sexta-feira, 13 de junho de 2014

Hora da Faxina - O Pior Goleiro



O Pior Goleiro

   É muito interessante quando olhamos as diferenças de gostos das pessoas. Alguns são entusiastas com tamanha intensidade por alguma atividade ou assunto, que tentam impor seu gosto a todos por acharem que quem não compactua com este gosto pessoal é alienado.
   Vejamos o assunto futebol que está sempre na moda: em toda a minha vivência, por diversas vezes, tive dificuldades em manter minha posição de ser de outro planeta por não ter nem um pouco de emoção pelo jogo em si. Desde criança, sempre fui neutro em relação ao futebol e só tenho meu time gaúcho favorito por impingência dos meios que me tiraram de cima do muro, e por gostar mais da cor azul que do vermelho. Só isso! Pois se for falar de títulos, jogadores, fases boas ou ruins, não sei absolutamente nada. Nada mesmo! Talvez lembre vagamente algum jogador deste time que se destacou na seleção, mas mesmo assim, não tenho certeza. Simplesmente não sinto nada pelo futebol. Mas, do mesmo jeito como eu me emociono com uma melodia ou uma canção apresentada com dedicação e esmero, e outras pessoas não curtem, entendo que é a diferença dos gostos por atividades humanas. E que bom que seja assim, pois só deste jeito conseguimos ter à disposição esta infinidade de grandes maravilhas criadas pelos seres humanos que nos entretém, ensinam, divertem, educam, alegram e emocionam.
   Muito do gosto pelo futebol tem a ver com o meio onde a gente nasce e se cria e o interesse dos pais por este entretenimento. Eu me criei numa família, digamos 'alienada' do futebol e só fui conhecer que existia copa do mundo quando eu tinha 13 anos. Naquela época, na escola onde eu estudava, éramos obrigados a jogar futebol. Eu detestava, achava algo sem graça correr atrás de uma bola para tentar enfiá-la numa trave estreita no fim do campo. Na época, na escola tínhamos onze times completos. Do primeiro time que era composto dos melhores jogadores, até o décimo primeiro, onde se escalava a pior formação de pernas de pau para jogar futebol. E um detalhe: eu era tão ruim jogando, pois não gostava, que me puseram a ser o goleiro do time. 
   Era lindo de se ver: em vez de eu me empenhar em defender a formação, me atirando nas bolas que eram arremessadas no meu gol, eu me esquivava para não botar a mão nelas. Meus colegas mesmo sendo os piores jogadores da escola, ficavam de mal comigo por eu ser tão péssimo goleiro, e não raras vezes eles pediam para o juíz me expulsar a fim de a formação ficar sem o goleiro e um jogador entrar em meu lugar. E mesmo defendendo sem por as mãos, era menos vazado do que eu. Meu record foi levar quinze a zero num jogo contra as meninas do turno da tarde. Quanto mais linda era a jogadora, mais eu favorecia o gol, só para ver o sorriso de realização estampando no rosto delas. Numa cobrança de pênalti lá pelo décimo gol, mostrei para a menina chutar pelo meio de minhas pernas. Ela acatou, chutou uma bola molinha, fácil de segurar, ela demorou chegar até mim. Mas quando veio perto, fiz que escorreguei, abri as pernas e deixei a bola entrar. 
   Aquele lance valeu a pena, pois durante mais de meio ano a paquera rolou solta e só terminou porque seguimos caminhos diferentes.
   Mas, voltando aos gostos, penso que é muito bom cada um  ter os seus. Sejam quais forem, os cultive e vibre com eles. Mas que não tente impor isso aos outros porque as escolhas sempre serão melhores quando forem livres e profundas. Nenhuma opinião vai mudar isso. 
   A copa do mundo está aí. Talvez eu olhe o último jogo. Talvez! Tudo depende da dupla que irá sobrar.
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário