quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dez Meses sem Bere. Viúvo



Dez meses sem Bere. Viúvo.

   O mundo em minha vida novamente está tendo encantos. Está reapresentando cores vivas e o cinza da perda desta mulher única, especial, que foi a pessoa mais importante para mim, está criando matizes de belas lembranças. Ainda tenho meus momentos onde choro. Não é frequente. Mas sei que o choro ainda continuará a existir porque não dá para se apagar de dentro da alma a vivência de uma amor em plenitude. Não tem como subtrair de uma hora para outra toda esta cumplicidade doada que vivemos, esses olhares trocados frequentemente, que tinham sempre em seus traços a frase: "Eu te amo!" - frase esta repetida também todos os dias, por tantas vezes, não para tentar autoafirmar uma verdade, mas pelo prazer, pela satisfação de saber que estas palavrinhas não brotavam da boca, mas da alma. A boca somente era seu meio de externar essa vibração. Nós vibramos em sintonia e muito foi construído somente com a nossa soma. Aí que está a beleza do que vivemos. Dizer que ama não deve nunca ser deixado para amanhã. Deve sempre ser dito quando se tem vontade e consolidado através dos gestos e ações.
   Já fui perguntado diversas vezes, por tudo que escrevi e do qual está saindo um livro, como é viver um grande amor, assim como foi o nosso. Então, adoro responder com a frase que Bere sempre dizia: "Amor sem segredos e sem ciúmes é escancarado. Por isso que dá certo!" Esta é a fórmula. Não tem outra. Dificuldades todos atravessam na vida, entre financeiras, doenças, de stress com familiares ou outras pessoas, preocupações e tantas outras coisas que podem atrapalhar um relacionamento. Mas se ele estiver montado em cima dos pilares da sinceridade e cumplicidade, o amor por si só fica vivo e supera tudo. Até a morte. Um amor vivido livremente é o segredo de unir sempre mais. Parece um paradoxo mas na verdade, quem deseja o melhor e o máximo para quem ama, justamente lhe abre todas as portas e janelas para que se apresentem todas as belezas do mundo aos seus olhos. E também os muros, as noites e a lama. Pois o amor pleno, sincero, jamais aventurará ultrapassar os muros. Nem vai querer conhecer o que as noites escondem, muito menos sujar seus pés na lama.
   Bere partiu fazem dez meses. Ficaram suas marcas profundas em mim. E todas elas, marcas que fizeram de mim uma pessoa melhorada, em todos os sentidos. Porque ela era decidida, equilibrada, amorosa, incansável, curiosa, exigente, exata, prática e correta. Uma fera vestida de uma doçura sem limites e um doce de amor puro e doado. O bem em si,na sua essência. Como sou feliz em ter convivido com ela durante 33 anos! O que ela me acrescentou, nem em 66 anos teria conseguido sozinho.

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