sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Hora da Faxina: Histórias do Padre Feltz 1



Histórias do Padre Felts 1

   O padre Feltz era uma das mais interessantes figuras que existiram antigamente. Era um homem gordo e baixo. Acho que ele pesava mais de cem quilos. Sua desgastada batina preta por sobre aquele corpo gordo dava a impressão de que ele era um sino vivo e suas pernas, o badalo.
   Conhecido em todos os cantos, todos sabiam que ele gostava muito de galinhada, então preparar a panela com uma galinha só para ele era muito pouco para um almoço.
   Ele era um padre santo, devoto, mas comilão. Também ninguém pode ser cem por cento perfeito. Pequenos defeitos sempre podem aparecer. A vida do padre Feltz era dividida entre rezar e comer. E estes dois caminhos se alinhavam.
   Nas manhãs de domingo ele tinha que ir longe montado em seu velho burro para atender as capelas da paróquia. E a última que visitava ficava muito longe. Assim, ele sempre se arrumava o almoço na viagem de volta. Tinha trinta e poucas famílias morando no trajeto que ele fazia. Casas que ficavam distantes porque era colônia e todos tinham extensões grandes de terra que cultivavam.
   Todos conheciam o seu sistema que era almoçar uma galinhada na casa de uma das famílias, em forma de rodízio. Mas, em época de colheita, as pessoas trabalhavam de segunda a segunda e não queriam saber se estavam na vez de alimentar o padre. Assim, aconteceu num domingo desses de colheita, que o padre chegou na casa do Erwin para almoçar, pois era a sua vez da rodada, mas ao chegar, ele só viu uma garota adolescente correndo por ali. Ele chamou a garota:
   - Garota, vem cá!
   A garota parou de brincar e veio correndo até ele, que estava no portão da casa.
   - Sim, o que você quer?
   - Escuta... o papai não está por aí?
   Disse o padre apreensivo. Então, ela olhou ao redor de si respondendo sapeca:
   - Não! Por que?
   - Deixa assim! ...Mas, eu gostaria de tomar algo ...poderia eu te pedir isto?
   - Sim! - Respondeu ela. Que quer beber?
   - Água minha filha, água!
   A menina foi para dentro de casa e dez minutos depois voltou com uma panela cheia guarapa. Alcançou-a para o padre e disse:
   - Eu trouxe guarapa para o senhor beber porque achei que iria agradar mais do que água. Isto te serve?
   - Óh, sim! Me agrada mais do que água. Muito obrigado garota! Que tão gentil você é!
   - Pode tomar tanto quanto quiser, padre. Ainda tem um tanque cheio. - Disse a garota. O padre, enquanto bebia disse:
   - É bonito que você seja tão espontânea! E, obrigado novamente pela gentileza.
   A garota desatou a rir e enquanto ria disse, enquanto o padre entornava a guarapa goela abaixo:
   - Não faz mal que tu bebas quanto desejares. ...Nós do mesmo não vamos mais tomar esta guarapa porque ontem de noite morreu afogado dentro dela um gambá.
   De supetão o padre parou de beber e sentiu o sangue subindo, ficando vermelho de aflição e raiva misturado pela atitude da garota. Então disse:
   - Sua pivete! Como me apronta essa? To com vontade de atirar esta panela na tua cara para tirar este deboche nojento que estás fazendo para um servo de Deus idoso.
   A garota começou a rir em altas gargalhadas, deixando o padre ainda mais irado. E ela falou:
   - Não, não! Não faça isso. Se me atirar ela na cara vai cair no chão e amassar. E minha vó não iria gostar de mijar neste troço amassado que ela usa pra pinico. 

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