quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Por que gosto de música Alemã

Aqui está a melodia a que me refiro no texto abaixo:


Como começou o gosto pelas músicas alemãs?
Esta é uma pergunta muito interessante. Quando eu era criança, Onde eu morava em Harmonia - um pequeno distrito de Montenegro (distante 70Km de Porto Alegre) - as famílias tinham o costume de se reunir no final da tarde para tomar chimarrão e falar sobre os mais variados assuntos. Isto para nós era muito prazeroso. A gente sentava em rodinha sobre o gramado no lado de casa e debatia sobre os acontecimentos na comunidade, sobre nossas atividades e sobre música. Meu pai era apaixonado por uma bela melodia, desde que tivesse harmonia e sonoridade.
Muitas vezes no final da tarde de domingo, sentávamos para o tradicional chimarrão e então tocávamos os discos de vinil que tínhamos em casa, os quais não eram tantos, talvez uns 30. Dentre estes discos tinha um único disco LP (long play) de música estrangeira de 1958, da banda: Slavko Avsenik und seine Original Oberkrainer. Meu pai mostrava um prazer especial quando tocava este disco, principalmente a música: Wenn am Sonntagabend die Dorfmusik Spielt (Quando no anoitecer de domingo toca a música da vila). Ele dizia que isto era música pois os arranjos todos eram elaborados com uma qualidade ímpar, diferente da pobreza dos arranjos musicais das melodias brasileiras. Dizia que a música alemã tinha uma riqueza de detalhes sem comparação e que mesmo quem não compreendesse a língua sabia interpretar o sentido da canção simplesmente pela melodia e seus arranjos. Ele falou isto por diversas oportunidades em que aquele disco tocava.
Aquilo me marcou. Eu ficava pensando: "Mas, será que a música alemã realmente é tão diferente?" Na época estávamos no auge da Jovem Guarda e era proibida a entrada de música estrangeira no Brasil. Às vezes à noite, meu pai sintonizava a rádio Deutsche Welle em ondas curtas e escutava sua programação. Então quando tocava alguma canção do Peter Alexander, do Freddy Quinn, da Lolita e outros tantos talentos alemães, ele nos chamava e nos fazia escutar aquelas melodias, dizendo o quanto sentia não ter como comprar este material para poder escutar com mais qualidade (as ondas curtas são uma nhaca) e saborear nos momentos de lazer. Eu, criança, sofria com ele a dificuldade em poder usufruir no seu todo estas belas melodias. Então eu me fiz uma promessa no dia em que completei 10 anos de idade: eu teria um dia o maior acervo de música alemã do Brasil.
Meu primeiro disco de música alemã adquiri com 16 anos, um LP com Werner Müller & Orchester tocando as valsas de Strauss. A partir daí não parei mais. Hoje meu acervo só de músicas alemãs (da Alemanha, Suíça, Áustria, Eslovênia, República Tcheca, Holanda e Bélgica) soma mais de 100.000 títulos com inúmeros intérpretes e bandas.
Há 15 anos recebi o convite para divulgar estas músicas em programa de rádio, que originalmente se chamava Cultura Alemã e atualmente se chama Hallo Freunde (Alô Amigos). O programa começou tímido, entre fitas K7, LPs e alguns CDs. Mas o formato desde o início até hoje não mudou, ou seja, produzo ele durante a semana fazendo uma seleção de músicas para brindar os ouvintes com o que de melhor existe na música alemã.

   

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