quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Hora da Faxina: Cada Uma!




Cada Uma!

   Eu estava sentado nos bancos de espera dos Correios aguardando minha vez. Quase todos os lugares estavam ocupados, cada um com sua senha na mão esperando a hora de ser chamado. Nisso, chamaram a pessoa que estava sentada do meu lado. A pessoa prontamente levantou e seguiu até o guichê, e quase no mesmo instante sentou ao meu lado uma garota de lá seus trinta e poucos anos. Pediu licença, e enquanto eu olhava para ela e dizia: "Fique à vontade!" - ela já foi sentando. Seu vestido era tão curto que, mesmo eu não querendo, vi que usava uma calcinha azul petróleo, pois o vestido subiu até lá enquanto ela sentava. Ela o puxou de volta discretamente, fazendo sumir o que vestia embaixo. Mas só isso. Ainda estava quase a descoberto.
   Fiquei pensando o que fazia uma garota já um pouco mais madura se vestir feito uma adolescente, sem se preocupar com isso, sem pudor. Podia até já ser mãe pela aparência. Enquanto eu dissertava sobre esta dúvida em meus pensamentos, ela puxou assunto:
   - O senhor vem sempre aqui?
   Respondi que não, que era só de vez em quando, quando tivesse algum sedex para enviar, ou para pegar algum pacote que viesse do exterior e que tivesse sido tributado. Então, ela girou para mim no seu assento, retraindo perigosamente o vestido até a calcinha sem se dar conta, ou sem se preocupar com isso e disse:
   - Sabe por que eu vim aqui?
   - Não faço nem ideia! - Respondi meio sem jeito pelo quadro que ela me apresentava, enquanto eu pensava se falaria sobre sua exposição íntima azul petróleo ou não. Estava tudo ali, à mostra. Ela sorriu, me deixando no suspense de tentar adivinhar sobre o motivo de estar ali. Tentei criar alguma lógica com o que ela me apresentava: corpo dourado com marquinha de biquíni no pescoço, denotando banho de sol. E pelo vestido curto, estava também mostrando aquelas pernas cor de canela, de um cuidadoso bronzeado. Ela aguardou mais um pouco sem mudar sua posição exposta no assento e por fim, vendo que eu não dizia nada sorriu mais uma vez, dizendo:
   - É uma longa história. ...Eu vim aqui no correio pegar um pacote que eu mesma me enviei.
   Franzi a testa sem entender. e antes que perguntasse, ela continuou:
   - Minha colega de trabalho disse que eu estava mentindo quando falei que iria tirar minhas férias em Porto Seguro na Bahia. Que só acreditava se mostrasse uma prova definitiva pois fotos dava para editar e fazer parecer ter estado lá.
   Fiquei curioso sobre a prova. Então perguntei:
   - E que prova é esta que tiveste que vir buscar aqui no Correio?
   - Em minha rua, lá no interior, não passa o carteiro. - Respondeu ela. - Tenho que pegar a correspondência aqui no Correio. E eu não sei o endereço de minha amiga. Assim, enviei um presente para ela lá da Bahia para provar que estive lá, no meu nome e endereço. Hoje vim pegar este pacote. É um quadrinho daqueles que enfeitam a parede, tipo: Lembrança de Porto Seguro. Mas ela verá pelo carimbo do correio de lá que foi enviado por mim da Bahia de verdade. Genial, não?


   

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