terça-feira, 19 de maio de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: O Fotógrafo



O Fotógrafo

   Antigamente, no início dos tempos da fotografia, era muito raro haver um registro fotográfico das pessoas porque existiam poucos fotógrafos. Além do equipamento caríssimo, o material também era caro para produzir as fotos. E ainda o fotógrafo tinha que saber, além de achar o melhor ângulo para o close, revelar os filmes e depois ainda passar para o papel através do negativo gerado no filme.
   Naqueles tempos os fotógrafos eram itinerantes e viajavam por todas as regiões, no interior, até as mais longínquas vilas e picadas, oferecendo seu serviço e assim manter ao menos um registro dos rostos das famílias que por lá viviam. Geralmente eram bem numerosas.
   Observando as fotos daquela época, as que sobraram, vê-se que apesar dos trajes domingueiros vestidos especialmente para fazer a foto, as pessoas eram muito simples e despojadas de belas vestimentas, em épocas de muito trabalho, pouco dinheiro e pouco lucro. Muitas vezes até se via remendos nestes trajes.
   Quando o fotógrafo chegava na picada, ele era recebido com muita festa, as pessoas disputavam entre si a sua hospedagem. E a notícia corria ligeiro por entre as pessoas, que vinham de longe agendar uma foto da família. E no dia combinado, o fotógrafo chegava em cada casa já com todos os membros da família vestidos a rigor para o registro de sua prole.
   Como as pessoas não sabiam como era o processo de finalização de uma fotografia, acreditavam que além da aparência, também outros detalhes complementavam a qualidade da foto, como por exemplo, o perfume. Então, enquanto as netas se arrumavam a vó gritava lá do seu quarto:
   - Meninas, caprichem no perfume. Encham o corpo todo para que fiquem mais vistosas na fotografia!
   E lá iam elas, se amontoando no grupo para a foto, exalando os mais diversos cheiros.
   Mas, o tempo foi passando, as máquinas foram se modernizando e os fotógrafos proliferavam nas cidades e nas vilas maiores. Mas bem no interior, como na época era o Morro da Manteiga, não existia fotógrafo. E ainda havia os itinerantes que faziam o trajeto até lá para fazer o registro das famílias. Mas, já era moda nas vilas e cidades, o rapaz carregar na sua carteira, e a moça em sua bolsa, uma foto de busto de namorada e namorado.
   O fotógrafo, indo de casa em casa, ia oferecendo seus serviços e prontamente fazia diversas fotos. Nesta caminhada, acabou batendo na casa de uma garota muito linda, exuberante, seios enormes e tesinhos, um primor. E ela prontamente quis tirar a tradicional foto de corpo inteiro diante de casa, no meio das plantas e flores do jardim, que na época cultivavam em frente de casa.
   Ela fez a pose, o fotógrafo bateu a foto, e então perguntou:
   - Bom, como agora é moda, não quer tirar uma foto só de busto para dar ao seu namorado?
   Ela respondeu:
   - Óh fotógrafo, até seria interessante tirar foto só do meu busto. Mas eu gostaria que também aparecesse o rosto!

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