segunda-feira, 14 de junho de 2010

Como Aprendi a gostar de Raios

Sobre tempo e clima, o que se nota muito é o enorme medo que as pessoas tem de raios e trovões e as crendices sobre como se proteger deles. Acho as mais bizarras de todas estas de que tesouras não podem ficar expostas por atraírem os raios, espelhos devem ser tapados (por que?) e não se pode tomar chimarrão porque a bomba também atrai os raios.
Como se vê, são exemplos que denotam uma falta de conhecimento total do fenômeno.
Muito se vê também as mães e os pais assustarem seus filhos quanto ao fenômeno em vez de esclarecê-los e orientá-los a respeito.
Neste sentido, meu pai foi uma pessoa que soube nos mostrar o quanto de belo este fenômeno é e o quanto de importância tem para a natureza.
Quando eu era criança (faz tempo!!!), morava em Harmonia (cidadezinha interiorana distante 70Km de Porto Alegre) e nossa casa tinha uma área que cobria toda a frente da mesma. Sua posição era a frente norte-sul, e como nossa maioria de temporais vem do sudoeste, o espetáculo passava aos nossos olhos na frente de casa. Sentávamos na área, meu pai, meus irmãos e eu, e apreciávamos o temporal de verão passando ao entardecer, com seus belos raios e trovões que se prolongavam pelos recantos do vale, enquanto tomávamos chimarrão.
Meu pai sabiamente nos orientava a ficarmos calçados e distantes do chão, como no caso era aquela área, que ficava 1 metro acima do chão, e, nunca em algum ponto solitário mais alto que o resto ao nosso redor.
Um belo dia estávamos apreciando um fenomenal temporal raro vindo do norte com raios intermitentes e perigosamente próximos, pois contávamos sua distância pela diferença do tempo entre a luz e o trovão: cento e um, cento e dois... E eis que a luz se fez e o trovão a acompanhou. Víamos a 300 metros de nossa casa, na subida do morro, o raio cortar ao meio um enorme plátano solitário no meio da pastagem. E o plátano pegou fogo. Embaixo dele, dez vacas que se abrigavam da chuva também foram eletrocutadas pela força daquele raio.
Guardo este fenômeno até hoje em minha mente, e sempre lembro o que meu irmão caçula falou naquele dia: "Se o touro tivesse ensinado as vacas que não podiam ficar no chão puro e embaixo daquela árvore sozinha quando tem raio, não teriam morrido."
Ainda hoje em dia adoro ver este belo fenômeno e chamo meus filhos para verem esta bela amostra da imponência da natureza frente a nós pequenos mortais.

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