sábado, 21 de junho de 2014

Larguei o Cigarro



 Larguei o Cigarro

   Hoje estou feliz por dois motivos. Primeiro porque é o último dia do ano em que os dias encolhem. A partir de amanhã começam a crescer cada dia um pouco mais até o gostoso verão voltar. Já é um motivo para comemorar.
   Mas o motivo que mais comemoro, é que hoje fazem 26 anos que parei de fumar. Quem já fumou ou é fumante sabe da dificuldade que é largar este vício. Eu já vinha há tempo querendo me livrar do cigarro mas não conseguia. Até que segui a sugestão de um amigo, a qual começou a fazer efeito: Toda segunda-feira quando comprava um novo maço de cigarros, descartava um cigarro a mais e repetia o gesto com todos os maços da semana. É uma forma lenta de reduzir a quantidade diária fumada, o que já por si só educa o organismo a se acostumar com menos nicotina.
   Naquele ano de 1988 eu estava construindo o prédio que viria viria a ser minha oficina. Todos os dias depois do meio dia eu pegava meu filho no colo, ele tinha quase um ano, acendia um cigarro e ia inspecionar a obra. E naquele dia de fevereiro repeti o gesto e fui com meu filho no colo e cigarro aceso na boca olhar a obra. Quando estava distraidamente inspecionando o trabalho dos pedreiros, obra quase pronta, cigarro na boca, o Wagner com sua mãozinha fechou a brasa do cigarro, queria pegar e teve uma queimadura feia na palma da mão por causa disso. 
   Passei a me punir por ter causado este sofrimento tão evitável no serzinho que por curiosidade queria tocar aquela luz, o braseiro da ponta do cigarro. Resolvi seguir a sugestão do amigo e comecei a descartar um cigarro por semana de cada maço que fumava. Então ao cabo de 12 semanas eu estava somente mais fumando oito cigarros por dia, ao invés dos 20 que necessitava antes. E os outros 12 passaram na não me fazerem mais falta. Mais duas semanas passaram e eu estava somente mais em seis cigarros por dia. Já queria parar, mas o organismo relutava em largar totalmente este vício.
   No dia 21 de junho, oficina já pronta, levantei, tomei café, escovei os dentes e fui para o trabalho. Depois do estabelecimento aberto fui comprar cigarros. Tinha um buteco aqui na frente de casa. Quando voltei, descartei 14 cigarros, peguei o isqueiro e fui acender o primeiro cigarro do dia. Desgraçadamente a pedrinha que dá a faísca voou longe. Lembrei que tinha na gaveta um isqueiro sem gás mas com pedrinha. Então, cigarro na boca, abri o gás do isqueiro sem pedrinha e fui riscando o a pedrinha do isqueiro sem gás para dos dois conseguir uma chama para acender o famigerado cigarro. 
   Depois de muitas tentativas, cansado, consegui a chama. Mas não acendi o cigarro. Olhei para os dois isqueiros e pensei: "Que ridículo isso! Tudo para acender um cigarro! Não vou fumar mais." - Guardei o cigarro de volta para a carteira, a amassei e coloquei no lixo junto com o isqueiro sem pedrinha. O outro guardei de recordação. Nunca mais botei um cigarro na boca.

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