quarta-feira, 24 de junho de 2015

21 Meses sem Bere. Viúvo




24 de Junho de 2015 - 21 Meses sem Bere. Viúvo.

   Nestes quase dois anos da ausência de Bere, minha vida praticamente voltou a ser plena como antes. Sou feliz, tenho ânimo para viver, busco crescer e me interesso por tudo que possa ser produtivo. Uma vida bem diferente do que foi há um ano e pouco atrás, quando eu tinha perdido completamente o sentido de tudo, já que "meu tudo" não fazia mais parte dos meus dias, minha Bere. Ela que sempre foi uma injeção de motivação em tudo, botava pra cima, agitava nossa vida para que seguíssemos sempre em frente com dinamismo. E agora, 21 meses depois, posso dizer que isso tudo está de volta. São somente ainda momentos bobos que me derrubam. E acho que vão me perseguir por muito tempo ainda. É estendendo a roupa e a imagem dela passar na mente por entre o cuidado em fazer este serviço e pronto. Já me derruba. É raro acontecer, mas acontece.ou, então, lavar os espetos depois de um churrasquinho e o pensamento remeter à Bere e o quanto ela amava este almoço domingueiro, mexe lá fundo. Impossível não sentir e vez ou outra desabar.
   Mas, falemos do lado bom de toda esta convivência. Aqui mais um trecho da releitura do livro que estou fazendo sobre Bere, falando de comprinhas nas férias:

   "Caminhar pelas ruas de Itapema – Santa Catarina à noite é como trazer um ano inteiro de volta. Tudo remete a Fevereiro de dois mil e treze. Olhando as lojinhas, com tantas variedades de produtos, tantos estilos de roupas, calçados, bijuterias, utilidades... Tudo faz lembrar intensamente Bere e nossas férias. Quantas vezes no ano passado caminhamos à noite de mãos dadas, despreocupadamente, pelas mesmas ruas, mesmas calçadas e iluminados pelas mesmas luminárias... Isto após uma generosa chuva. Itapema no verão sempre tem uma chuva passageira no início da noite. E nestas caminhadas olhávamos as lojas, entrávamos, víamos as meninas atendentes com seu doce sorriso e eu via a paciência de Bere em escolher algum produto. Nossa! Ela era muito minuciosa. Em cada artigo que comprava ela observava cores, detalhes, tamanho, procedência, textura, se amarrotava facilmente ou não porque detestava passar roupa e, por fim, o preço. Tudo. Sempre escolhia com critério. Uma espécie de ritual de compras que fez parte desta e de tantas outras férias. E eu tinha um enorme prazer em poder estar ao seu lado vendo ela comprar. Eu tinha orgulho do jeito inteligente com que ela comprava. Adorava isso. Não me importava o tempo que Bere levasse para escolher a compra, o que me importava era ver sua sabedoria em escolher. Bere era sábia, objetiva e perspicaz nas escolhas. Sabia puxar de dentro de uma loja o que de melhor havia, pelo melhor preço. Mas nunca pechinchava. Pagava sempre o valor da etiqueta. Nunca me angustiei por ela demorar a decidir em sua escolha, pois sabia que, depois de estar com o produto em casa, ela exibiria com satisfação o fruto de sua escolha acertada, enaltecendo sua compra e o valor investido. Diferentemente de tantas outras companhias, Bere preferia a minha nas compras porque sabia que minha paciência em esperá-la decidir e comprar era única. Eu a deixava à vontade. Claro, eu me deliciava vendo ela nesta atividade, parecendo uma artista conquistando e lapidando suas preferências e merecidamente no resultado, alcançando seus troféus."

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