terça-feira, 7 de julho de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: O Remédio






 O Remédio

   Marcus acordou. Estava na hora de levantar. O despertador havia a recém tocado e avisado que novo dia começava, apesar da garoa que insistia em cair já há dois dias. Ele já não havia dormido bem aquela noite, revirando na cama, e sentindo aquele serrote abrindo sua garganta para dar passagem a uma gripe.
   Mas, hora de levantar, hora de se lavar, pentear, vestir, tomar café, escovar os dentes e ir ao batente. Mas sua garganta insistia em continuar acusando a instalação inesperada de uma gripe, doendo o corpo e a sensação de peso, de mal-estar.
   Na mesa do café, engolindo já com dificuldade, pão quase sem sabor, café insosso, decidiu ligar para o seu patrão, o Wilibaldo, para avisar que ele não iria trabalhar, afinal, seria improdutivo naquele dia. Ficaria melhor se ficasse em casa convalescendo.
   Sua esposa já havia levantado, mas não havia notado nada de diferente no marido. Ela fez a cama, tomou seu café junto com Marcus, trocaram umas palavras superficiais, o marido não se queixou de seu estado doentio, aos olhos dela parecia bem. O marido também não disse que tinha decidido ficar em casa, que avisaria o patrão. Ela terminou de se arrumar e foi para o serviço.
   Marcus depois do café, dentes escovados, ligou para o patrão:
   - Wilibaldo, me desculpe, hoje não posso trabalhar. Vou ficar em casa. Doi todo o corpo, a garganta está em frangalhos, estou com a impressão de que vai sair uma gripe em mim.
   Wilibaldo respondeu:
   - Ora, ora Marcus, não faça isso! Hoje preciso de você como nunca! O serviço está atrasado em teu setor, e se tu não estás presente o pessoal rende menos ainda na produção! Por favor, faz uma forcinha e vem trabalhar?
   Marcus foi irredutível:
   - Não Wilibaldo, não posso ir trabalhar. Mal consigo ficar de pé.
   Wilibaldo então disse:
   - Olha Marcus, deveria fazer como eu faço quando fico assim. Quando eu não me sinto bem vou para junto de minha esposa, atraio ela até a cama, fazemos uma transa daquelas perfeitas, e então quando terminamos, me sinto bem novamente. Desaparecem todas as dores e eu fico com a sensação de que a transa me curou. Transar com ela é o melhor remédio! Por que não experimenta?
   Marcus agradeceu o conselho do patrão, disse que iria pensar a respeito, se faria ou não. Wilibaldo continuou insinuando para ele transar com a sua esposa, que se sentiria bem melhor, com medo do empregado perder o dia de trabalho.
   Uma hora e meia depois tocou o telefone na firma, e novamente era o Marcus pedindo para falar com o Wilibaldo. O patrão atendeu:
   - Então Marcus? Novidades? Transou?
   - Olha Wilibaldo, tua sugestão de remédio realmente me fez muito bem! Segui teu conselho, transei, e agora estou me sentindo novinho em folha. Vou aí, voltar pro trabalho. 
   - Eu te falei Marcus, eu te falei! Então venha logo. 
   E Marcus disse:
   - Ah, patrão, e antes que me esqueça de comentar, sua casa é muito linda e sua cama é muito confortável!

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