Escrevi este artigo em 29 de Setembro de 2013, quando cheguei em casa, Domingo de noite, logo após a missa de sétimo dia do falecimento de Bere, pela indignação que a cerimônia me causou. Havia ficado em dúvida se um dia publicaria porque vai de encontro a muitos pensamentos que não corroboram com o meu. Mas, revendo meus escritos, achei importante compartilhar, pois tenho certeza que muitas pessoas gostariam de falar a mesma coisa. Se a gente não se manifestar, eles, os que governam a igreja católica, nunca vão saber. Talvez também comecem a entender porque ela, a igreja, está se esvaziando.
Missa de Sétimo Dia - Uma Grande Decepção.
Eu não sou muito de frequentar a minha igreja por notar nela muitas coisas erradas e que com o passar do tempo, em vez de serem corrigidas, se tornam ainda mais erradas. Por exemplo: Que discriminação é essa, de não tocar o sino quando falece uma pessoa que não é dizimista? Onde isto está escrito na Bíblia? Quando Jesus falou isto? Quem fêz esta lei? Quando ela surgiu? Está certo que Jesus falou: "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus." ...Ele falou em dinheiro? Quando? Dar a Deus para mim significa: dedicação, amor, carinho, edificação, humildade e fé. Ponto. Dinheiro é coisa deste planeta, não tem a ver com Deus. Esta é apenas uma das questões, pois coage as pessoas a pagarem a igreja para não passarem a 'vergonha' frente à comunidade quando um ente familiar falece e não se ouve o sino tocar. Logo que a notícia se espalha, vem a questão: "Não são dizimistas. Por isto o sino não tocou". Pois Bere faleceu, não teve sino porque não pago dízimo e não senti vergonha. Nenhuma. Senti vergonha destes que estão a frente da religião e acham que com isto nos amedrontam. Senti vergonha porque Bere era uma pessoa de uma religiosidade invejável e não merecia ser tratada como 'algo' que deixou de existir, sem sino, sem padre, sem importância. Em seu velório, todo o trâmite de passagem religioso foi feito por um seminarista e não pelo padre. Que vergonha! Tendo três na paróquia. Será que todos estavam ocupados em plena manhã de quarta feira? Fazendo o que? O seminarista foi supremo, excelente em todas as suas palavras, pois como cepa nova de um clã, haveria de querer acertar. E acertou. Achei muito humano e divino seu trabalho. Não tenho queixas. Talvez algum dos três padres tivesse feito pior. Mas, por que o padre não foi? porque não vivo na igreja, lá na frente, adulando? Ou, Bere não merecia os louros por não ter pago por isso? Que vergonha!. Assim como estas, tenho inúmeras perguntas por serem respondidas e enquanto não tiver uma resposta sóbria não vou me atirar de cabeça dentro do espetáculo que os cabeças de minha religião montaram para dominar seus fiéis. Eu tenho Deus em meu coração. Ando meio magoado com Ele sim, pelo que me fez, levando Bere e um pedaço incalculável de minha existência junto, mas este assunto não prefiro comentar agora, é algo que ainda tenho que absover para entender. E meu pensamento sempre foi de que se fizer o bem, desejar o bem e lutar pelo bem, não precisa deste evento todo que são as missas, obrigatórias, para manter os fieis atrelados a este estigma. Minha vida na retidão é minha religião. Deus está dentro de nós. E nós somos responsáveis por fazer dEle de dentro de nós para fora, uma imagem poderosa que possa ao menos elevar de espírito as pessoas que nos cercam. Pra que então, igreja? Missa? Por que tem que ir à casa dele? Se fosse tudo pela pureza da divindade, não envolveria dinheiro, negócios, vantagens e tudo mais. Sou da opinião de que como eu, que batalho semana a semana pelo pão de cada dia, para o padre não deve ser diferente. ele que vá dar palestras e cobre cachê por elas, vá ser professor de alguma matéria pois tem estudo, vá se virar. Mas que não viva de meu trabalho. Já que nem encomendar um corpo vem, o que faz a semana inteira?
Então, nenhum dos três padres da paróquia foi no velório. Minha cunhada, quando foi encomendar a missa de sétimo dia, e disse de minha mágoa porque nenhum deles veio pessoalmente fazer as ezéquias, um deles disse: "O que? foi a esposa do Rambo? Ninguém me avisou! Se soubesse que era esposa dele eu teria ido e feito a encomendação." - Ora, vá catar coquinhos!!! Não quero privilégios. Fomos discriminados por não sermos dizimistas e depois, ao descobrir de quem se tratava, quer se redimir por eu ter um belo relacionamento social de também influência em nosso meio, em nossa cidade, não quero. Ainda bem que ele não sabia que se tratava de minha esposa. Pois se viesse no velório por este motivo, tudo soaria tão falso como tantas coisas vêm acontecendo no meio religioso, onde tantos podres estão aflorando. Preferi o seminarista. Ele ao menos foi sincero em suas palavras.
Então hoje, a missa de sétimo dia. Estou muito decepcionado com a missa de sétimo dia da Bere. Ela que sempre foi toda da igreja, de rezar, participar, crer, e o padre fez uma cerimônia megalômica, egoísta, apática, só citou o nome dela em duas oportunidades, dentro do obrigatório, por cima. A missa não teve nada a ver com ela. Eu chorei o tempo inteiro misturando dor da perda, pena dela pela mediocridade da cerimônia e raiva da maneira apática e superficial que a missa foi conduzida. Coincidiu a missa com uma festividade, uma data de, sei lá, casais católicos, puxa-sacos, não entendi o sermão. Eu estava mais contabilizando a dor de um momento onde precisava o conforto da religião, muito conforto, palavras bíblicas que me dessem luz, coragem, força, e delas nada recebi. Somente decepções. Enquanto o ego daquela meia dúzia de casais puxa-sacos estava sendo massageado, meu coração já destroçado pela perda recente de Bere, estava se despedaçando dentro da última esperança de um porto seguro de palavras que esperava ouvir. E não ouvi. Decepcionado! Mesmo! Se ela estivesse viva iria chorar um monte, porque não houve sensibilidade nenhuma para com este ser humano, crente, religioso, dedicado que partiu. Saí da missa e prometi: Não vai ter missa de um mês nem de um ano. Vai ter minha reverência porque esta sim, esta será autêntica e virá do fundo da alma. De coisas superficiais o mundo está cheio.
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