quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Hora da Faxina: Mundinho das Crianças



Mundinho das Crianças

   Eu fico impressionado com a inteligência das crianças. E, parece que quanto mais se evolui tecnologicamente, tanto mais cedo as crianças criam uma forma de se expressar que nos faz sentir e pensar em como ela chegou neste resultado. Acontece que ela está cercada por um mundo de informações massivas, de onde ela na sua simplicidade, consegue tirar a ideia do que falar.
   Sempre achei errado em fazer uma criança frequentar diversas atividades extra-curriculares para engrandecer em conhecimento. Muitas vezes elas fazem isso contra a sua vontade, pois estão somente lá para alimentar o ego dos pais, que gostariam que seu filho, sua filha fosse pianista, pintor, falasse várias línguas, dançarina, fera em informática, e por aí afora. Existe um leque tão grande de opções que são oferecidas para os pimpolhos, que muitas vezes os pais ficam envolvidos com as ofertas e matriculam seus filhos sem saber a opinião deles. Mas, como escrevi, acho que os filhos devem escolher o que gostariam de aprender fora da sala de aula. Pois assim, ela vai se dedicar com mais interesse e realmente vai aprender o que está sendo ensinado a ela. Quando forçada, ela vai aprender mecanicamente o essencial que lhe é passado por quem ensina, mas pela sua falta de interesse no assunto, não vai evoluir no aprendizado. Vai somente saber fazer o que quem ensina lhe passou.
   A inteligência de muitas crianças por vezes ultrapassa a de certos adultos. Porque a criança usa a lógica do seu mundinho para formar sua opinião, enquanto adultos muitas vezes tentam dar sua opinião repassando ou que outras pessoas disseram, e que elas acharam bacana. Não por compactuar com o total raciocínio de quem criou a ideia, mas por acharem que desta forma impressionarão a quem estiver lhes ouvindo. Na verdade é um tiro no pé. Porque formulando ideias de terceiros fica difícil argumentar sobre perguntas inevitáveis que surgirão dentro do tema. Enquanto que a criança, por ela já ter feito a definição dentro do seu mundinho, vai saber argumentar com propriedade o que será perguntado referente ao que ela comentou.
   Um ponto importante é que nós adultos, estejamos sempre prontos para ouvir os argumentos de nossas crianças. Pode ser o assunto mais banal, mas que para aquele momento, era o assunto mais importante da vida daquela criança. E elas nos inquirem em qualquer circunstância, a qualquer hora, pois sua avidez pelo esclarecimento é instantânea. Meia hora depois de sua dúvida surgir, pode ser que ela já perdeu o interesse e não vai mais querer que explique. Por este motivo, a importância de poder atender sempre que possível os anseios delas, esclarecendo suas dúvidas.
   Falando em inteligência infantil, seu mundinho, me lembrei da história da Clara, menina de seis anos de idade, que estava na missa com sua mãe, acompanhando tudo atenta, quando durante o sermão o padre falou sobre morte, ressurreição, paraíso, céu, enfim, sobre a alma. Clara, impressionada, perguntou cochichando para sua mãe:
   - Mamãe, o padre só falou da alma. Mas eu gostaria de saber onde está esta alma?
   - Está dentro de nosso corpo filha. E quando morremos, ela se liberta do corpo e vai para o céu.
   Clara ficou pensativa... Como quem está ordenando as ideias no pensamento. Depois, num rompante, perguntou, ainda cochichando:
   - Mas mamãe, se a alma se liberta do corpo, o que acontece com nosso corpo quando morremos?
   - Ele vai para o cemitério e lá vira pó.
   - É? Então não vou mais dormir em minha cama. - Disse Clara preocupada. A mãe perguntou:
   - O que o cemitério tem a ver com tua cama?
   - Com minha cama nada. Mas embaixo dela está cheio de corpos porque lá tem muito pó.
   
   

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