quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades - O Fiscal do Ar



O Fiscal do Ar

   É, os tempos andam, vidas caminham e muitas histórias acontecem nas cidades, mas também no interior. As pessoas muitas vezes são bem mais traiçoeiras do que parecem, mostrando em muitos acontecimentos que no interior, lá bem longe, naquelas vilinhas onde todos se conhecem também existem camangas.
   Geralmente nestes lugares as pessoas trabalham muito, dia após dia, se dedicando a sua família, e lutando para dar estudos e uma vida melhor para os filhos. Para então chegar na compra de um carro, mesmo usadinho, havia a necessidade de se trabalhar o dobro na jornada, sem olhar para o calendário se era domingo ou feriado. Trabalhavam direto, semana após semana.
   Em contrapartida, as mulheres se esforçam para manter o lar num local aconchegante, arrumado e limpo. De manter aquela horta nos fundos de casa com as verduras e legumes da época para complementar a alimentação da família. E muitas vezes tinha uma vovó ou um vovô que auxiliavam na preparação da comida ou no cuidado com as crianças.
   E, neste ambiente do interior, camangas acontecem escondidas e muitas vezes levam anos para serem descobertas. Assim foi com uma família que era constituída de pai, mãe, avô e um único filho. O garoto era muito esperto e curioso e era a alegria do casal.
   O pai, Abraão, tinha a muito custo conseguido comprar um caminhãozinho usado e com ele estava levantando a vida, levando o excesso de sua colheita para a cidade mais próxima e vendendo por lá. Ele fazia esta viagem a cada quinze dias, viagem curta, de pouco menos de hora, até a cidade mais próxima, onde já havia conquistado vários clientes fixos.
   O garoto, de nome Léo, insistia em ir junto. Queria ver como era a cidade, como era a vida por lá, como eram as pessoas, enfim, queria conhecer. O pai sempre prometia um dia levá-lo com ele.
   E o dia aconteceu. Quando o menino completou dez anos, o pai resolveu lhe dar de presente ir junto à cidade vizinha e ver de perto todas as suas belezas. O garoto estava radiante. Mal via o dia em que isto fosse acontecer. 
   No dia combinado foram juntos, o menino sentado na cabine do caminhãozinho velho do pai, ia vendo as novidades e perguntando ao pai. E o pai, na medida do possível ia matando a curiosidade do garoto.
   Quando chegaram na cidade, o menino ficou fascinado com a quantidade dep pessoas que circulavam pelas ruas e já foi logo perguntando ao pai quem eram, como era o nome. e o pai respondia:
   - Filho, não sei o nome. Aqui é diferente de nossa vila, as pessoas não se conhecem todas, e muitas são completamente desconhecidas para nós. -  E o garoto ficava olhando para todos os lados, vendo todas estas pessoas, quando de repente deu um grito e disse:
   - Papai, aquele senhor ali adiante eu conheço. É o fiscal do ar!
   - Como assim, fiscal do ar? - Retrucou o pai. - De onde você conhece ele? Que história é esta?
   E o garoto respondeu:
   - Ué pai, porque todas as vezes em que tu não estás em casa, estás na roça com o vô, este senhor bate lá em casa, a mãe atende ele e então ele pergunta, para fiscalizar o ar:
   - Catarina, o ar está limpo?
   

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