terça-feira, 6 de outubro de 2015

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: Veículos de Antigamente



 Veículos de Antigamente.

   Eram uma vez os tempos onde poucas pessoas viajavam. Principalmente por causa das dificuldades de se tomar uma carona ou embarcar num ônibus.
   Os ônibus eram raros e só raras vezes atravessavam a colônia. Quem então precisava pegá-los, tinha que se preparar para perder um bom tempo com conversa fiada em frente às paradas de ônibus. Quem viajava para a cidade, tinha que ficar sentado ou de pé no ônibus de duas a três horas até que ele chegasse lá cheio de vida e cheio de grandes negócios.
   Na época existiam os homens que viajavam quase toda a semana. Eles já tinham começado seus negócios e ir para frente só com estes negócios e a boa vontade era difícil. Muito era feito então... debaixo das cobertas, na maciota.
   Naqueles tempos as pessoas também pagavam as passagens para ida e volta. E assim, os passageiros tinham que saber como eles preferiam as passagens.
   Sempre que possível, viajavam a Ida e a Rosalina, sua irmã. Um dia elas chegaram na rodoviária de São Leopoldo e lá tiveram que enfrentar uma enorme fila. Quando, finalmente chegaram na sua vez, o vendedor de passagens perguntou:
   - Vocês querem passagem de ida e de volta, ou só de ida?
   Ida, não entendendo direito, achou que ele falara 'Ida' e 'Olga', respondeu:
   - Não! Para a Ida e a Rosalina. Nem conheço a Olga.
   O vendedor só fez que não com a cabeça e providenciou duas passagens de ida e volta,
além de perder vários minutos para explicar como funcionava o negócio das passagens. A Ida então olhou atravessada para a Rosalina e disse para o vendedor, como se não quisesse nada com nada:
   - Então está! Faça as passagens como deve ser. Como já estavam prontas, o vendedor as entregou e as duas saíram dali reclamando do mau atendimento. Coitado do vendedor!
   Por outro lado, os veículos antigos eram construídos com madeira. Era o motor com o chassis e em cima tudo feito de madeira. Só os abastados tinham condições de ter um.
   Os ônibus, também de madeira, tinham um corredor comprido cheio de bancos e não tinham janelas, só um teto de lona. Era a madeira que segurava o teto, e por meio de cada moldura em cada fileira de banco se podia ver uma pessoa sentada para admirar a tudo.
   Então, nas barras que seguravam o teto, tinha uns ganchos para os passageiros pendurarem suas guaiacas (espécie de saco duplo) de pertences, que ficavam durante toda a viagem pendurados balançando.
   E um ônibus cheio de passageiros era bonito de ver porque os ganchos estavam sempre cheios de guaiacas. As pessoas do interior, ao ver o ônibus passando, apontavam admiradas para estas guaiacas dizendo:
   - Olha só! Lá viaja o pessoal da cidade com seus sacos pendurados para fora!
   Também existiam os velhos carros que tinham o para-lamas da frente saliente e o de trás também, e assim protegiam a porta lateral do barro das estradas. Eram mais ou menos como eram os fuscas, com o para-lamas saindo pra fora do resto do corpo do carro. A proteção sempre funcionava bem. Só, às vezes, tinha carros com buraco carcomido pela ferrugem nestes para-lamas. Então, quando passavam pelas estradas lamacentas, juntavam pelo buraco para o lado de cima uma bola de barro, logo perto da porta.
   Muitos deboches sempre eram feitos a respeito disto porque isto ficava muito engraçado. Então as pessoas diziam:
   - Gostam tanto de nosso barro que estão levando amostra com eles!

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