sexta-feira, 24 de julho de 2015

22 Meses sem Bere



22 meses sem Bere.
Foi-se o tempo do momento da dor da perda. Foi-se o momento da força em seguir. Foi-se o momento da tentativa em recomeçar. Foi-se o tempo da viuvez. Agora o recomeço. Cicatrizes sim, mas feridas curadas, isso que importa. Lembranças sim, muitas, mas saudades só das boas, do que foi bom e que durou o tempo que completou nosso ciclo. E para encerrar este ciclo, abaixo a releitura de parte do último capítulo do livro que escrevi sobre Bere e que oportunamente será lançado.
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Refletindo hoje serenamente sobre o que aconteceu, chego à conclusão de que todas as pessoas, num determinado momento de suas vidas, deveriam ter uma grande perda. Sei que mexi com você ao dizer isto, mas é fato. Então, talvez, a humanidade seria muito mais afeita a valores do coração do que valores de bens. A saída de nossas vidas de alguém tão importante como a esposa, quando o amor foi sublime e inteiro durante todos os anos de relacionamento como foi o nosso, faz com que se olhe o mundo de uma maneira imaterial. Se olha o mundo unicamente pelo lado sentimental. E se descobre que as pessoas realmente não se dão o tempo para este lado. Na dor da perda, quando se entra dentro de si para tentar sair lentamente, mas fortalecido, enquanto se está neste processo, vê-se o mundo terrível que nos cerca. O mundo de valores na busca de mais e mais, deixando completamente de lado os valores que são tão importantes quando se perde alguém: a afetividade, o companheirismo, o tempo de ouvir alguém e de aconselhar, o tempo para pensar sobre o verdadeiro valor de um relacionamento e de sua importância na química do nosso dia-a-dia. O tempo de olhar serenamente para as pessoas e delas somente esperar uma troca de olhar sereno, nada mais. A avidez da corrida diária pelo crescimento material apagou este processo no olhar da maioria das pessoas enquanto correm atrás da máquina. Nosso custo de vida ficou muito caro e cada vez mais precisamos fazer ginásticas arriscadas para suprir todas as necessidades que o meio impõe. E o mais importante fica de lado, de fora, que é o sentimento de bem e de carinho para com as pessoas. Mas no dia em que tiver uma perda importante em sua vida, verá que nada vai lhe fazer bem a não ser o seu sentimento pela situação em si. E vai procurar resgatar tudo isto de dentro de você como pílulas de força para se manter vivo. Nada irá distrair você porque ininterruptamente o sentimento vai estar gritando em seu interior querendo aflorar e tomar conta de você, cobrando o tempo que você não tirou para parar com seu lado material e cultivar carinho, interesse de bem querer, atenção e amor para com todas as pessoas. Mas principalmente para com a pessoa que partiu.

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