terça-feira, 24 de junho de 2014

Nove Meses sem Bere. Viúvo.



 9 meses sem Bere. Viúvo.

   Meus dias andam sendo bordados por lembranças das boas que agora não machucam mais. Já foi muito diferente no começo, onde as lembranças que deveria cultivar eram trocadas pela saudade da ausência de tantas coisas que Bere envolveu em nossas vidas. De onde éramos uma simbiose, uma soma. E talvez foi este o motivo principal da dificuldade que tive em sair da saudade, amarga saudade, para entrar na doce lembrança. Claro, sinto muitas saudades ainda dela. Constantemente. Um ser especial como ela foi, não esquecerei jamais, jamais. Mas é uma saudade diferente, algo que toca a alma e a sensibiliza, fazendo logo imaginar o lado lindo de nossa vida que soubemos compartilhar com tanta intensidade. Não há mais motivo para chorar fácil. Choro raras vezes, e geralmente é por algo de bom que acontece ou que vivo, onde sinto que Bere não mais vai usufruir estes momentos e estes acontecimentos comigo. Me dá uma dó dela, de ter partido tão cedo! Então eu choro. Bere amava viver, amava a alegria, amava dias de sol, amava as pessoas, amava trabalho, amava novidades, amava o mar e a praia. Ah, como amava a praia! E este seu sentimento fez dela alguém que cultivava em toda a sua plenitude a vida, as pessoas e os acontecimentos. Ontem ao ver os filhos olhando o jogo do Brasil na sala foi um dos momentos em que senti tanta dó de Bere não ter alcançado isso, que me retirei e não pude evitar de chorar. Doeu ver a sala em plena copa do mundo sem Bere. Sim, porque ela estaria sentada no meio deles, camiseta da seleção, munhequeiras amarelhas com a bandeira do Brasil bordada em cima, brincos amarelos com pedras verdes e azuis, chimarrão, pote de pipocas e falando como se fosse a treinadora da seleção. Ela amava olhar jogos da copa do mundo. Depois de chorar, até revirei aquele monte de porta-trecos dela mas não localizei este par de brincos que ela sempre usava durante os jogos do Brasil na copa. São todas essas coisas marcantes que aos poucos vão se diluindo, mas que ainda marcam, mas não machucam. E sei também que chegará o momento em que isso tudo vai deixar de marcar, ou marcará raras vezes. Posso dizer que estou voltando a ser completamente feliz, a ser o que sempre fui, graças ao tempo, que é o melhor conselheiro. Mas me deixem reverenciar por alguns momentos de vez em quando com meus sentimentos mais profundos Bere, minha Vidinha, que tão cedo partiu.

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