interior, Dillo preparou alguns televisores, antenas, cabo e rumou em busca de compradores. E estes eram dos mais modernos, televisores com válvulas econômicas, que não gastavam tanta energia quanto aos modelos que andavam funcionando por aí.
Chegando numa vila, parou seu Simca Tufão na frente de uma linda casa. Desceu, e quando bateu palmas foi recebido pela dona. O dono da casa não se encontrava. Ele estava na roça, só a esposa dele se encontrava. Dillo explicou sobre a tranquilidade em ficar com um televisor instalado durante vários dias para teste. Mas ela não estava afim de deixar instalar o aparelho. Então ela disse:
- Dillo, meu marido é um dos antiquados. Ele não fica atraído pelas modernidades, principalmente algo como uma televisão.
- Não! Eu deixo a televisão com vocês instalada por três semanas. Vocês podem usá-la e ver se querem ficar com ela ou não. Se não ficarem, não vai ter nenhum custo.
Mesmo a mulher relutando, dizendo que o marido não iria gostar, que iria ficar brabo por ela ter permitido a instalação, Dillo continuou puxando fios, subindo no telhado, instalando a antena, e meia hora depois estava ali, o televisor funcionando.
Quando ele estava embarcando no carro, a mulher ainda veio correndo até ele e disse:
- Dillo, meu marido não vai ficar satisfeito em ver esta televisão instalada lá em casa. Por favor, desinstale-a e leve-a embora.
- Bobagem! - Disse o Dillo. - Quando seu marido enxergar as belas imagens que este aparelho mostra, com certeza irá pensar diferente.
No outro dia, de manhã cedo, parou na frente da loja do Dillo um trator, onde desceu um homem com um porquinho no colo, e entrou loja a dentro. Então disse:
- Dillo, você tinha razão! Eu vi as belas fotos na televisão e aí, o que disseram me fez mudar de ideia. Eles disseram que a gente sempre deve pagar as contas, retribuindo com a mesma moeda. Assim, eu te trouxe este porquinho para deixar três semanas contigo, e se te servir, te vendo ele, do mesmo jeito que quer me vender o televisor.
Ele deixou o porquinho lá e foi embora.
Depois de uma semana, o Dillo foi para a colônia para pegar a tv de volta e devolver o porquinho para o seu dono.
Mas, a experiência não foi de graça: muitos vizinhos do colono compraram televisores do Dillo. Valeu a pena ficar com um porquinho por uma semana.
Algum tempo depois, o Dillo recebeu um tipo de aspirador de pó mais potente para vender. E, como vendedor astuto que era, de novo a mesma coisa: Ele foi até o interior para incrementar suas vendas. E em algumas casas ele então parava para demonstrar seu aparelho.
De fronte a uma casa de alvenaria, ele desembarcou com um dos seus possantes aspiradores, com a certeza de que venderia seu produto numa casa tão chique. Trazia consigo milho, arroz e grãos de ferro, os quais espalhava no meio da sala. Ainda junto, muito pó e arreia. Bateu palmas e foi recebido por uma senhora um pouco mais velha. Então disse:
- Madame, se me deixar entrar, gostaria de fazer uma demonstração das qualidades deste potente aspirador de pó.
A mulher o deixou entrar. E ele logo foi espalhando os grãos, a terra e a poeira em cima do tapete da sala. Enquanto desenrolava o cabo de força do aspirador foi dizendo:
- Madame, se o aspirador não sugar tudo que espalhei sobre o tapete, o que sobrar, eu como. Com certeza comerei tudo!
A mulher começou a rir e foi saindo.
Dillo então perguntou:
- Ué, madame, onde a senhora vai?
Ela respondeu:
- He, he, vou pegar uma colher para você e uma vassoura para mim. Desde ontem estamos sem energia elétrica em casa. Com certeza este troço não irá funcionar, vai ter que comer tudo.
Adorei a história!
ResponderExcluirPena que num teve mais publicação.
Obrigado pelo comentário. Vou postar outra história hoje. Acompanhe
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