sexta-feira, 15 de maio de 2015

Hora da Faxina: Personagens



 Personagens.

   Hoje fui dar uma volta para fazer algumas comprinhas e também pagar algumas contas. Adoro caminhar em nossa cidade, que em sua maior parte oferece calçadas largas, a maioria feita de calçadas bem elaboradas sem defeitos de nível, onde não há perigo de tropeçar. Também, muitas das calçadas são arborizadas oferecendo um belo visual e sombra em tardes de sol quente como a de hoje, apesar do outono.
   Gosto de observar as pessoas. Cada uma com sua maneira de caminhar, de se vestir, de seus trejeitos enquanto caminha, e quando em companhia, ao falar alto ou baixo. Todo este meio de caminhar e se apresentar me fazem tentar imaginar a personalidade destas pessoas. De cara a gente vê quem é nervoso, quem está irrequieto, quem está de bem com a vida, quem está satisfeito ou insatisfeito. 
   A minha interpretação tenta encontrar no comportamento das pessoas enquanto andam pelas calçadas o mesmo resultado como aquele senhor que sabia todos os hábitos das pessoas de seu condomínio pelo lixo que punham fora. Ele passou observando as pessoas e seus descartes durante meio ano e então tinha traçado os costumes, as manias, o dia-a-dia, as visitas, enfim, tudo referente aos moradores de seu prédio. Só pelo lixo.
   Na minha caminhada de hoje observei duas coisas interessantes. A primeira, uma mulher jovem caminhando com a mão dada a uma criança e ralhando com ela volta e meia para apressar o passo. Via-se nitidamente que a criança, pelo seu tamanho, perninhas curtas, estava exausta para tentar alcançar as rápidas passadas da mãe. E esta mãe desnaturada, quando sentia que a criança estava atrasando o passo, dava um puxão no bracinho da criança, levantando-a no ar só naquele bracinho, e puxando para o seu lado novamente. A criança começava a resmungar e mãe xingava dizendo que ela estava muito lerda e que estava atrasando ela. 
   Eu já não podia mais ver isto. Me doeu no ombro os puxões que esta louca estava dando na criança. Então chamei, estava mais atrás. Ela mesmo continuando a caminhar, olhou para trás e perguntou: 
   - Que foi? - E eu respondi:
   - A senhora sabia que está destruindo o braço desta criança com estas puxadas? Se eu vê-la fazer de novo chamo a brigada, o conselho tutelar, o que for para a senhora parar torturar esta criança!
   A mulher me olhou com a cara de quem iria me devorar de ódio. Pegou a menina no colo e seguiu em passos apressados, dobrando na próxima esquina. E eu faceiro, pensei no bem que tinha feita àquela menina tendo advertido sua mãe. 
   Continuei caminhando. Tinha um rapaz que já havia notado antes, estava em altos papos de negócios no celular. Vendendo muito. Chamava a atenção. Eu estava desconfiado que sua atitude era cenográfica, de novela. A uma certa altura ele parou na calçada embaixo de uma árvore, continuando a vender muito falando ao celular. Quando cheguei perto, ele acentuou a conversa. Nisto, algum inseto o foi incomodando no rosto. Quando ele foi bater para se livrar do inseto, o celular voou longe, voando a bateria para outro lado. Ele, na maior, ajuntou o celular, voltou ao ouvido e continuou negociando, vendendo muuuuito. Sem repor a bateria! 

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