sexta-feira, 21 de maio de 2010

Histórias de antigamente - No Seminário

No Seminário.

    No domingo passado estivemos passeando no meu irmão em Salvador do Sul. Era um dia excepcional. Depois do meio-dia nós nos propomos ir até o colégio dos padres para ver em que estado ele se encontrava. Assim, quando estávamos lá em cima, andamos por aí observando tudo.
    Então eu me lembrei dos tempos em que estudei quatro anos naquele colégio, e aprontei tanto, que alguns padres ficaram completamente grisalhos por minha causa.
    Minha esposa estava junto, então eu mostrei para ela onde nós descíamos do segundo andar para irmos escondidos aos bailes nas noites de sábado. No primeiro andar tudo sempre estava trancado, então nós tínhamos saída em uma porta do segundo andar. Nunca estavam trancadas as portas do segundo andar.
    Mas, sobre os bailes, falaremos outro dia a respeito. Hoje quero falar sobre outra história. Quando nós continuamos a caminhar, passamos defronte a um antigo depósito, então me lembrei de um colega que tinha por sobrenome Kilkamp. Não me lembro mais do primeiro nome dele.
    Mas nós, como os rapazes mais malandros sempre nos apropriávamos de bolachas, banha, açúcar, geléia e torresmo, para usarmos de acordo com nossas necessidades.
    O açúcar era para adoçar os abacates e os comer. Sal e banha era para temperar e fritar os peixes que nós pescávamos lá em cima na lagoa.
    O resto era para aos poucos irmos comendo porque éramos esfomeados e nada chegava para nos alimentar.
    Mas o Kilkamp, eu  e o Lerner de Lageado, fomos uma noite dessas depois das dez até o depósito, quando todos já estavam dormindo, para roubarmos uma linguiça.
    Então nós tínhamos que entrar pela janelinha do depósito, já que a porta estava trancada.
    Então, meu irmão entrou primeiro e mostrou com o foco o caminho com sua luz que nós tínhamos que fazer para entrar no  lugar.
    Eu fui depois do Lerner que já estava lá dentro, então veio o Kilkamp. E, em vez de ele pular direto para o chão, pulou em cima de um tonel porque a janela ficava a uns dois metros do chão.
    E o tonel estava cheio de chmier. Então a tampa voou para o lado e o homem caiu dentro da chmia até o umbigo. Todos nós começamos a rir e ele pulou o mais rápido que pode para fora do tonel. Ele estava cheio de chmier de alto a baixo, e quando se deu por si, ele havia perdido o chinelo dentro da chmia.
    Ele queria voltar para recuperar seu chinelo, mas nós não o deixamos e quando saimos de lá, sem a linguiça, ele deixou atrás de si um rastro de chmia.
    Simplesmente ele teve que ir até a piscina naquela noite, a trezentos metros de distância para tomar um banho, para que pudesse ir dormir. E nós o acompanhamos iluminando o caminho e a piscina com um foco para evitar que ele se afogasse.
    O Lerner foi buscar roupa limpa no dormitório do Kilkamp e o próprio lavou sua roupa cheia de chmier na piscina.
    Naquela noite ficamos sem linguiça e o Kilkamp se arrumou uma gripe na água gelada da piscina.
    Durante um mês nós não comemos chmier sobre o pão. Então, um dia durante o meio-dia, o diretor - o padre Egídio - passou pelo refeitório onde estavam almoçando cento e poucos estudantes e ele tinha o chinelo do Kilkamp na mão e o batia na outra o estalando, de mesa em mesa, perguntando a quem ele pertencia.
    Mas o padre Egídio até hoje ainda procura o dono daquele chinelo, o qual acharam dentro do tonel de chmia quando a chmia estava terminando.

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