quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estórias de antigamente: Carlos Berger e seu Genro




    Como nós já esclarecemos em alguns artigos anteriores, existem homens e mulheres em todos os lugares que se projetam pela sua personalidade e seu modo-de-ser no trato com tudo que os cerca.
    Em cada comunidade existe alguém em quem as pessoas se espelham, e muitas vezes até seguem também seus pensamentos errados. Isto termina então às vezes em grandes problemas.
    Existem homens tão astutos no meio, que às vezes vão para frente por causa de sua perspicácia porque sabem lograr as pessoas simples.
    Um que eu conheci foi o João Bratsch, o qual começou do nada e em vinte anos estava podre de rico. Ele usou sua inteligência para enriquecer e nos negócios ele sempre fazia de tudo para tirar a maior vantagem e assim progredir.
    Uma vez aconteceu que o prefeito do município visitaria a sua vila para inaugurar uma escola e então toda a comunidade escolheu o João Bratsch para representar a população.
    Ele aceitou a tarefa. Só que disse:
    - Para eu representar um evento tão importante, preciso de uma indumentária nova!
    A comunidade juntou algum dinheiro para lhe comprar uma nova indumentária. E isto aconteceu. Mas, o dinheiro que arrecadaram era muito além de uma roupa nova com meias, sapatos, gravata e até uma corrente nova de ouro para o relógio.
    Então ainda veio correndo atrás o negociante com mais um pouco de dinheiro e disse para o Jão Bratsch:
    - Leva este dinheiro para custear tua viagem até a cidade, para que lá possas comer algo quando for comprar a nova indumentária.
    - Muito obrigado, Inácio! Isto realmente será útil para mim na cidade.
    E João Bratsch o aceitou (o dinheiro), enfiou-o no bolso e foi para casa para se preparar para ir até a cidade grande e comprar a indumentária.
    O que vocês acham? Ele usou todo o dinheiro para se vestir, ou não? Claro que não! Ele comprou uma fatiota de segunda mão em um brechó e foi de carona ida e volta à cidade. E não comeu nada lá! Resultado: lucrou um bom naco de dinheiro.
    Mas com o Carlos Berger era bem diferente: ele sempre fazia tudo para que tudo corresse em ordem. Tudo tinha que fechar no cálculo e se alguém o queria trair, ele ficava possesso e lhe dava um sermão.
    Carlos Berger era o homem em quem por certo todos deveriam se espelhar. Não existia ninguém que não o respeitasse e todos tomavam seu exemplo.
    Alguns anos atrás, Carlos Berger tinha uma linda filha adolescente que se chamava Francesca. Era um belíssima garota em seus dezesseis anos e nunca havia namorado.
    Um belo dia, no baile de Kerbb em Harmonia, ela conheceu um rapaz que era da cidade. Ele era possante, cinco anos mais velho que ela e tinha seu próprio carro, um flamante corcel setenta e dois.
 Uma semana depois que haviam se conhecido, no fim de semana, ele foi passear na casa dela para conhecer seus pais.
    Com Carlos Berger era seu pai, ele meticulosamente observava todo o movimento do rapaz a fim de estudá-lo.
    Domingo de manhã eles estavam sentados juntos para conversarem enquanto sorviam um gostoso chimarrão, e como estava mais fresquinho, estavam com o fogão à lenha aceso. Claro, Francesca e sua mãe estavam lá fora lavando roupa.
    Carlos estava com um palheiro na boca e toda a vez em que queria reacendê-lo, abria o fogão e segurava uma acha de lenha acesa no palheiro. No mesmo tempo o rapaz também tinha um palheiro na boca mas usava seus fósforos para acender este palheiro. De repente, a caixinha estava vazia. Então ele pediu fogo para o Carlos. Então o Carlos falou:
    - Rapaz, tu não serves para ser meu genro! Tu não és econômico e não te preocupas com todos os detalhes. Olha: olha, olha direitinho para tuas mãos! Desperdiçaste toda a manhã o fogo que tinhas à mão dentro do fogão.
    O rapaz arregalou os olhos e perguntou:
    - Sim, mas o que o fogo tem a ver com Francesca?
    - He, he, he, rapaz: Francesca é o fogo grande como o do fogão na tua frente. E tu, haverás de te preocupar com chaminhas ocasionais como as dos palitos de fósforo assim como as garotas ocasionais como estas que existem por aí. Isto não me serve como genro!
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário