terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Pequenas Mentiras, Meias Verdades: A Receita


A Receita

João era um homem bom e inocente. Ele era tão manso que não fazia nada de mal a nenhuma pessoa, e até tinha pena de matar as moscas.
Sua vida era trabalhar durante a semana na fábrica de calçados e das noites de sexta até as noites de domingo ele enchia a cara. Eram sempre um monte de litros de cachaça.
Sua esposa a Berta já fizera de tudo para tirar o João deste ritmo, mas não conseguiu realizar nada.
Ela já havia feito diversas promessas a Deus e santos. Promessas cheias de sacrifícios como não comer mais carne às sextas-feiras e ir a pé até o Padre Reus em São Leopoldo. Na segunda promessa até estava incluído que a caminhada seria feita com quatro grãos de arroz crus em cada sapato. Imaginem o tamanho do sacrifício!
Mas, Berta não precisou fazê-los porque João não perdeu o costume. Cada fim de semana acontecia o mesmo: o homem volta do boteco cheio da cara.
Eles tinham uma filha raquítica que chamava Gerta, o mesmo nome da avó. A garota também havia pedido diversas vezes ao pai para cuidar um pouco de sua bebedeira, mas nada adiantou.
Berta até já havia ido pedir a ajuda do padre, mas não deu resultado. Daquele tempo em diante, quando o padre havia falado com ele, parece que até começou a beber mais.
A vida correu e o homem continuou a beber todo o fim-de-semana. A Berta e a Gerta nem ficavam mais em casa para não verem o homem assim. Fim-de-semana sempre estavam na casa da avó.
Sábado de tardezinha o João chegou completamente bêbado em casa. Antes de ir se deitar tomou um copo de água, mas não notou que dentro do copo estava um camundongo. E assim, ele o engoliu junto.
Assim que aconteceu, ele no mesmo instante ficou lúcido. Ele correu por socorro no hospital.
Quando encontrou o primeiro hospital entrou correndo gritando por socorro. Mas ele não havia notado que entrara num sanatório. Pior, ele não notou que o médico que o atendeu era um louco vestido de médico.
João contou tudo para o médico louco e o mesmo prescreveu a receita. Ele pegou a receita e correu até a farmácia mais próxima. Lá ele entregou a receita para o atendente. O atendente então leu a receita. E por achá-la estranha perguntou ao João:
- Então, para que esta receita foi prescrita?
- Porque eu engoli sem querer um camundongo num copo com água.
O atendente riu, dizendo:
- É! A receita tem seu sentido!
Na receita estava escrito:
"Tomar um gato a cada duas horas e armar uma ratoeira na saída da bunda."

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