quinta-feira, 21 de maio de 2015

Hora da Faxina: Essas Crianças



Essas Crianças!

   Um dos maiores estímulos que nós adultos podemos receber é sentir e ver a eletricidade das crianças. É incrível o que tem de vida dentro destes corpinhos minúsculos! Parece que cada célula é uma bateria que se recarrega sozinha.
   Tem certas fases pelas quais as crianças passam onde os adultos simplesmente têm dificuldades para alcançar e acompanhar seu ritmo. É a vida se transformando muito ligeiro e a energia faz com que os pimpolhos adquiram cada vez mais conhecimento, sabedoria, segurança sobre si, e também o controle sobre sua eletricidade tão faiscante.
   Tem certos acontecimentos na vida das crianças que nunca mais são esquecidos. Falo por mim, que tenho na memória dois fatos remotos, de antes dos meus cinco anos de idade. O fato mais antigo que lembro foi quando eu tinha perto de três anos e nós mudamos de casa em Harmonia. A casa onde morávamos tinha uma área na frente onde havia uma táboa solta. Quando saímos dali para ir até a casa nova comprada, que não era longe dali, minha mãe me levava caminhando e segurando na mão, enquanto mantinha meu irmão mais novo no colo. Ele tinha na época perto de um ano. Eis que na passagem daquela táboa ela cedeu, e a mãe perdeu o equilíbrio, quase caindo ali com meu irmão. Lembro até hoje o puxão que senti com a mãe tentando se equilibrar. Felizmente não caiu.
   Depois, quando eu tinha quatro anos, disputávamos entre os irmãos quem lavaria a louça do meio dia. todo mundo queria lavar, fazendo espuma com o sabão de glicerina dentro do tacho grande, já que não existia pia nem água encanada. E eu fui passado para trás por outro irmão meu, e meu primeiro dia de lavar a louça não aconteceu. Comecei a chorar. Lembro bem que minha mãe pegou um banquinho, colocou do lado do tacho e disse para meu irmão que ela e eu lavaríamos juntos a louça. E eu soluçando, ajudei a mãe, me sentindo vingado da atitude. 
   Fora estes fatos marcantes, tem alguns outros que também estão presentes na memória e que foram se sucedendo quando entrei na pré escola e assim por diante. Mas estes são fatos para compor outra crônica porque dão assunto suficiente para contar sobre a vida escolar de outra época, onde a rigidez na escola era muito mais acentuada.
   Pois, as crianças geram situações tão variadas que acabam deixando muitas vezes os adultos de saia justa, ou lhes arrancam belas gargalhadas. E geralmente os acontecimentos se tornam engraçados justamente por causa da inocência das crianças.
   No tempo que eu era fotógrafo em São Leopoldo, certo dia no verão de tarde, um calorão, entrou uma senhora com uma menina, pedindo para fazer fotos da menina. Prontamente peguei o equipamento e quando tinha reunido tudo para fotografar, a menina pediu água. Fui, servi um copo de água e ofereci para ela. A criança começou a tomar com muita sede, tomando em goles grandes, quando a mãe disse:
   - Ela está pedindo água em todas as lojas onde entro. Não sei o que ela vai pedir na próxima loja! - A menina prontamente respondeu:
   - Vou pedir para fazer xixi.
   

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